22/04/2023 às 11:15, atualizado em 22/04/2023 às 11:39

Brasília 63 anos: Hospital de Base é o pioneiro da saúde na capital

Inaugurado no ano de nascimento da cidade, o maior centro hospitalar público do Centro-Oeste é um lugar de esperança, um gigante que salva vidas

Por Josiane Borges, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes

A história do Hospital de Base (HB) se mistura com a de Brasília. Eles foram construídos simultaneamente, e o Base abriu as portas cinco meses depois da inauguração da cidade. Assim, em 12 de setembro de 1960, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e idealizado pelo presidente Juscelino Kubitschek, nascia o que hoje é um dos mais importantes hospitais do Brasil. Neste aniversário de 63 anos da capital federal, contamos um pouco da história daquele que foi pioneiro da saúde pública no Distrito Federal.

Diretor-geral do Hospital de Base, Julival Ribeiro começou a trabalhar na unidade de saúde em 1985 | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Nesses 38 anos diários no hospital, o infectologista chegou ao cargo de diretor-geral do HB e lembra de muitos acontecimentos que contribuíram para o desenvolvimento do centro de referência. “Me orgulho muito desse período. Criamos a Unidade Neurocardiovascular, específica para atender casos de AVC e infarto; reestruturamos o setor de trauma; integramos o Samu (Serviço Móvel de Urgência) e criamos nesse período o primeiro serviço oncológico do DF”.

Entusiasta do SUS e do Base, o médico acredita que o local cumpre muito bem o papel que cabe a ele. “O hospital é um marco nessa cidade. É um gigante que realiza pesquisas, ensina e forma centenas de profissionais anualmente. Sempre digo para a minha família que, se eu tiver um acidente grave, me leve para o Base”, pontua Julival.

O Hospital de Base recebe alunos de graduação em medicina, enfermagem e outros cursos da área de saúde, bem como profissionais graduados pleiteando vagas nos programas de residência médica e profissional. Atende, no campo de estágio, a vários convênios da Secretaria de Saúde com instituições de ensino superior e médio do DF.

“Realizamos em média de 10 mil a 12 mil atendimentos de trauma no último ano. Aqui definimos a vida de um paciente. É tudo muito incerto, podemos iniciar o plantão e não ter nenhum paciente em estado grave, como pode surgir um gravíssimo, e precisamos agir rapidamente. Devolver esse paciente com saúde para a família me encanta e dá ânimo para continuar”Renato Diniz Lins, chefe do Centro de Trauma do HBesquerda

Especialista em salvar vidas

Unidade referência para atendimento de casos complexos e graves, a missão diária dos profissionais que atuam no HB é salvar vidas. À frente do Centro de Trauma, o médico cirurgião Renato Diniz Lins, 43, entrou para fazer a residência médica no Base há 21 anos e nunca mais saiu.

“Muita coisa mudou de lá para cá, passamos por momentos piores e melhores, assim como a medicina evoluiu. O fato é que estamos aqui 24 horas preparados para atender os pacientes. Fazemos tudo o que é necessário para salvar uma vida, independentemente dos recursos que tivermos. O ano de 2019 foi a virada de chave do hospital, nos tornamos instituto, o que nos possibilitou ampliar o Centro de Trauma, contratar de maneira célere e o setor de raio-x, por exemplo, passou a funcionar 24h”, conta.

Em 2019, o hospital passou por uma ampla reforma administrativa. O HB começou a ser gerido pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), que tem como finalidade desburocratizar a gestão da saúde.

Além da atuação diária, o HB é o hospital de retaguarda em todos os grandes eventos realizados na capital federal, preparado para receber grandes contingentes de pacientes, como nas festividades e em feriados, como o da Independência e o aniversário de Brasília, e até mesmo eventos mundiais, a exemplo da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

[caption id=”attachment_496960″ align=”aligncenter” width=”2240 Chefe da Unidade de Nefrologia e Transplante, Cristhiane Gico é filha e neta de candangos: “Meu pai e meu avô ajudaram a construir Brasília e, hoje, fazer parte dessa instituição nessa cidade é muito importante” | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

“Me lembro bem quando nos preparávamos para a Copa do Mundo, o Base era a principal retaguarda em Brasília, fizemos treinamento e conseguimos perceber, naquele momento, como o hospital é estratégico, pela localização, no centro da cidade, pelas especialidades que possui e a rápida capacidade de mobilização”, relembra a nefrologista.

Para a médica, o Base está no coração do brasiliense, que sabe da importância do hospital em casos graves. “É um hospital de todos, e em um momento de gravidade, com ou sem dinheiro, se precisar, ele estará aqui para atender e salvar uma vida e o brasiliense sabe disso. Somos o único hospital público que capta órgãos para fazer transplantes e o único com pronto socorro 24h para transplantados. Estamos aqui para resolver o que nenhum outro hospital conseguir”, finaliza Cristhiane Gico.

Brasília 63 anos: Hospital de Base é o pioneiro da saúde na capital