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31/10/2023 às 12:04
Dez escritores do gênero vão ler contos e conversar com o público nesta terça (31), às 19h30, em evento com entrada gratuita
A Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) recebe um evento de tirar o sono nesta terça-feira (31), data do Halloween ou Dia das Bruxas – e também Dia do Saci, instituído no Brasil em 2003. Trata-se da primeira edição do Terror Literário, encontro de escritores do gênero, que vão ler contos e trechos de trabalhos próprios. A iniciativa é fruto de parceria do equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) com o Instituto Fazer o Bem e o Sindicato dos Escritores.
“Essa ação valoriza a literatura brasiliense, seus escritores e escritoras, e marca a presença da nossa maior biblioteca pública numa data que caiu no gosto popular”, destaca a diretora da BNB, Marmenha Rosário. “Apresentaremos um recorte singular da produção brasiliense desse gênero literário, que está efervescente no Brasil”, observa o presidente do Fazer o Bem, à frente ainda do Sindescritores, Marcos Linhares.
Logo após o cair da noite, às 19h30, com entrada gratuita, quem quiser conhecer e se arrepiar com o suspense do gênero literário poderá, após as leituras, participar também de bate-papo, sessão coletiva de autógrafos e sorteio de livros.
“Pergunte a qualquer um que sofre de ansiedade e ele lhe apontará a própria mente como o seu maior inimigo. O terror vem de dentro. Externalizamos os fantasmas que habitam em nós. Não é de surpreender nossa tendência em projetar no outro esse inimigo interno. Assim nascem monstros e demônios”J. P. Silva, escritordireita
Dez autores já confirmaram presença no Terror Literário: Bruna Presmic, Bruno Bucis, Carol Castro, Gilbson Alencar, Gustavo Cordeiro, J.P. Silva, Marcelo Araújo, Rodrigo Duhau, Sarah Schmorantz e Clinton Davisson Fialho.
“Sempre fui fascinado por histórias de terror. Na escola, tinha medo de ir ao banheiro sozinho por causa da ‘mulher de algodão’ [como se referiam ao receio da aparição de mulher com algodão no nariz]. Era medo misturado a certo prazer”, relata Clinton, que trabalhou como repórter policial em Macaé (RJ) durante dez anos.
“Lá é violento, e muita coisa que vivenciei naquela época, guardei para mim, pensando em exorcizar escrevendo”, diz o escritor nascido em Volta Redonda, também no RJ, e que acaba de lançar o livro Baluartes, terra sombria, finalista do prêmio Argos deste ano na categoria Melhor romance. Clinton está terminando um conto de terror e vai lançar um livro sobre sacis.
Mestre em letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Amanda Leonardi também é escritora de ficção e distingue terror e horror, frequentemente confundidas como sinônimos: “Terror é relacionado ao medo psicológico, à ameaça de perigo, à aflição, ao temor, enquanto o horror ocorre quando temos uma repulsa a algo grotesco, mais gráfico, geralmente envolvendo sangue, violência; é quando a expectativa do terror já foi superada, e não há mais nada a ser feito: os sentidos, antes aguçados, em alerta, ficam então congelados, sem reação”.
“Eu pesquiso terror há três anos e tenho me identificado cada vez mais com essa linguagem. Estamos vivendo um boom muito interessante da literatura de terror na América Latina, e vários escritores da nossa região se tornaram lidos no mundo inteiro, trazendo a mitologia daqui para narrativas contemporâneas e inovadoras”Bruno Bucis, escritoresquerda
Histórias sombrias
Bruna Presmic, confirmada para o encontro de Halloween, fala de seu trabalho: “Escrevo desde os 16 anos. Quando minhas histórias nascem, elas são sombrias. Por mais que eu tente escrever sobre outras coisas, são os contos infelizes que brotam das minhas palavras”. Ela cita como inspirações os consagrados Edgar Allan Poe, Mary Shelley, H.P. Lovecraft e Guillermo de Toro.
Em seu livro Contos sombrios sem final feliz, Presmic discorre sobre a solidão em seis contos. A obra saiu pela Editora Tagore, este ano. Bruna vai ler o conto A menina do bordado. “Minha expectativa sobre o encontro é levar literatura de Brasília ao público, causar incômodo com histórias de terror e conversar muito sobre livros”, revela a escritora nascida em Brasília em 1982, formada em jornalismo.
Outro brasiliense, nascido em 1998, o professor de inglês, músico e escritor J. P. Silva afirma que, em suas obras, é comum a mistura entre o real e o fantástico. Ele destaca em sua produção recente o romance O paraíso dos pássaros e o livro de contos Garrafa!
“Gosto de explorar a angústia humana. Pergunte a qualquer um que sofre de ansiedade e ele lhe apontará a própria mente como o seu maior inimigo. O terror vem de dentro. Externalizamos os fantasmas que habitam em nós. Não é de surpreender nossa tendência em projetar no outro esse inimigo interno. Assim nascem monstros e demônios”, teoriza.
Bruno Bucis se apresenta como um escritor e jornalista da periferia de Brasília. É mestrando em literatura latino-americana na Universidade de Buenos Aires (UBA). Seu primeiro livro, Noites de sol, foi lançado em 2017 pela Tagore. No ano seguinte, a novela inédita Brigue como um morto obteve o segundo lugar em edital do Ministério da Cultura.
“Eu pesquiso terror há três anos e tenho me identificado cada vez mais com essa linguagem. Estamos vivendo um boom muito interessante da literatura de terror na América Latina, e vários escritores da nossa região se tornaram lidos no mundo inteiro, trazendo a mitologia daqui para narrativas contemporâneas e inovadoras”, diz Bruno.
“O Dia das Bruxas não é uma tradição exterior. O fim do mês de outubro e o início de novembro abrigam reflexões sobre a morte e a espiritualidade em diversas culturas, inclusive na nossa, que celebra Finados no dia 2”, lembra ele. Em 2022, Bucis foi selecionado pela incubadora DAO-Portugal para uma residência de escrita.
Carol Castro apresenta-se como “uma internacionalista brasiliense que despertou no mundo da escrita a partir de rascunhos sobre bruxas que criou na adolescência”. É admiradora dos escritos de terror de expoentes como H.P. Lovecraft, Stephen King, Edgar Allan Poe, J.K. Rowling e J.R.R. Tolkien, a maioria dos quais com livros presentes no acervo da maior biblioteca pública do DF. A BNB também guarda em sua coleção de mangás e HQs com trabalhos de inspiração lúgubre.
Carol tem minicontos de terror e mistério publicados em antologias, escritos sombrios no WattPad e um perfil literário no Instagram, onde fala sobre seus escritos e leituras atuais. É autora dos livros Lina, um romance do gênero terror contada na serra catarinense, e Cemitério envidraçado, uma novela do mesmo gênero contada no cemitério de Brasília.
Serviço
Terror Literário
→ Leitura, bate-papo, autógrafos e sorteio de livros sobre literatura de terror
→ Terça-feira (31), às 19h30
→ Biblioteca Nacional de Brasília (BNB)
→ Entrada gratuita
→ Mais informações no Instagram @insfabem.
*Com informações da Secec