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22/02/2023 às 18:38, atualizado em 03/03/2023 às 15:53
Os bichos foram encaminhados para o curral de apreensão de animais da Seagri, onde são feitos exames. Caso o proprietário não faça o resgate, o animal entra para fila de adoção
Em janeiro deste ano, 30 animais de grande porte soltos em vias públicas do Distrito Federal foram retirados das ruas. A apreensão faz parte de uma ação da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) que recolhe os bichos e os transporta para o curral de apreensão de animais, localizado no final da Asa Norte.
“As pessoas ligam dizendo que estão vendo os animais soltos na rua. Pedimos a localização e fotos para mandar o caminhão para buscar. Conseguimos recolher animais de médio e grande parte, como cavalo, boi e às vezes até carneiro”, explica o gerente de apreensão de animais da Seagri, Ralf Rabethge. “É bom dizer que não recolhemos gato, cachorro e porco”, acrescenta.
A apreensão evita acidentes no trânsito e ajuda a controlar a disseminação de doenças. Os animais recolhidos costumam ser utilizados em atividades de tração animal. “Na maioria das vezes são animais com escore corporal baixo (magros) e, em algumas vezes, com feridas e machucados”, revela a veterinária do curral de apreensão, Renata Pina.
Atendimento e tratamento
Após o resgate, os animais ficam em um ala separada até passarem por exames para identificar se possuem anemia infecciosa e mormo, uma zoonose infectocontagiosa causada por uma bactéria. Se for negativo, eles são incorporados aos outros animais no curral.
“Eles vão ficar aqui durante 30 dias aguardando o proprietário solicitar a devolução. Caso não aconteça, eles ficam à disposição para o programa ‘Adote um Animal’”, explica Rabethge.
Se o resultado for positivo para as doenças, eles são tratados. “No caso de anemia infecciosa e mormo, caso tenha diagnóstico laboratorial positivo, seguimos as normativas federais relacionadas ao controle e erradicação dessas doenças. Em relação a doenças clinicamente tratáveis, o tratamento é feito utilizando a medicação necessária em cada situação”, comenta Renata Pina.
“Me falaram sobre essa ação da secretaria de pegar os animais de rua e depois doar para quem quisesse. Fui lá e adotei uma égua, que vive na minha chácara com outros cavalos que eu tenho. São todos de estimação. Adotei porque eu realmente gosto de animal e queria tratá-la bem”Maurício Fonseca, produtor ruralesquerda
O atendimento clínico veterinário, limpeza e tratamento de feridas e machucados é feito pela própria secretaria. Situações mais graves são encaminhadas para o Hospital Veterinário de Grandes Animais da Universidade de Brasília (UnB), na Granja do Torto.
Novo lar para os animais
Para adotar um desses bichos, é preciso atender uma série de requisitos, como comprovar que tem condições de cuidar do animal e que tem uma propriedade rural registrada. Os futuros donos também devem comprovar que não tiveram animais apreendidos e apresentar uma autodeclaração de que não possuem histórico de maus tratos aos animais.
“Depois que o processo é efetivado, a pessoa leva o animal e terá duas visitas por ano para que seja verificada a situação do adotado”, completa. O animal adotado não pode ser comercializado.
Os adotantes contam com benefícios, como acesso ao Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), três visitas de assistência técnica, recebimento do certificado “Amigo do Animal”, que pode ser utilizado em campanhas de marketing.
Há cerca de um ano, o produtor rural Mauricio Fonseca, 65, adotou uma égua que estava no curral da Seagri. “Me falaram sobre essa ação da secretaria de pegar os animais de rua e depois doar para quem quisesse. Fui lá e adotei uma égua, que vive na minha chácara com outros cavalos que eu tenho. São todos de estimação. Adotei porque eu realmente gosto de animal e queria tratá-la bem”, conta.
De 2019 até 2022, a Seagri apreendeu 920 animais, sendo 241 no primeiro ano: 147 em 2020, 250 em 2021 e 282 no ano passado. Deste total, 205 foram adotados. O maior número de adoções ocorreu em 2022, quando 95 ganharam um novo lar.