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07/03/2018 às 13:14, atualizado em 07/03/2018 às 13:18
Nos 30 anos da Constituição Federal, todas as mulheres que integraram o parlamento à época receberam o Diploma Bertha Lutz, em reconhecimento à luta pela igualdade de gênero
As 26 deputadas constituintes receberam o Diploma Bertha Lutz nesta quarta-feira (7), em reconhecimento à importância delas na luta feminina pela igualdade de gênero. A 17ª edição da premiação ocorreu no Senado Federal.
Geralmente cinco pessoas são escolhidas pelo conselho do diploma, formado por senadoras e senadores, para receber a honraria. Neste ano, para comemorar os 30 anos da Constituição Federal, decidiu-se por uma edição ampliada, com diplomas para todas as deputadas eleitas em 1986.
Uma das então parlamentares é a secretária de Projetos Estratégicos do DF, Maria de Lourdes Abadia. “Em 1986, ocorreu a primeira eleição de Brasília e eu fui escolhida para representar o povo. Quando chegamos ao Congresso Nacional, sequer havia banheiro feminino”, recordou. O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, participou da cerimônia.
Para Abadia, nesses 30 anos, o aumento da representatividade das mulheres foi abaixo do esperado. “A mulher exerce um papel muito importante na sociedade. Tem mais representação feminina hoje do que em 1988, mas ainda é pouco.”
Na legislatura atual, o Brasil tem 13 senadoras e 54 deputadas federais. O número de homens é 68 e 459, respectivamente. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro.
O Diploma Bertha Lutz foi criado em 2001 para reconhecer a luta política das mulheres. Já receberam a honraria pessoas como a ex-presidente da República Dilma Rousseff, a farmacêutica Maria da Penha (inspiradora da lei de mesmo nome) e a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie Northfleet, primeira mulher a integrar e presidir a Corte.
“Em 1986, ocorreu a primeira eleição de Brasília e eu fui escolhida para representar o povo. Quando chegamos ao Congresso Nacional, sequer havia banheiro feminino”Maria de Lourdes Abadia, secretária de Projetos Estratégicos do DF e deputada constituinteesquerda
A premiação leva o nome da advogada e bióloga Bertha Maria Julia Lutz, relevante figura para o feminismo no Brasil. Ela foi a segunda mulher a fazer parte do serviço público no País, ao ser aprovada em concurso para pesquisadora e professora do Museu Nacional, em 1919.
A bióloga foi fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, após conhecer o movimento feminista enquanto estudava na Europa. Ela defendeu a bandeira do direito ao voto para as mulheres, conquista que veio em 3 de maio de 1933, na eleição da Assembleia Nacional Constituinte.
Bertha Lutz foi eleita suplente em 1934. Assumiu a titularidade em 1936, com a morte de Cândido Pessoa, e perdeu o cargo em 1937, quando Getúlio Vargas dissolveu o Poder Legislativo por meio do Estado Novo.
Edição: Paula Oliveira