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06/07/2021 às 19:17, atualizado em 06/07/2021 às 19:51
O trabalho multidisciplinar é realizado em grupo de até cinco pessoas, na UBS 1 de Taguatinga, pela equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família
Pacientes acometidos com a covid-19 podem apresentar sequelas que perduram por um tempo para além do período da doença. Fadiga, fraqueza muscular, alterações cognitivas, problemas de memória e alterações de olfato e paladar estão entre as manifestações que atingem de forma persistente pessoas curadas, mas que continuam a apresentar sintomas, o que ficou conhecido como covid longa ou síndrome pós-covid.
Essa condição tem desafiado profissionais das diversas áreas e demandado atendimento multidisciplinar para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Com o intuito de oferecer um acompanhamento direcionado, a equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf) da Unidade Básica de Saúde 1 (UBS-1) de Taguatinga montou um grupo de auxílio para ajudar na recuperação desses pacientes.
Retorno positivo
A aceitação tem sido boa e o retorno dos pacientes sobre o trabalho positivo. “Muitos saem daqui falando que procuravam a unidade de saúde quando estavam doentes. Agora sabem que a UBS, que o acolhimento no Nasf promovem saúde. Um paciente relatou, ao final de um atendimento, que saiu mais leve de lá. Isso é muito gratificante: ver e trabalhar o ser humano em sua totalidade”, compartilha Suzy.
A secretária escolar, Marilene Ferreira Siman, de 44 anos, ficou 15 dias internada por complicações da covid-19. Ela teve 50% do pulmão comprometido, mas não chegou a ser intubada. Debilitada após a internação, conta que perdeu 10 kg e sentia muito cansaço para subir escadas, só consegui dar poucos passos. “Quando recebi alta, a médica já havia indicado fisioterapia, foi então que procurei onde poderia fazer esse acompanhamento”, conta.
“Eles sabiam exatamente o que eu tinha, quais os cuidados que eu precisava. Nunca me senti tão amparada. Eu me sentia de fato entre amigos”Marilene Siman participou do 1º grupo de apoiodireita
Marilene fez parte do primeiro grupo e lembra com carinho do acolhimento recebido por toda a equipe. “Eu nunca tinha visto um grupo tão humanizado. Ali eu sentia que não era apenas uma paciente, mas era a Marilene. Eles sabiam exatamente o que eu tinha, quais os cuidados que eu precisava. Nunca me senti tão amparada. Eu me sentia de fato entre amigos”, relata.
Ela recorda que a descoberta da doença, o tempo de internação e o medo vivenciado ao longo dessa fase deixaram marcas psicológicas. O trabalho desenvolvido pela equipe ajudou também na recuperação da parte emocional. “Eles me devolveram a vontade de viver. Cheguei muito triste, debilitada, com autoestima baixa. Hoje já tenho vontade de me arrumar, fazer minhas atividades. Eles não cuidam da doença, promovem saúde. É nítido”, destaca.
Quem pode participar?
O serviço começou em maio de 2021. Já foram realizados dois grupos e a previsão é iniciar o terceiro no início de agosto. Em virtude da pandemia, os grupos são restritos para no máximo cinco pessoas.
A participação ocorre tanto por demanda espontânea – quando a pessoa busca UBS, ou quando o serviço de acolhimento do Nasf capta esses pacientes – e também pelo encaminhamento das próprias equipes da unidade de saúde.
A UBS 1 de Taguatinga atende moradores da QNG, QNH, Colônia Agrícola 26 de Setembro, Cana do Reino, Córregos dos Currais e Cooperville. Ao todo, conta com sete equipes de Estratégias Saúde da Família (ESF) e uma do Nasf.
*Com informações da Secretaria de Saúde