22/09/2023 às 19:40

Banco de Leite do Hospital Regional de Taguatinga comemora 45 anos

Referência nacional, a unidade foi a primeira do Centro-Oeste e salvou milhares de crianças no Distrito Federal

Por Agência Brasília* | Edição: Vinicius Nader

Em 1978, quando o país ainda não possuía uma política de incentivo ao aleitamento materno, um grupo de médicos e associados do Rotary Clube de Taguatinga fundava o primeiro banco de leite humano na região Centro-Oeste. Nasceu, assim, em 19 de setembro daquele ano, o Banco de Leite do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), que, ao longo de 45 anos, tem contribuído para a saúde e a história de centenas de crianças. A unidade é referência e procurada por profissionais de outros estados e países para treinamentos, indicados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Em celebração à data especial, funcionários e beneficiados receberam homenagem da Secretaria de Saúde (SES-DF), que concedeu certificados de reconhecimento pelos serviços prestados à saúde e um café da manhã em comemoração. A coordenadora de Políticas de Aleitamento Materno da pasta, Miriam Santos, emocionou-se ao recordar do esforço dedicado por muitos profissionais para manter a unidade em funcionamento.

Só no primeiro semestre de 2023, as doações recebidas pela rede pública de saúde nutriram quase 8 mil bebês | Foto: Tony Winston/ Agência Saúde-DF

A coordenadora do banco de leite do HRT, Natália Conceição, acredita que os 45 anos de história da unidade foram muito marcantes: “Fazer parte dessa história e dar continuidade a essa ideia inovadora é algo transformador. Nossa equipe sabe que impacta a vida da população. O aleitamento materno é fundamental e é algo gratificante saber como contribuímos.”

É o caso do pequeno Henry de Moura, que nasceu de 36 semanas, mas com peso de uma criança de 33 semanas, e recebe o leite do banco. A mãe dele, Andressa Venâncio de Moura, 34 anos, se emociona ao saber que o filho recebe ajuda. “Meu leite começou a descer apenas nesta semana e nos próximos dias vamos pegar um complemento para que ele continue a ganhar peso”, detalha. “A gente olha e vê que não está saindo leite e começa a se desesperar. Aqui, aprendi como fazer massagem, fazer a pega. Coisas que eu nem tinha ideia”, conta.

“O trabalho dessa equipe é essencial. Sem esse alimento meu filho não estaria aqui. É muito especial pra mim celebrar esse momento com a SES-DF.”Jessita Pereiradireita

Jessita Pereira, 28 anos, fala com a voz embargada que o filho está recebendo toda a alimentação pelo banco de leite, pois ela não estava produzindo. “O trabalho dessa equipe é essencial. Sem esse alimento meu filho não estaria aqui. É muito especial pra mim celebrar esse momento com a SES-DF.”

Uma vida dedicada ao aleitamento

“Colaborar com a saúde básica, pois um bebê alimentado corretamente sai da fila do SUS, não tem preço”Rosilene Ribeiro da Silva, técnica em gestão de saúdeesquerda

Técnica em gestão de saúde, Rosilene Ribeiro da Silva trabalha há 24 anos no BLH do HRT e já perdeu as contas de quantas mulheres e crianças amparou: “Ajudar esse binômio [mãe e bebê] é uma ação indescritível. Colaborar com a saúde básica, pois um bebê alimentado corretamente sai da fila do SUS [Sistema Único de Saúde], não tem preço”, afirma, e ainda ressalta que se sente agraciada por participar de um projeto como esse.

Mesmo aposentada, Marli Leite Borges, continua amiga e apoiadora do banco de leite. “Dediquei dez anos da minha história na enfermagem à unidade e foi um dos lugares mais gratificantes em que estive.”, relata.

Como doar

Só no primeiro semestre de 2023, as doações recebidas pela rede pública de saúde nutriram quase 8 mil bebês. Foram coletados cerca de 11 mil litros de leite, volume que superou em 14% o mesmo período de 2022. Mas para continuar funcionando, a unidade depende de doações mensais.

Para agendar uma visita do CMBF, basta ligar no telefone 160 [opção 4] ou realizar o cadastro no site do programa Amamenta Brasília. A equipe do banco de leite mais próximo entrará em contato para marcar uma visita dos bombeiros, que já levam um kit com máscara, touca e potes esterilizados.

Santos explica que doar o leite materno excedente é mais fácil do que muitas mães pensam. “Um erro comum é achar que o frasco precisa ser preenchido de uma só vez com o alimento”, aponta a coordenadora de Políticas de Aleitamento Materno. “Na verdade, a mulher tem até dez dias para encher o pote”. Para isso, é preciso completar o frasco mantido no congelador com a ajuda de um copo de vidro, conforme o leite for retirado. Um pote com cerca de 300 ml do alimento pode garantir a nutrição de até dez recém-nascidos.

*Com informações da Secretaria de Saúde