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14/03/2022 às 10:35, atualizado em 14/03/2022 às 12:49
No Dia Nacional dos Animais, conheça o trabalho de órgãos que atuam no resgate dos bichos vítimas de maus-tratos, controle de doenças e fiscalização dos rebanhos
“O Brasília Ambiental tem feito esforços com ações e programas efetivos, pensando na saúde e no bem-estar dos animais. Esperamos avançar em mais políticas públicas efetivas para os animais domésticos, bem como para a conservação da fauna silvestre” – Vitor Carvalho Santos, diretor de Fiscalização de Fauna do Instituto Brasília Ambientaldireita
Comemorado nesta segunda-feira (14), o Dia Nacional dos Animais tem como meta conscientizar as pessoas sobre os cuidados com os bichos domésticos ou selvagens. Em meio a esse processo de reflexão, é importante pensar no posicionamento dos seres humanos com relação ao meio ambiente e à preservação dos diferentes biomas, que também são questões essenciais debatidas neste dia. Com esse foco, o Governo do Distrito Federal (GDF) vem desenvolvendo políticas públicas para fiscalizar os maus-tratos e minimizar riscos de doença, entre outros temas associados.
“As políticas públicas são importantes porque muitas pessoas, empresas ou agricultores não entendem que ter um animal em sua posse, para ser uma companhia ou com viés comercial, requer um grau de comprometimento financeiro, afetivo e temporal que o tutor não quer assumir. Então, por mais que seja bonitinho, fofinho, engraçado, ou que você crie para abate, esse animal precisa de atenção contínua; ele pode ficar doente e precisar de assistência veterinária, e vai fazer as necessidades biológicas dele em algum lugar”, explicou o diretor de Fiscalização de Fauna do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Vítor Carvalho Santos. Em parceria com a Secretaria de Agricultura (Seagri), o instituto tem atuação intensa no setor.
O diretor de Fiscalização pede mais sensibilidade e uma reflexão maior antes de comprar ou adotar um pet. “Com isso, podemos dizer que ter um animal implica dedicação, responsabilidade afetiva, portanto, só deve ter um quem estiver disposto a assumir essa responsabilidade que vem junto. Caso contrário, às vezes até involuntariamente, a pessoa pode maltratar o bicho, mantendo em local sem higiene, entre outras situações inadequadas. Então, a política pública vem para tentar resolver e conscientizar, e acredito que teremos um bom resultado a longo prazo.”
Os animais abandonados e que sofreram maus-tratos são encaminhados a um curral, conta a gestora, e os autores das agressões não têm direito de reavê-los. “Mas os errantes trazidos para cá podem ser achados pelos tutores em 30 dias; eles podem pegar o animal de volta, mas precisam pagar uma multa equivalente ao que gastamos com alimentação, com hospedagem. Se for por maus-tratos, a gente não devolve”, explica.
Para garantir a eficácia das providências, foi criado o projeto Adote um Animal. “É uma forma de irmos dando vazão ao número que entra em nosso curral, pois geram despesas. Um cavalo, por exemplo, tem custo mensal médio de R$ 1 mil, com alimentação, cuidadores, espaço, entre outras questões. Tudo isso acaba pesando bastante para o Estado. Com esse projeto, empresas ou pessoas físicas podem adotá-los. Têm apenas que assinar alguns termos, dizendo que contam com espaço para garantir o bem-estar do animal, e pagar os exames para lavá-lo. Ainda recebem um certificado chamado ‘Amigo do Animal’. Se for produtor rural aqui do DF, ainda tem acompanhamento da Emater nos primeiros meses após a adoção, para que a empresa dê todo apoio para os cuidados com o animal”, detalha a subsecretária.
Cuidados com a saúde e o comércio
A Seagri também é responsável por manter os bichos em bom estado de saúde para evitar problemas financeiros tanto no DF quanto no Brasil e até mesmo no exterior. “Nossa principal área aqui é ter o cuidado com a sanidade dos nossos rebanhos, pois, se der algum problema, teremos sérios danos comerciais no Brasil e até com o comércio exterior. É algo muito sensível, que exige nossa fiscalização, nosso acompanhamento. Por isso, a gente trabalha 24 horas por dia, literalmente”, pontua. A Seagri atua mais com animais de produção, como bovinos, caprinos, suínos e ovinos – peixes e abelhas também. “A gente trabalha aqui basicamente com duas vertentes: a saúde, a sanidade desses rebanhos, e para garantir que não vão chegar doenças aqui no Distrito Federal que possam afetar esses animais que dão prejuízo ao agronegócio.”
Quando a febre aftosa se espalhou, lembra a subsecretária, a pasta precisou atuar na vacinação dos bovinos, no cadastro de todos os produtores e avaliar cada exemplar para ver se não havia algum sintoma. “Trabalhamos também com algumas doenças, que não afetam só os negócios, digamos assim. São doenças que podem passar para o ser humano. Trabalhamos com o setor de Zoonoses, então o controle tem que ser maior. Como exemplo de doenças que podem ser transmitidas para seres humanos, temos a tuberculose [pelo leite de bovinos] e mormo [causada por uma bactéria presente em cavalos e demais equídeos]. Com a raiva, nós fazemos a captura de morcegos para saber se ele está com raiva e se ele pode passar para o animal e causar sérios danos”, enumera a gestora.