07/06/2021 às 18:41, atualizado em 08/06/2021 às 08:38

Manejo integrado do fogo diminui incêndios florestais

Tema foi discutido durante webinário que terá sessões em todas as segundas-feiras deste mês

Por Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

“Temos avançado, ao lado do Brasília Ambiental, com passos importantes para o estabelecimento de uma estrutura mais ágil e mais eficiente na prevenção e no combate ao fogo” Sarney Filho, secretário do Meio Ambientedireita

O manejo integrado do fogo é um conceito que vem sendo paulatinamente inserido na gestão dos órgãos ambientais do Distrito Federal, com o objetivo de diminuir a área atingida por incêndios florestais no período crítico da seca. Esse foi o tema de uma videoconferência realizada no canal do Instituto Brasília Ambiental no YouTube, dentro da programação do Webinário Junho Verde, aberto com a participação do secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho, e do presidente do Brasília Ambiental, Cláudio Trinchão. As videoconferências ocorrerão em todas as segundas-feiras deste mês, discutindo as políticas públicas ambientais do DF.

A apresentação do tema “Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Perspectivas Mundiais” foi feita pelo diretor de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Brasília Ambiental, Pedro Cardoso, e pelo coordenador de Prevenção e Combate a Incêndios do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), João Paulo Morita. De acordo com os técnicos, as ocorrências aumentaram no mundo todo, razão pela qual estão sendo intensificados os estudos sobre o fogo e a utilização de novas técnicas para prevenção e combate.

Parceria

Na abertura do webinário, Sarney Filho destacou o trabalho com a autarquia ambiental. “A nossa atuação ocorre de forma coordenada e integrada, com a Sema [Secretaria do Meio Ambiente] voltada ao desenvolvimento e implementação de políticas públicas e o Brasília Ambiental sendo responsável pelo licenciamento, monitoramento e fiscalização das mesmas”, resumiu.

Cláudio Trinchão, por sua vez, enfatizou o trabalho em conjunto com a Sema, com foco na manutenção das unidades de conservação. Segundo o gestor, mais de 50 ações tiveram início com a reestruturação do órgão, pelo reforço no orçamento, a criação de um sistema de informação e a contratação de mais consultores para a equipe. “Queremos preparar o Brasília Ambiental para o futuro, então esse é um momento muito importante para trazermos para a população o que está sendo feito”, declarou.

Em 2020, ações conjuntas resultaram na redução de 50% do total de áreas atingidas por incêndiosesquerda

Sarney Filho citou a luta para aprimorar o combate aos incêndios florestais no DF, a despeito das grandes dificuldades climática e financeira. “Temos avançado, ao lado do Brasília Ambiental, com passos importantes para o estabelecimento de uma estrutura mais ágil e mais eficiente na prevenção e no combate ao fogo”, afirmou.

A Sema atua com o Plano de Prevenção e Combate ao Fogo (Ppcif). No ano passado, esse trabalho, realizado em conjunto com órgãos distritais e federais, foi responsável pela diminuição em 50% do total de áreas atingidas pelo fogo nas unidades de conservação (UCs) distritais. Segundo levantamento do Programa de Monitoramento de Áreas Queimadas nos Parque e UCs (Promaq), do Brasília Ambiental, até o início de outubro de 2020, foram registradas 243 ocorrências de incêndio florestais em uma área total de 1.688 hectares, em 45 parques e UCs. Em 2019, a área atingida até o final de setembro chegou a 3.172 hectares.

Gestão integrada

A estratégia inclui aspectos como análise de regimes do fogo apropriados para o ecossistema e prevenção, combate, controle e supressão de incêndios e restauração de vegetação, além de considerar características socioambientais e culturais dos territórios.

De acordo com Pedro Cardoso, a política no DF é focada na prevenção. “A diretoria comemora um ano de atuação com queda de 50% de incêndios em UCs, executa o Promaq e monitora em torno de 86 unidades”, contabilizou. “Podemos afirmar que o número diminuiu graças a atividades de prevenção e combate”.

Cardoso explicou que sua área atua com foco em frentes como a contratação de brigadistas, aquisição de equipamentos, abertura de aceiros, queima prescrita e educação ambiental, além de ter sido responsável pela instalação de três bases fixas em diferentes pontos do DF para apoiar a ação rápida no combate a incêndios.

João Paulo Morita lembrou que o atual período é limiar do final das atividades de prevenção e que logo entra a temporada de ocorrências em que o trabalho é voltado para o combate aos incêndios. “Temos uma parceria há alguns anos com o DF que tem se fortalecido”, informou. “Participamos das discussões do Ppcif, de ações de combate conjunto nas unidades do DF e capacitações para discutir estratégias e aprender cada vez mais sobre o tema do fogo. Temos também o apoio dos brigadistas contratados pelo Instituto Brasília Ambiental”.

Prevenção e alerta 

Os técnicos alertaram para o importante papel que a população pode cumprir para evitar problemas com o fogo, ressaltando que os incêndios florestais geralmente têm origem em uma ação produzida pelas pessoas. “Para quem tem necessidade de usar o fogo, peço que atente para o rito legal e fique dentro da lei solicitando autorização”, disse. “Para quem fizer uso descuidado, fica o alerta principalmente com fogueiras e queima de restos de poda”.

Já Pedro Cardoso lembra que o incêndio florestal não é apenas um problema ambiental, mas de saúde pública.  “Principalmente em setembro, o clima muda e passamos por seca severa, o que gera mais problemas respiratórios e a sobrecarga em hospitais, que deve ser evitada principalmente quando vivemos a pandemia por covid-19”, explica.

O secretário-geral do Brasília Ambiental, Thulio Moraes, avaliou que a criação da Diretoria de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais foi um ganho para o órgão, que passou a tratar a questão de forma orgânica e com ações perenes, planejadas e executadas durante todo o ano. “Executamos uma metodologia exitosa de prevenção e combate, além de fortalecer parcerias e troca de experiência e informações com outros órgãos do DF e do Brasil”, resumiu.

*Com informações da Sema