19/04/2022 às 16:08, atualizado em 19/04/2022 às 17:13

Acervo documental de órgãos do GDF está sendo digitalizado

Em trabalho executado por 220 pessoas com deficiência, estima-se que 125 milhões de arquivos estarão em formato digital em cinco anos

Por Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo

“O contrato corporativo, celebrado pela Secretaria de Economia, atenderá a vários órgãos do GDF, além do Arquivo Público, cuja história se confunde com a própria história de Brasília. O acervo do ArPDF é constituído de documentos de valor inestimável”Itamar Feitosa, secretário de Economiaesquerda

O documento que confirma a escolha pelo projeto urbanístico de Lucio Costa para o Plano Piloto e os esboços da Catedral Metropolitana são algumas das preciosidades do acervo do Arquivo Público (ArPDF) com acesso restrito pela fragilidade dos conteúdos. Essa limitação está com os dias contados. Uma parceria entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Associação do Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe), firmada no ano passado, permitiu o início da digitalização do acervo do local, de mais quatro órgãos e das 33 administrações regionais.

“Esse trabalho permitirá a modernização do Estado e mais agilidade no atendimento à população. Além disso, a contratação visa fomentar a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, promovendo a dignidade, a cidadania e a capacitação desses profissionais”, defende o secretário de Economia, Itamar Feitosa. “O contrato corporativo, celebrado pela Secretaria de Economia do Distrito Federal, atenderá a vários órgãos do GDF, além do Arquivo Público, cuja história se confunde com a própria história de Brasília. O acervo do ArPDF é constituído de documentos de valor inestimável”, detalha o secretário.

Historiador do Arquivo Público, Elias Manoel da Silva | Foto: Renato Araújo

Para o historiador do Arquivo Público, Elias Manoel da Silva, o trabalho dará acesso a duas tipologias documentais importantes do acervo. “Temos milhões de fotos aqui, Então, vai permitir acesso à riqueza enorme das fotografias da construção, consolidação e história de Brasília. Temos também mais de 40 mil plantas criadas por Oscar Niemeyer e Joaquim Cardoso. Essas plantas digitalizadas permitirão o acesso”, diz.

Além da facilidade, o processo ajudará na descoberta de conteúdos até então nunca acessados. “Não permite só a facilidade ao acesso, como em descobrir a riqueza do Arquivo Público, possibilitando visualização a documentos que nunca foram acessados antes”, completa o historiador.

Inclusão

Mais do que um papel de organizar e preservar o acervo, o projeto do governo visa fomentar a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. O contrato emprega 220 pessoas com deficiência (PCDs) que estão divididas nos trabalhos nos órgãos do GDF. Só no Arquivo Público, são 64 funcionários.

Eronildo Souza Monteiro é um dos funcionários do projeto no Arquivo Público | Foto: Renato Araújo

O contrato prevê atividades como higienização, preparação e digitalização de documentos; assinatura digital; conversão de documentos em mídia especial (CDs, DVDs, áudios, filmes, negativos, rolos e vídeos); tratamento de imagens; indexação de documentos com reconhecimento de caracteres (OCR); microfilmagem de documentos; classificação, ordenação documental, diagnóstico, inventário e catalogação; elaboração de instrumentos arquivísticos (código de classificação e tabela de temporalidade documental e descrição arquivística) – conforme a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (Nobrade).

Acostumado a trabalhar nos projetos da Cetefe, Eronildo Souza Monteiro é um dos funcionários do projeto no Arquivo Público. Ele, que tem uma deficiência física em decorrência da paralisia infantil, conta que começou cuidando do áudio e agora está na parte de negativos, positivos e slides do acervo do local. “Esse acervo tem hora que até me emociona. Ouvir a voz de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. Agora vejo esses negativos de como começou Brasília. É muito legal, é uma das melhores coisas que estou fazendo na vida”, revela.

Responsável pela parte da validação do acervo, Poliana Ribeiro Barros viu no projeto a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho após ser acometida com monoparesia do plexo braquial direito, recorrência de um derrame após a covid-19.

“Eu não conseguia emprego, porque não tinha experiência para além da área estética. A Cetefe tem esse diferencial de capacitar o profissional. Estou muito feliz e satisfeita”, define.

Acervo documental de órgãos do GDF está sendo digitalizado