08/04/2023 às 11:21, atualizado em 08/04/2023 às 11:46

Hoje é celebrado o Dia Nacional do Sistema Braille

O método mudou a vida de cegos e deficientes visuais. No DF, a Biblioteca Dorina Nowill é referência e refúgio desse público

Por Rafael Secunho, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo

O Dia Nacional do Sistema Braille é celebrado neste 8 de abril e permanece como um ‘ponto de luz’ ao lembrar como o método é indispensável na vida de pessoas cegas e com deficiência visual. O braille significa, antes de tudo, inclusão social. Aqui no DF, a Biblioteca Dorina Nowill, em Taguatinga, é a única unidade pública braille e o ponto de encontro desse público que a adota como uma segunda casa.

Com o nome em homenagem a uma professora cega que criou uma entidade para o acesso dos cegos à educação, a biblioteca tem um acervo de dois mil exemplares, com 800 títulos. Isso porque o livro em braille ocupa, em média, até três volumes. Obras para adultos, crianças e também audiolivros, além de um telecentro de acessibilidade, que reúne computadores com acesso livre à internet. Mais que um espaço para leitura, ali se reproduz artes como a música, poesia e muitas histórias contadas.

A coordenadora do espaço, Eliane Ferreira: “Digo aqui que é uma biblioteca viva… Não só com nossas obras, mas também com projetos de inclusão”

“Digo aqui que é uma biblioteca viva… Não só com nossas obras, mas também com projetos de inclusão, como as rodas de leitura semanais, a contação de histórias, a feira feita anualmente com entidades que atendem os deficientes visuais”, explica a coordenadora do espaço, Eliane Ferreira.

“A parte psicológica e emocional do cego muda muito na medida em que convivem uns com os outros, veem a capacidade de superação de seus pares e percebem que também podem se superar”, pontua Leonilde Fontes, servidora da biblioteca há 17 anos.

Reginaldo Ramos: “Acho que hoje as pessoas olham para gente com menos desprezo”

Missionário e morador do Jardim Ingá (GO), Reginaldo Ramos, 50, também é facilmente visto por lá. Carrega consigo uma réplica de uma bíblia, que combina o braille para se escolher a passagem e um aparelho de áudio que a reproduz. Também se arrisca na poesia, na qual escreveu as rimas de Brasília Terra Querida. “Acho que hoje as pessoas olham para gente com menos desprezo. Hoje tem cego com canal no YouTube, outros que escrevem livros ou apresentam programa de rádio, como já fiz”, revela. “Hoje o governo, de modo geral, nos dá mais oportunidades. E a biblioteca é meu refúgio”, confessa.

O braille

Criado pelo francês Louis Braille, o braille é um sistema de escrita e leitura tátil baseado em códigos em relevo, com os quais se pode representar as letras do alfabeto, algarismos, símbolos, dentre outros.

O 8 de abril, em nosso país, faz alusão ao nascimento de José Alvares de Azevedo, primeiro professor cego que trouxe o método da França, ensinou e divulgou o sistema de leitura e escrita que muda a vida de milhões de deficientes visuais em todo o mundo.

Hoje é celebrado o Dia Nacional do Sistema Braille