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19/10/2022 às 20:08, atualizado em 19/10/2022 às 20:33
Antes mesmo da volta do período de chuvas, fumacê já está nas ruas com 4,5 toneladas do inseticida, o suficiente para atender o DF até junho de 2023
Eram pouco mais das 6h da manhã desta quarta-feira (19) e um dos carros de fumacê da Secretaria de Saúde (SES) já circulava pelas ruas da QR 119 de Santa Maria. Assim como no anoitecer, o horário faz parte do período em que a fêmea do mosquito sai para coletar sangue e volta maturar os ovos que estão nos criadouros. E é ali, naquele momento, que o inseticida Etofenprox Vectron 20 pulverizado sobre as residências e imóveis comerciais abate o Aedes aegypti.
Portas abertas
[Numeralha titulo_grande=”97%” texto=”dos focos de dengue se encontram dentro das residênciasesquerda
Especialistas alertam que a dengue deixou de ser uma doença sazonal, ou seja, com incidência em determinada estação do ano, e tornou-se comum em qualquer época do ano. Outra descoberta é que a mutação do mosquito fez com que o depósito dos ovos passasse a ser feito também em água suja, além dos locais em que há água parada limpa.
Até agora, só neste ano, o DF já registrou cerca de 66 mil casos da doença. Além do fumacê espalhado pelos carros, a Vigilância Sanitária promove visitas presenciais dos agentes. De janeiro ao início deste mês, segundo o coordenador de Controle Químico e Biológico da SES, Reginaldo Braga, foram visitados 2.784 imóveis.
Segundo o gestor, 97% dos focos estão dentro das moradias. Ele orienta que as pessoas deixem portas e janelas abertas quando o fumacê passar, pois o produto só é nocivo ao mosquito. “Apesar de letal ao inseto, na dosagem em que é pulverizada, a substância não faz mal ao humano nem aos animais domésticos”, assegura.
Juvercina Maria Rodrigues, 51 anos, fez a cartilha correta. Ao ouvir o barulho do carro passar em frente à sua residência, em Santa Maria, a vigilante abriu as portas e o portão para que a fumaça do inseticida chegasse dentro de casa. Ela garante tomar todos os cuidados para evitar a proliferação do mosquito; diz evitar também ter plantas em casa, para que os recipientes não sirvam de reservatórios das larvas. “Quando vejo vasilhas na rua que possam acumular água, jogo fora, porque conheço os focos”, diz. “A gente precisa zelar um pelo outro.”
Quem já sentiu no corpo as dores da dengue também se mobilizou para facilitar os efeitos do fumacê dentro de casa. A bombeira civil e estudante de veterinária Lauryleda dos Santos, 45, contraiu a doença no começo do mês e diz ter passado muito mal. Ela afirma estar consciente, mas ressalta que esse pensamento precisa ser coletivo. “Os agentes fazem a parte deles com a pulverização e vistorias, mas evitar a proliferação depende mais da gente que está dentro de casa”, alerta.