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14/04/2022 às 16:00, atualizado em 14/04/2022 às 19:02
O HJKO ocupava o mesmo espaço que hoje abriga o Museu Vivo da Memória Candanga, enquanto o Hospital Distrital se transformou no Hospital de Base
Construir a nova capital federal em meio a uma região desértica do Planalto Central demandou a criação de uma série de serviços, entre eles, o de assistência médica. O primeiro hospital da cidade surgiu antes mesmo da inauguração para atender os operários. Em apenas 60 dias foi erguido nas proximidades da Cidade Livre, em 6 de julho de 1957, o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO).
A unidade funcionou como hospital até 1968, quando passou a ser somente um posto de saúde. O espaço foi totalmente desativado seis anos depois, com a implantação dos serviços de saúde no Núcleo Bandeirante.
O Museu Vivo da Memória Candanga guarda alguns tesouros do HJKO, que ocupou o mesmo espaço até 1968. Na exposição permanente Poeira, Lona e Concreto, há a reprodução do consultório do médico Edson Portoesquerda
Em 1985, o conjunto arquitetônico composto por casas de madeira coloridas, onde os médicos moravam, foi tombado, sendo considerado Patrimônio Histórico e Artístico da cidade. No ano seguinte foi iniciada a restauração das edificações, que em 1990 passariam a integrar o Museu Vivo da Memória Candanga, espaço de resguardo da identidade histórica de Brasília até hoje.
Aberto para visitação de segunda a sábado, das 9h às 17h, o Museu Vivo da Memória Candanga guarda alguns tesouros do HJKO. Parte da exposição permanente Poeira, Lona e Concreto, há a reprodução do consultório do diretor Edson Porto, com objetos como mesa, cadeira, balança mecânica, balança pediátrica, esterilizador, geladeira e itens hospitalares, além de registros fotográficos da época.
O médico legista começou a trabalhar no Hospital Distrital em janeiro de 1961, quando tinha apenas 27 anos e acabara de voltar de uma residência no Hospital Mercy, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Miziara foi responsável pela constituição do laboratório de patologia em seu formato completo com área de fotografia, laboratório e sala de necropsia. “No início eu ficava no hospital o dia todo. Era minha casa, meu ambiente. Passei quase a minha vida inteira lá”, comenta.
Além de ter se tornado referência nos atendimentos, também foi berço de formação de médicos do Distrito Federal e de outros estados. “O hospital na sua formação tinha o Plano Médico de Brasília. Muitos colegas vieram atraídos por ele. O hospital era realmente um primor. Tínhamos reunião todo sábado para discutir a política do hospital. Nossa ideia também era transformar o espaço em hospital de ensino”, recorda.
O médico trabalhou durante 43 anos no local, presenciando a transição de Hospital Distrital para Hospital de Base, feita em 1975. “O novo pronto-socorro seria independente, mas os colegas acharam que tinha que fazer parte do hospital. Então, passou de Distrital para Base”, afirma. O processo para transformação começou em 1968 com a elaboração do projeto de construção do Hospital de Base em uma área de 300 mil metros quadrados.
Ainda quando era Hospital Distrital, a unidade atendeu o presidente Tancredo Neves e teve em seu quadro de servidores o cantor Ney Matogrosso, que foi auxiliar do patologista Hélcio Luiz Miziara, no Arquivo Médico.