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01/08/2023 às 13:52, atualizado em 01/08/2023 às 15:46
Projeto Consultório na Rua oferece dignidade a quem tem dificuldade em acessar exames e tratamentos especializados
Um projeto do Governo do Distrito Federal (GDF) leva dignidade a quem tem dificuldade de acessar os serviços públicos mais básicos. Por meio do Consultório na Rua, cinco equipes multiprofissionais realizam atendimento de pessoas em situação de rua. Exames, tratamentos e laudos são oferecidos para essa população, com um serviço de acolhimento da Estratégia de Saúde da Família (ESF). A política foi estabelecida nacionalmente em 2011 e implementada na capital federal no ano seguinte, sob a coordenação da Secretaria de Saúde (SES), por meio da Gerência de Atenção à Saúde de Populações em Situação Vulnerável e Programas Especiais (GASPVP).
As áreas contempladas com o consultório, atualmente, são: Central (Asa Sul, Asa Norte, Cruzeiro, Lago Norte, Varjão e Vila Planalto), Leste (Paranoá, Itapoã, São Sebastião e Jardim Botânico), Oeste (Brazlândia e Ceilândia), Sudoeste (Águas Claras, Recanto das Emas, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires) e Sul (Gama e Santa Maria). As equipes estão instaladas na unidade básica de saúde (UBS) 1 da Asa Sul, na UBS 5 de Taguatinga, na UBS 5 de Ceilândia, na UBS 4 do Gama e na UBS 1 do Paranoá. A maioria conta com assistente social, enfermeiro, médico, psicólogo e técnicos de enfermagem.
Invisíveis para alguns, prioridade para outros
O Consultório na Rua oferece todos os serviços disponíveis na Atenção Primária: testagem, exames, encaminhamentos para especialidades, curativos, entre outros. Diariamente, as equipes saem em busca de novos pacientes e daqueles já acolhidos para dar continuidade aos tratamentos. “A gente fica rodando pelas cidades, procurando os pacientes até encontrá-los”, conta a médica de saúde da família da UBS 5 de Taguatinga, Samanta Hosokawa.
Encontrado um novo paciente, é iniciado o acolhimento. Os profissionais coletam o máximo de informação possível para cadastrá-lo junto à UBS e auxiliam nas demandas que for preciso. “Tentamos fazer esse resgate para encaminhar aos serviços necessários, como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Nós somos a equipe de saúde da família para a rua”, pontua Hosokawa. A equipe da UBS 5 conta com médico da família e comunidade, psicólogo, três técnicos de enfermagem, dois enfermeiros, assistente social e motorista.
“Conforme vamos atendendo, voltando, acolhendo novamente, eles se sentem importantes, entendem que merecem o cuidado de saúde. Muitas das vezes acham que não precisam disso ou que, por não terem documento, não vão conseguir ser atendidos”, avalia a médica. “Resgatar a dignidade das pessoas em situação de rua por meio do cuidado em saúde, é essencial no nosso trabalho. Não é só levar medicação para alguma dor, mas ajudar que resgatem a própria cidadania, a qual tem direito mas acham que não”, completa.
Sem endereço fixo ou emprego, José Eduardo* está em situação de vulnerabilidade há mais de uma década. Nascido em 19 de setembro de 1973, como ele mesmo revela, vive em situação precária pelas ruas de Taguatinga. Ele conta que, em meio às mazelas diárias, encontrou apoio na equipe da UBS 5. “Me ajudam muito”, conta sucintamente. No último atendimento, os profissionais fizeram um curativo na perna do homem.
A psicóloga Heleura Oliveira, integrante do Consultório na Rua da UBS 5 de Taguatinga desde 2013, relata que o trabalho depende da relação construída com o paciente. “Essa população é muito frágil porque tem os vínculos familiares rompidos, além de que se movimentam muito no território, então, muitas vezes, são difíceis de encontrar para dar o resultado de um exame ou prosseguir com um tratamento, por exemplo”, diz. “O objetivo do consultório é facilitar o acesso da população para que tenham uma atenção integral à saúde longitudinal.”
“A rede toda tem responsabilidade de atender esse cidadão. Mas muitos vêm até aqui, buscando a nossa equipe, por conta do vínculo que foi construído durante a busca ativa. São pessoas que chegam nos serviços hospitalares com problemas crônicos, e precisam fazer esse acompanhamento longitudinal, que é oferecido pela Atenção Básica”, completa Oliveira.
Além do atendimento à população de rua, a secretaria também oferece serviços voltados à população residente na área rural, negra, LGBTQIA+, indígena, cigana, jovens em medida socioeducativa e famílias atendidas pelo Cadastro Único.
* Nome fictício