12/06/2023 às 08:10, atualizado em 12/06/2023 às 10:41

Mais de 37 mil toneladas de lixo processadas no DF desde 2020

Complexo Integrado de Reciclagem do Distrito Federal é um dos mais modernos do país. Estrutura é utilizada por 11 cooperativas que empregam cerca de 460 catadores

Por Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo

Inaugurado em dezembro de 2020, o Complexo Integrado de Reciclagem do Distrito Federal (CIR/DF) é um dos mais modernos equipamentos públicos para reaproveitamento de resíduos do país. Em 28 meses de funcionamento do local, o número de materiais processados chegou a 37.574,82 toneladas – das quais até 46% geraram renda aos catadores e cooperativas envolvidos no serviço.

Com área de 80 mil m², o espaço abriga 11 cooperativas e gera emprego para cerca de 460 catadores – número flutuante, tendo em vista a rotatividade dos postos de trabalho. A gestão é compartilhada entre o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), a Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema), a Central de Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop) e as associações de catadores que atuam na região.

Chefe da Unidade de Sustentabilidade e Mobilização Social do SLU, Francisco Mendes: “Esse lugar é um dos mais inovadores que temos no país para o trabalho dos catadores. Foi pensado e projetado com as condições ideais, de segurança, saúde e conforto”

A estrutura foi construída pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), com investimentos de R$ 21 milhões feitos por meio de contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por intermédio da Sema.


Impacto socioeconômico

No complexo, os catadores atuam em conjunto: o que é coletado por cada cooperativa é vendido pela Centcoop, e o lucro é rateado entre os trabalhadores envolvidos. Por meio dos contratos com o SLU, as cooperativas conseguem arcar com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) dos catadores e custear as despesas do centro de reciclagem.

De acordo com a presidente da Cooperativa de Trabalho de Reciclagem Ambiental da Cidade Estrutural (Coorace), Lúcia Fernandes, os contratos com o órgão são fundamentais para o modelo de trabalho. A entidade é responsável por 40 catadores que fazem a triagem dos materiais. “Estamos aqui há dois anos, éramos uma cooperativa do antigo Lixão da Estrutural. O complexo nos ajudou, porque aqui é um local definitivo”, conta ela, que também está à frente da Associação Vencendo Obstáculos. O grupo faz a coleta seletiva porta a porta no Cruzeiro e leva ao complexo, para triagem. Atualmente, são 25 associados.

Arte: Agência Brasília

Reciclagem

Vidro, plástico, papel, sucata e isopor são os materiais que podem ser reciclados pelo complexo atualmente. Todos são separados por cor, descaracterizados, descontaminados e triturados ou prensados para comercialização.

Desde a abertura do espaço, foram processadas, em média, 1,3 mil toneladas de resíduos por mês. O termo processamento se refere a tudo o que é recebido. Isso porque, mesmo que o material não seja reciclado, passou por triagem dos catadores. O complexo trata de materiais recolhidos pela coleta seletiva do SLU e pelas cooperativas instaladas no local.

O catador Paulo Cezar Lobo diz: “Estou aqui há quase um ano, e já me perguntaram se quero sair, mas não. Aqui me sinto bem, as condições de trabalho são boas e a gente está ajudando o meio ambiente”

Um dos catadores envolvidos na separação é o fluminense Paulo Cezar Lobo, 63 anos. Morador da Estrutural, ele saiu do Rio de Janeiro no começo de 2022 e, no fim daquele ano, conseguiu o emprego no segmento de recicláveis por indicação de um sobrinho.

“Estou aqui há quase um ano e já me perguntaram se quero sair, mas não. Aqui me sinto bem, as condições de trabalho são boas e a gente está ajudando o meio ambiente”, afirma. “Trabalhamos com todos os EPIs [equipamentos de proteção individual]: máscara, luva, óculos”, acrescenta.

Mais de 37 mil toneladas de lixo processadas no DF desde 2020