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18/08/2021 às 09:36, atualizado em 18/08/2021 às 17:09
São os prematuros que requerem uma atenção especial, principalmente relacionada à amamentação
O incentivo à amamentação deve ocorrer durante todo o ano. Mas é especialmente na campanha Agosto Dourado que o tema ganha maior destaque pela sua importância para a saúde dos bebês. O leite materno deve ser o alimento exclusivo até os 6 meses de idade. Além de nutrir a criança, o líquido gerado pela mãe auxilia no crescimento e desenvolvimento e fortalece o vínculo materno – um dos aspectos mais importantes para o recém-nascido prematuro.
Existem diferenças entre leite produzido pela mãe de um prematuro comparando com a mãe de um bebê termo (40 semanas). Isso quer dizer que cada mãe produz o leite ideal para suprir as necessidades daquele bebê.
O incentivo ao aleitamento começa desde a primeira consulta da gestante no pré-natal, onde são prestadas todas as orientações sobre a necessidade de amamentar logo após o nascimento como também os benefícios que o alimento oferece. Vale ressaltar que as necessidades de um bebê prematuro são mais específicas que as de uma criança que nasce a termo.
Recém-nascidos podem permanecer por muitos dias em UTIs neonatais e a permanência nesses ambientes pode favorecer o acometimento de infecções. O leite humano possui fatores de proteção capazes de combater essas infecções, uma vez que o alimento possui milhões de células, incluindo vários tipos de células de defesa, que se modificam para combater determinada infecção no organismo da criança.
É por isso que o leite humano é considerado uma vacina no organismo da criança. O equilíbrio perfeito de gorduras, carboidratos e proteínas na medida exata para fortalecer o sistema imunológico do bebê, beneficiando o crescimento saudável.
Geralmente, a partir da 34ª semana de idade gestacional o bebê desenvolve capacidade de coordenar os movimentos de sucção e deglutição. Nesses casos, o bebê já consegue sugar o seio materno e o soro é desconsideradoesquerda
Prematuridade e amamentação
Inicialmente, os bebês prematuros precisam de soro para manter os níveis de glicose adequados e recebem o leite materno através de sonda colocada na boca até o estômago. Na UTI, o recém-nascido muito pequeno não é alimentado via oral. Usa-se sonda pela boca ou nariz e, dependendo de suas condições, pode demorar para que ele aprenda a sugar – esse reflexo costuma se firmar com 34 semanas.
Geralmente, a partir da 34ª semana de idade gestacional o bebê desenvolve capacidade de coordenar os movimentos de sucção e deglutição. Nesses casos, o bebê já consegue sugar o seio materno e o soro é desconsiderado.
De acordo com a Referência Técnica Distrital (RTD) de pediatria, Julliana Tenorio Macêdo, mesmo através de uma sonda nasogástrica, a alimentação com o leite produzido pela mãe deve ocorrer.
“É essencial que a mulher seja orientada a tirar o leite para alimentar seu filho, mesmo enquanto ele está com a sonda. À medida que o bebê cresce, pode começar a tentar sugar no seio. Não é fácil, mas extremamente importante. O bebê geralmente é mais sonolento e precisa ser estimulado para amamentar”, explica.
Por esse motivo, a intervenção de fonoaudiólogos é fundamental nessa fase para que o recém-nascido aprenda a respirar, sugar e deglutir o leite. Embora os bebês a partir de 34 semanas sejam capazes de exercer as duas funções, é uma tarefa cansativa. Com a ajuda de uma fonoaudióloga, o recém-nascido adquire habilidades motoras orais para se alimentarem sem a ajuda de sondas, sugando diretamente o seio materno.
A fonoaudióloga Maria Rebeca de Carvalho Porto explica como são realizados esses atendimentos. “Dependendo da situação clínica do bebê, a equipe de fonoaudiologia auxilia de forma direta e indireta no processo de aprendizagem e coordenação dos movimentos entre a sucção, respiração e deglutição. A criança precisa estar estável e com boa saturação para ter a capacidade de conseguir ir até o seio materno. A equipe, além de fazer um conjunto de estimulações na criança, atua também no acolhimento da mãe para incentivar esse aleitamento materno, tendo em vista que é o melhor para o bebê”, pondera.
Paciente da rede pública de saúde, Taís Ferreira, de 32 anos, teve gestação gemelar e os bebês nasceram com 31 semanas. Mesmo com a prematuridade das crianças, ela conta que não teve grandes dificuldades para os bebês pegarem a mama.
“Tive dois bebês prematuros com pouco mais de 1 quilo cada. O Gael conseguiu pegar no peito com uma semana de vida e a Cecília com 14 dias. A ajuda da equipe multiprofissional do hospital foi essencial para que meus bebês conseguissem sugar a mama. Estamos muito felizes e aguardando a hora de voltar para casa”, relata.
Bancos de Leite
Para garantir o acesso ao alimento, especialmente para os bebês cujas mães têm dificuldade na produção, ou que estão internados em UTIs, existem os Bancos de Leite Humano. No Distrito Federal são dez em funcionamento, além de três postos de coleta de leite. Até o mês de julho, foram arrecadados 10.889,7 litros de leite. Em 2020, no mesmo período foram arrecadados 17.976,1 litros de leite.
A coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano do DF, e médica pediatra, Miriam Santos, fala da importância do leite materno para o desenvolvimento de crianças prematuras e faz um convite às mães que estão amamentando e que estejam dispostas a tornarem-se possíveis doadoras.
“A criança prematura tem necessidades específicas que somente o leite materno pode suprir, por estarem num ambiente de UTI, ficam mais suscetíveis a infecções, e o leite humano se torna ainda mais indispensável para eles”, explica a pediatra que faz um apelo às mães que estão amamentando.
“Mães que estão com seus filhos na UTI desenvolvem muito mais estresse, o que pode contribuir para que o leite seque. Em outros casos, nessa pandemia, muitas mães se encontram internadas e impossibilitadas de amamentar seus bebês, e a doação se torna cada dia mais essencial, para que o nosso estoque de leite seja suficiente para suprir cada uma dessas necessidades”, ressalta.
Se você está amamentado e deseja se tornar uma doadora, basta entrar em contato com a Secretaria de Saúde no número 160, opção 4, ou pelo site Amamenta Brasília. Após o agendamento, uma equipe do Corpo de Bombeiros irá até a residência da doadora para fazer a retirada.
*Com informações da Secretaria de Saúde