12/02/2022 às 13:03, atualizado em 12/02/2022 às 14:33

Atendimento humanizado nas DPs para mulheres vítimas de violência

Só em 2021 foram registradas mais de 17 mil ocorrências de violência doméstica. As delegacias oferecem acolhimento diferenciado, além de suporte jurídico e psicossocial

Por Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno

Arte: Agência Brasília

Combate à violência

Em abril de 2020, a Polícia Civil regulamentou a instalação do Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher (Nuaim) para dar suporte psicossocial às vítimas por meio de parceria com instituições governamentais, grupos da iniciativa privada e da sociedade civil organizada. O local atende tanto vítimas durante o registro da ocorrência, como aquelas que são encaminhadas pelas delegacias para atendimento agendado.

“Faz-se o acolhimento da escuta, valida-se aquela experiência, compreende-se o que ela está passando, nomeia-se o que ela está vivendo. É um ambiente seguro em que não se julga, acolhe-se a dor e orienta-se sobre os direitos dela de uma vida sem violência”, afirma a doutora em psicologia e docente do curso de psicologia do Uniceub, Flávia Bascunan Timmesquerda

“Esse núcleo dá assistência psicossocial, com psicólogo; jurídico, com advogado; e até no sentido profissionalizante, qualificação e assistência social. Muitas das vítimas não trabalham e dependem financeiramente e emocionalmente dos parceiros. Lá, elas podem ser encaminhadas para cursos gratuitos”, afirma a delegada Érika Patrícia Marini Costa.

Atualmente, já são cinco núcleos no DF: Deam I (Asa Sul), Deam II (Ceilândia), 29ª DP (Riacho Fundo), 38ª DP (Vicente Pires) e 11ª DP (Núcleo Bandeirante). Os atendimentos no Nuaim ocorrem num lugar diferenciado nas delegacias, onde as vítimas são atendidas por uma policial, uma psicóloga e uma pessoa da área do direito.

As assistências ocorrem segunda, quarta e sexta, das 13h às 18h. As mulheres podem receber o serviço até cinco vezes.

Apoio psicossocial e jurídico

A Associação Brasileira de Advogados (ABA), por meio da Comissão Nacional da Mulher, é uma das entidades que atua nos núcleos, oferecendo advogados e advogadas para auxiliar as vítimas com conselhos jurídicos.

“O acolhimento jurídico e psicológico dentro das delegacias contribui para salvar a vida de mulheres em situação de alta vulnerabilidade social, além de evitar a revitimização da mulher. É incrível como um acolhimento e uma boa estrutura de acolher e orientar de forma imediata podem transformar a vida de muitas mulheres e de seus familiares”, avalia a advogada e presidente da Comissão Nacional da Mulher, Celiane Araujo.

Mais do que garantir a integridade física e jurídica, também é importante olhar para o aspecto emocional e mental da vítima. “Esse trabalho é fundamental. A violência doméstica envolve questões familiares, afetivas e emocionais, que precisam de um profissional capacitado na área da saúde mental, dos afetos e do comportamento humano”, afirma a doutora em psicologia e docente do curso de psicologia do Uniceub, Flávia Bascunan Timm. A universidade cede estudantes para a realização do suporte psicológico.

Flávia explica como é feito o trabalho em torno da vítima: “Faz-se o acolhimento da escuta, valida-se aquela experiência, compreende-se o que ela está passando, nomeia-se o que ela está vivendo. É um ambiente seguro em que não se julga, acolhe-se a dor e orienta-se sobre os direitos dela de uma vida sem violência”.