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15/04/2023 às 15:56, atualizado em 16/04/2023 às 10:00
Após anos sendo lembrada pela arquitetura, a capital abraça o potencial do Cerrado para ofertar um novo tipo de passeio aos visitantes
Durante muito tempo, o turismo no Distrito Federal foi relacionado à arquitetura, aos monumentos cívicos e à religiosidade. Nos últimos anos, a cidade abraçou o potencial profetizado por Dom Bosco, quando o santo italiano previu a construção de Brasília em uma terra de riqueza inconcebível, e passou a apostar nos recursos naturais criando rotas turísticas rurais, onde a natureza e os recursos dela são protagonistas.
“O turismo rural tem o importante papel de apresentar uma Brasília que vai muito além do turismo cívico, gerando emprego e renda para o segmento. Brasília é cercada por lindas paisagens, muitas cachoeiras e lugares incríveis de fácil acesso, como, por exemplo, as regiões de Planaltina, Sobradinho e do PAD-DF [Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal]. Precisamos mostrar essas outras tantas opções que podem ser visitadas”, afirma o secretário de Turismo, Cristiano Araújo.
“O turismo rural tem o importante papel de apresentar uma Brasília que vai muito além do turismo cívico, gerando emprego e renda para o segmento. Brasília é cercada por lindas paisagens, muitas cachoeiras e lugares incríveis de fácil acesso”Cristiano Araújo, secretário de Turismodireita
Parte da região administrativa de Sobradinho é localizada entre a Reserva Biológica da Contagem e o Parque Nacional de Brasília. O Núcleo Rural Lago Oeste oferece uma experiência que une natureza, cultura e turismo e que está destacada na Rota Lago Oeste, da Coleção Rotas Brasília, da Secretaria de Turismo (Setur). Entre as diversas propriedades da região é possível vivenciar experiências em trilhas e cachoeiras, além de visitas a cultivos com direito a aproveitar a boa gastronomia regional.
O casal Djeini Aparecida Carvalho e Abimael Carvalho está à frente do Sítio Titara, no km 0 da DF-170, que oferece passeios em dez unidades de cachoeiras, cascatas e quedas d’água, hospedagem e culinária da roça. “Meu marido tem essa propriedade há mais de 25 anos. Quando ele comprou o terreno, não tinha nada. Ele comprou para o lazer da família, mas já tendo uma visão de que poderia ser para o turismo, porque é uma região montanhosa, que você nem pensa que está no Distrito Federal”, lembra Djeini.
A proposta do espaço conta com acomodação, área de lazer, piscina aquecida, pedalinho nos lagos e ainda cinco hectares de vinhedo, onde é feito tour e degustação de rótulos. “Oferecemos uma hospedagem de qualidade, com muita natureza, trilhas, passeio entre os vinheiros e muita tranquilidade. Esse é o nosso propósito e os clientes se espantam por isso existir em Brasília. Hoje a gente pratica não só agroturismo, mas o enoturismo, uma coisa inusitada para Brasília. Produzimos vinhos finos e temos atividades enoturísticas e enogastronômicas”, informa Ronaldo Triacca.
Conseguir iniciar e firmar o negócio foi um desafio. “Esse lado leste da cidade não tinha tradição nenhuma em turismo. Para reconhecer e o público entender, foi um caminho árduo e que tivemos que construir”, lembra. No início do negócio, a família contou com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). “Nos ajudaram muito a planejar e criar um modelo com mais profissionalismo. Foi muito importante nesta caminhada”, avalia.
Apoio aos produtores
A família Triacca não foi a única auxiliada pela Emater. A empresa conta com uma extensionista rural especializada em turismo, a turismóloga Zaida Regina Almeida da Silva, para essa função. “O nosso público são os produtores rurais que têm interesse em fazer atividade de turismo rural. A gente dá assessoria e as informações técnicas todas. É um incentivo para que o produtor tenha mais uma possibilidade de renda”, destaca.
“A ideia é conseguir desenvolver nossos produtores para que eles tenham no turismo uma complementação de renda. É importante porque otimiza a propriedade. Em vez deles terem que procurar uma feira ou levar os produtos até o público, é o contrário, os clientes vão até as propriedades”, acrescenta Zaida.
Em 2014, a Emater criou junto com os produtores de Planaltina o Circuito Rajadinha, que reúne dez propriedades rurais de plantas ornamentais e produtos orgânicos. O projeto visa unir o turismo rural à venda de mercadorias da agricultura familiar. As visitas ocorrem em eventos promovidos pela comunidade ou com agendamento antecipado.
A analista de sistemas Solange Cristina Almeida é a responsável pelo Sol Orquidário, um dos negócios que integra o Circuito Rajadinha. “Quando comprei a chácara, o circuito já existia, então me convidaram para participar, porque minha propriedade fica logo na entrada. Para nós realmente é ótimo, porque é uma oportunidade para vender, além de ser prazeroso receber as pessoas”, diz.
Solange explica que o público ainda estranha. “As pessoas não vêm o DF com os olhos de natureza e produção rural. Muitos pensam que é só o Congresso Nacional e acabam se encantando quando nos visitam, porque não imaginam o que vão encontrar”, completa.
Conheça as iniciativas de turismo rural