17/11/2022 às 19:25

Professores têm formação continuada em educação antirracista

Educadores aprendem sobre questões étnico-raciais e racismo; ensinamentos são compartilhados nas escolas da rede pública

Por Agência Brasília* | Edição: Claudio Fernandes

A sala 54 da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape), na Asa Sul, virou palco para discussões sobre questões étnico-raciais, gênero, racismo e a valorização e aceitação da cultura negra. Intitulado de Brasilidades Afro-Indígenas, o espaço tornou-se um ponto de encontro para educadores realizarem cursos, bate-papos e encontros online. As reuniões ocorrem durante todo o ano e o aprendizado é compartilhado com os estudantes das escolas públicas do Distrito Federal.

“Essas temáticas precisam estar na escola independentemente de qual for o componente, seja para professores de geografia, história ou outras disciplinas”Renata Nogueira, professora doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB)direita

O espaço onde ocorrem os cursos é decorado com fotografias temáticas feitas por professores e alunos. O lugar conta ainda com espaços para livros e instrumentos de percussão de matriz africana, além de adereços nas paredes, característicos da cultura africana e indígena.

Entre os cursos ofertados está o de Letramento em Educação Antirracista: Por uma Escola Diversa e Polifônica, ministrado pela professora doutora em antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) Renata Nogueira. A docente também oferta outros cursos paralelos ligados ao projeto Eape Vai à Escola, como: Racismo Estrutural e Educação; Valores Civilizatórios Afro-brasileiros e Educação; Racismo Religioso e Educação e Racismo e Xenofobia.

A professora Marina Morena faz o curso Letramento em Educação Antirracista: “Senti a necessidade de trabalhar as relações étnico-raciais para além do mês de novembro, durante todo o ano, dando foco para a autoestima da população negra”

A professora Marina Morena faz o curso Letramento em Educação Antirracista e explica como o aprendizado tem ajudado a complementar o trabalho que ela realiza com os alunos da Escola do Parque da Cidade (Proem). “Senti a necessidade de trabalhar as relações étnico-raciais para além do mês de novembro, durante todo o ano, dando foco para a autoestima da população negra, a partir de grandes referências que passam desde o período abolicionista até os dias atuais”.

O Proem é uma escola de natureza especial e atende adolescentes que cumprem medidas socioeducativas ou que vivem em abrigos. Os alunos têm idades entre 13 e 17 anos, e muitos deles estão em semiliberdade invertida, onde passam o dia na escola e de noite ficam institucionalizados.

“A grande maioria dos meus alunos são negros, que sofrem uma defasagem escolar e que são vítimas de uma sociedade racista. O meu trabalho enquanto educadora consiste em resgatar esses estudantes. Fiz um trabalho com eles destacando os pacifistas, pois são alunos que têm um histórico de violência muito grande. Estudamos os direitos civis da luta da população negra a partir de Martin Luther King, a segregação do Apartheid da África do Sul pelo Mandela.”

Trajetória de cursos temáticos

A Eape oferece cursos, oficinas, lives e ações relacionadas ao tema. Entre 2020 e 2021, a escola ofertou a oficina Práticas Pedagógicas Antirracistas: Jogos e Brincadeiras para 1.018 professores.

Em 2022, a Eape disponibilizou cursos voltados para o ensino antirracista para 96 professores, além das ações do projeto Eape Vai à Escola, que atenderam a 1.310 profissionais da educação e abriram espaço de debates e reflexões para a necessidade de que essa temática se faça presente nas práticas diárias do cotidiano escolar.

*Com informações da Secretaria de Educação