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31/12/2021 às 13:11
Dayana Coqueiro estudou na Escola Meninos e Meninas do Parque e vai cursar Letras Literatura
Hoje, vendedora ambulante, compositora e futura universitária. No passado, moradora de rua envolvida na criminalidade. A vida de Dayana Bárbara dos Santos Coqueiro, de 36 anos, será radicalmente transformada por meio do conhecimento.
Aprovada no vestibular para cursar Letras Literatura, vai ingressar, no 2º semestre de 2022, em uma das mais conceituadas instituições de ensino superior do país, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Educação diferenciada
Dayana descreve a Escola Meninos e Meninas do Parque como diferenciada. A unidade atende um público específico e de acordo com suas necessidades. Além dos estudos, também são oferecidas refeições e espaços para que tomem banho. Os estudantes são divididos por faixa etária e recebem todos os itens de higiene pessoal, alimentação e material escolar. A escola, criada em 1995, atualmente atende 212 pessoas.
“Eu não queria sair da escola, porque o pessoal era como pai e mãe. Eles acreditavam em mim quando nem eu mesma acreditava”Dayana Bárbara dos Santos Coqueiro, 36 anos, vendedora ambulante, compositora e futura universitáriaesquerda
Além da grade curricular da educação básica, quem frequenta a EMMP aprende também sobre cidadania e socialização. “Na escola, entendi que posso ocupar espaços e ser ouvida, não como moradora de rua, mas como uma pessoa que têm direitos e deveres”, diz Dayana, que hoje é “uma mulher formadora de opinião, símbolo de resistência e espelho para outras mulheres”, conforme descreve a diretora da Escola, Amelinha Araripe.
Para a diretora, a conquista de Dayana é uma referência de que as políticas educacionais e sociais são capazes de modificar a realidade das pessoas. “Ela é uma prova de que nossa escola está no caminho certo e que ações cotidianas diferenciadas, adaptações curriculares e o uso da arte e cultura nas aulas fazem a diferença”, finaliza a gestora.
Estudos e preparação
Com poucos recursos para estudar, Dayana, que vive há sete meses na capital fluminense, conta que após finalizar a educação básica foi mãe de um menino e teve vários percalços, mas não desistiu. “Pelo menos uma hora por dia estudava pela internet, em sites gratuitos. Lia as referências de livros que poderiam ser temas da redação. E assim consegui ser aprovada na UERJ”, revela.
A estudante acredita que suas possibilidades para um futuro de sucesso aumentaram. “Não sei como é ser universitária, mas, como as pessoas têm dito: vou ficar gigante. Quero estudar mais, ler muito e escrever vários livros. Arrisco até dizer que farei mestrado fora do país”, comemora.