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19/11/2022 às 15:54
Um dos destaques do evento foi a mostra paralela em homenagem ao cineasta Jorge Bodanzky
Com uma programação privilegiando a diversidade, o 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro tem emocionado e mexido de forma passional com o público. Um dos momentos mais marcantes desta edição foi, na noite de sexta-feira (18), a mostra em homenagem ao veterano Jorge Bodanzky, com quatro antológicos filmes. O último longa exibido no certame paralelo foi o impactante documentário Amazônia, a Nova Minamata?, mais recente trabalho do diretor, que assina filmes clássicos como Iracema, Uma Transa Amazônica (1975) e Utopia Distopia (2020).
Passado e presente, memória e culpa se misturam no drama político O Pastor e o Guerrilheiro, de José Eduardo Belmonte, que volta a dirigir uma ficção em Brasília, cidade que o projetou no cinema, desde A Concepção, de 2005. A trama tem como foco a relação de amizade e cumplicidade na dor entre um pastor e comunista em plena ditadura militar.
Pontuado por fotografia sombria e atuações sóbrias, o longa talvez seja um dos trabalhos mais maduros do cineasta, que não marcou presença por estar gravando no Paraná, mas mandou um bilhete para o público do Festival de Brasília,
“O filme diz muito sobre mim e em questões nas quais eu acredito”, escreveu. “A perseverança na construção de um mundo mais igualitário, a força do diálogo para dirimir conflitos, a necessidade de ouvir e considerar os outros. É um filme que fala muito sobre os temas atuais.”
Mostra Competitiva
Nos três filmes realizados na mostra competitiva do FBCB, há um ponto em comum: o afeto entre os personagens em tramas que valorizam o ser humano e sua relação com o ambiente. Em Capuchinhos, o virtual se confunde com o analógico, compondo um absurdo total em que os atores falam sem parar e aparecem, literalmente, de ponta-cabeça. “Uns meninos que acompanhavam as filmagens fizeram o melhor comentário do que é a nossa produção: ‘Que filme djoidjo!’”, divertiu-se o diretor Victor Laet, arrancando gargalhadas do público.
No drama urbano paraibano Nem o Mar Tem Tanta Água, da diretora cearense e indígena Mayara Valentim, foi mostrada a história de Babi (Laís de Oyá), uma jovem independente e segura de si que ama e vive a vida com a mesma facilidade com que pedala pelas ruas da cidade. “É um filme sobre a possibilidade de afetos não hegemônicos”, destacou Mayara.
A noite competitiva foi encerrada com o longa mineiro Canção ao Longe, de Clarissa Campolina, sobre a rotina de Jimena, uma jovem que busca sua identidade por meio da reconstrução de laços familiares. Nas entrelinhas de sua jornada pela busca do eu, vêm à tona questões universais, como tradição, raça, gênero, família e luta de classe. “Estamos muito felizes de poder exibir o filme nesta tela; sempre é muito emocionante com esse público, com essa sala cheia”, agradeceu a cineasta.