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25/07/2023 às 11:58, atualizado em 25/07/2023 às 12:06
Projeções na cúpula do Museu Nacional da República, nesta terça (25), marcam o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado nesta terça-feira (25), será lembrado com intervenção visual projetada na cúpula do Museu Nacional da República (MuN), das 19h às 22h. O trabalho em videomapping foi criado pelo Coletivo Coletores, que também exibe, até 10 de setembro, a exposição Signos de Resistência, Bordas da Memória, que apresenta mais de 250 obras, 50 delas inéditas, no espaço da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec).
Com pouco mais de um minuto de duração, o vídeo, intitulado AKOMA, mescla animação, intervenção urbana, palavra e tecnologia para homenagear mulheres negras e suas histórias de inspiração, superação e redenção. Entre elas a líder quilombola do século 18, Tereza de Benguela, a escritora Carolina de Jesus e a ex-vereadora e ativista Marielle Franco.
“Seus feitos e conquistas continuam transformando nossa sociedade”, resume Toni Baptiste, que faz dupla com Flávio Camargo no Coletivo Coletores. “Ao ‘pichar’ com videomapping a fachada do Museu Nacional, estamos chamando atenção para as múltiplas existências que são negadas, apagadas ou apartadas nesses e demais locais”, comenta a curadora Aline Ambrósio.
“Levando em consideração que nós, mulheres negras, ainda ocupamos um lugar de maior desvantagem social numa pirâmide de raça, gênero e classe, é necessário que existam iniciativas que nos estimulem a contar nossas próprias histórias, a assumir um papel de protagonismo”Luana Souza, idealizadora do projeto Malubáesquerda
Apoio do FAC
Outros projetos que circulam ou estiveram presentes na pauta cultural da cidade, financiados pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), exaltam o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Nesta terça-feira (25), às 21h, ainda em sessão especial em celebração à efeméride, será exibido no Cine Brasília o longa-metragem Amor Maldito, filme de 1984 de Adélia Sampaio estrelado por Monique Lafond e Emiliano Queiroz.
Na semana passada, foi exibido no espaço o premiado curta-metragem Filhas de Lavadeiras, da professora e documentarista, Edileuza Penha. Na trama, a história da ancestralidade de um ofício passado de mãe para filha, e a luta dessas mulheres por uma vida melhor pelos caminhos da educação. “Acredito que estamos no caminho certo quando damos vozes a essas mulheres que foram historicamente silenciadas”, destaca a diretora. “Esse cinema é urgente”, diz a realizadora.
Idealizado por meninas negras de Ceilândia, o projeto Malubá promove uma série de atividades formativas por meio de oficinas de teatro, workshop de escrita dramatúrgica, elaboração de portfólio e rodas de conversas. Os encontros, realizados nos dias 1º, 3, 8, 10, 15, 17 e 22 de agosto, são sempre das 9h às 12h no espaço Jovem de Expressão, localizado na Praça do Cidadão, em Ceilândia.
“Iniciar nossos processos de produção no mês desta data nos estimula a reverenciar quem veio antes e trazer à tona a relevância da mulher negra para construção de nossa sociedade”, avalia a idealizadora da ação, Luana Souza. “Levando em consideração que nós, mulheres negras, ainda ocupamos um lugar de maior desvantagem social numa pirâmide de raça, gênero e classe, é necessário que existam iniciativas que nos estimulem a contar nossas próprias histórias, a assumir um papel de protagonismo”, defende.
Iniciado em 17 de abril e com atividades previstas até o mês de agosto, a iniciativa Tranças no Mapa, idealizado e coordenado pela pesquisadora Layla Maryzandra, faz parte da pesquisa de campo do Programa de Mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT) da Universidade de Brasília (UnB) e pretende construir a 1ª Cartografia Sociocultural de Trancistas do Distrito Federal e Entorno. Na prática, como o nome indica, trata-se da trançagem de fios de cabelos que contam histórias e reforçam a identidade de mulheres negras.
A técnica remonta a uma prática cultural ancestral, de matriz africana, que funciona como resgate da autoestima e da sensação de pertencimento. É muito mais que um adorno. É um símbolo, como explica a pesquisadora Layla Maryzandra. “É um projeto de valorização e salvaguarda dos modos de saber e fazer, estamos discutindo sobre identidade e território, direito à memória negra”, observa.
Por meio de preenchimento de formulário eletrônico é possível se inscrever para participar da oficina online de Patrimônio Cultural, em agosto, e ainda responder à pesquisa que, entre outros questionamentos, pergunta se trançar é a principal atividade econômica da interessada, com quem ela aprendeu a arte e se ela reconhece a prática como sendo de origem africana.
*Com informações da Secec