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19/08/2023 às 18:03, atualizado em 20/08/2023 às 13:22
Além dos 15 restaurantes comunitários, ações de assistência amparam famílias com insegurança alimentar grave na capital
Sentado em uma das mesas do Restaurante Comunitário do Recanto das Emas, Francisco Grossi, 79 anos, é frequentador assíduo dos restaurantes comunitários há mais de dez anos, e já visitou diversas unidades em Brasília. Ele é fã da dobradinha e, principalmente, da feijoada.
“Eu moro sozinho, não cozinho bem. Eu venho aqui, como uma comida saudável, levo uma quentinha e venho na janta também. E agora que está abrindo no domingo, eu virei também”, afirma. Francisco ressalta a qualidade da comida e a acessibilidade do preço.
Segurança alimentar
Para a diarista Edilza de Jesus, 56 anos, o Restaurante Comunitário é mais que uma opção saudável. Por um longo tempo, significou sua sobrevivência. Edilza ficou quase três anos desempregada, vendendo geladinho para ter renda. “Minha salvação era o Restaurante Comunitário de Ceilândia”, conta.
Uma pesquisa realizada em 2021 pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), em meio à pandemia da covid-19, apontou que, no Distrito Federal, 79% dos domicílios estavam em segurança alimentar.
Primeira pesquisa de segurança alimentar e nutricional no Distrito Federal, o estudo foi realizado em 30.888 domicílios, com dados coletados pela Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad). Dos 21% que se encontravam em algum grau de insegurança alimentar, 12,9% tinham um grau leve; 4,2%, moderado e 3,9%, grave.
A insegurança alimentar ocorre quando a pessoa tem incerteza quanto ao acesso a alimentos no futuro, passando pela redução quantitativa, ou até mesmo a falta do alimento – nesse último caso, a fome. A pesquisa do IPEDF apresentou um panorama da segurança alimentar no DF, segundo características da população e dos domicílios, utilizando a Escala Brasileira de Segurança Alimentar (Ebia).
Programas de assistência
Durante a pandemia, houve aumento no número de famílias que perderam a renda e passaram a depender de benefícios sociais para sobreviver. De acordo com Ana Paula Marra, o foco da Secretaria de Desenvolvimento Social é nos 3,9% das famílias que estão em situação de insegurança alimentar grave.
Entre os programas direcionados à segurança alimentar e nutricional, há os de transferência de renda, como o programa Prato Cheio, que se tornou uma política de Estado permanente. São R$ 250 por mês disponíveis em um cartão para que o beneficiário possa se alimentar indo a qualquer supermercado, restaurante ou padaria.
O Prato Cheio foi criado ainda no início da pandemia da covid-19 para substituir a entrega de cestas básicas in natura, que passaram a ser levadas em domicílio apenas em caráter emergencial.
“Lembrando que não tiramos a cesta básica emergencial in natura. Se uma família chegar procurando atendimento no Cras [Centro de Referência e Assistência Social], precisando de alimento de forma imediata, ainda há a cesta básica in natura. O Prato Cheio veio para dar essa autonomia, para a pessoa comprar o que de fato precisa em casa”, ressaltou a secretária Ana Paula Marra.
Antes do programa, implementado no início da pandemia da covid-19, eram entregues 6 mil cestas básicas no DF ao mês. “De 6 mil cestas básicas para 100 mil famílias, eu tenho certeza que a pesquisa de 2023 vai refletir esse aumento do programa. Não tenho dúvidas que em 2023 teremos um avanço grande na área social do governo”, declarou.
Cada família que faz parte do programa Prato Cheio recebe também a Cesta Verde, com diversas verduras e legumes para garantir a qualidade da alimentação de cada família. Já foram mais de 400 mil famílias atendidas no Prato Cheio desde sua criação.
Há, ainda, o Cartão Gás, outro programa social que traz um benefício de R$ 100 em parcelas bimestrais para a compra de botijão de 13 kg de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Mensalmente, 70 mil famílias recebem o Cartão gás.
Como acessar
A porta de entrada da assistência social no GDF são os Cras. No DF, há 30 unidades, além de equipes móveis que vão até as áreas rurais de mais difícil acesso, para atender pessoas que nem sabem às vezes como chegar em um Cras.
Também é possível agendar o atendimento por meio do telefone 156 ou pelo site da secretaria. Após o cadastro, a situação de cada família é avaliada para ser atendida pelo programa que mais se adequa.
Para ter acesso a programas como o Cartão Gás, é necessário ter inscrição no Cadastro Único, renda familiar per capita de até meio salário mínimo, declarar comprometimento de renda com a aquisição do GLP de 13 kg, morar no Distrito Federal e ter idade igual ou superior a 16 anos.