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30/06/2023 às 13:58
Mostra especial com cinco títulos essenciais homenageia o ícone do movimento ‘Nouvelle Vague’
Falecido em 2022, aos 91 anos, o anárquico cineasta Jean-Luc Godard deixou um legado precioso ao cinema mundial com seu estilo moderno, inventivo e autoral, quando deixou a condição de crítico da respeitada revista Cahiers du Cinéma para dirigir filmes no estilo “faça-você-mesmo”. Junto com outros nomes do movimento Nouvelle Vague, influenciou gerações de realizadores audiovisuais – dos quais se destacam no Brasil Glauber Rocha e Rogério Sganzerla -, mas também provocou cizânias dentro do segmento.
“Dividida claramente em três períodos, a carreira de Godard é em si mesma ilustrativa e uma reafirmação de sua importância para o cinema que se imagina ‘futuro’ – considerando inclusive a nossa contemporaneidade. Quando surge em 1959, com Acossado, a motivação inicial de Jean-Luc Godard era um sentido de liberdade absoluta da linguagem”Sérgio Moriconi, crítico de cinema e jornalistaesquerda
Enfim, há os que veneram a obra do artista franco-suíço e os que a odeiam. Mas jamais passam despercebidos por seu talento e provocações. A prova dos nove pode ser tirada com a exibição de cinco títulos essenciais da filmografia do diretor a partir desta sexta-feira (30), no Cine Brasília, em sessões realizadas sempre às 18h30. A minimostra 5X Godard é realizada com apoio da Cinemateca da Embaixada da França, junto com o Institut Français e tem entrada no valor único de R$ 5.
Trata-se de experiência única rever esses petardos marcados não apenas por provocações estéticas e improvisos calculados, mas também de conteúdo, com histórias marcadas por cortes bruscos, câmera tremida, narrativas libertárias e diálogos existencialistas. “Dividida claramente em três períodos, a carreira de Godard é em si mesma ilustrativa e uma reafirmação de sua importância para o cinema que se imagina ‘futuro’ – considerando inclusive a nossa contemporaneidade”, atesta o crítico de cinema e jornalista, Sérgio Moriconi. “Quando surge em 1959, com Acossado, a motivação inicial de Jean-Luc Godard era um sentido de liberdade absoluta da linguagem”, observa o especialista.
Rodado em 1965, Alphaville, com sua fotografia soturna e enredo distópico, presta homenagem, bem ao estilo godardiano, ao cinema noir, gênero americano por excelência. Enfeixados dentro de narrativa maluca, como sugere o título original, mas com pitadas de lirismo, o coloridíssimo O Demônio das Onze Horas – também de 1965 e também estrelado por Belmondo -, traz releitura instigante da mítica trajetória dos bandidos-amantes, Bonnie e Clyde. Fascinado pela obra, o cineasta Rogério Sganzerla faz sutil homenagem ao filme no seu, igualmente vanguardista, O Bandido da Luz Vermelha (1969).
Um ponto de transição na carreira do diretor, A Chinesa (1967) aflora o lado político de Godard numa trama que parecia antever o revolucionário Maio de 1968 e as guerrilhas urbanas que iriam pipocar mundo afora sob o calor da Guerra Fria. “O Godard é algo essencial no que diz respeito à técnica e narrativa cinematográfica, antecipando o que hoje é bastante comum e até vulgarizado na linguagem ‘internética’, que é o uso na edição do jump cut”, destaca o professor de cinema, Alex Vidigal.
Serviço
5X Godard, no Cine Brasília
– De sexta a quarta, sempre às 18h30, com ingresso a R$ 5
Programação completa do Cine Brasília
– Sexta (30): Acossado
– Sábado (1º): O Desprezo
– Domingo (2): O Demônio das Onze Horas
– Segunda (3): Alphaville
– Terça (4): A Chinesa
– Quarta (5): Acossado.
*Com informações da Secec