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15/03/2018 às 17:56, atualizado em 13/06/2018 às 17:35
Redução no tempo do banho e aproveitamento da chuva estão entre as medidas listadas no levantamento apresentado pela Codeplan nesta quinta (15). Consumo diário per capita caiu 12,2% em 2017, segundo a Caesb
Diferentemente do informado, 73% dos entrevistados disseram já ter visto alguém jogar lixo nas ruas — e não 78%.
Os efeitos da maior crise hídrica da história do Distrito Federal podem ser percebidos nas atitudes dos brasilienses em relação ao uso da água.
É o que apontam as respostas dos entrevistados da pesquisa Comportamento Sustentável no DF: Visões sobre Conservação, Preservação e Coletividade, divulgada nesta quinta (15) pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).
O objetivo do levantamento, segundo o presidente da empresa pública, Lucio Rennó, é aproveitar o 8º Fórum Mundial da Água — que ocorrerá de 18 a 23 de março no Centro de Convenções Ulysses Guimarães — para conscientizar a população.
“Existe uma discrepância entre o que as pessoas dizem e o que acreditam que a sociedade faz. É muito comum cobrar, mas raramente se pensa nas responsabilidades de cada um”, destacou, sobre diferenças notadas nas respostas obtidas pela equipe.
Um exemplo é que 90% disseram ter reduzido o tempo do banho, enquanto apenas 33% acreditam que isso seja hábito no DF, quando perguntados sobre a visão do comportamento de outras pessoas.
Noventa e sete por cento afirmaram fechar a torneira ao escovar os dentes. Já a percepção sobre a frequência do ato na sociedade foi de 28%. A pesquisa foi feita de 26 de janeiro a 20 de fevereiro, com 2.683 moradores das 31 regiões administrativas.
No caso de reutilização da água da chuva e do banho ou da máquina de lavar, as respostas positivas representam 56% e 74% dos casos, respectivamente.
O início do racionamento no abastecimento de água, em janeiro de 2017, converge com a resposta dos 61% que disseram ter comprado reservatórios para armazenar água no último ano. Desses, 46% apostam que outros fizeram a mesma coisa.
A pesquisa da Codeplan também abrange a atitude do brasiliense no trato dos resíduos sólidos. De acordo com o levantamento, 58% separam os materiais recicláveis no lixo de casa para a coleta seletiva. Mesmo assim, 73% dizem ter visto alguém jogar lixo nas ruas.
[Olho texto='”Existe uma discrepância entre o que as pessoas dizem e o que acreditam que a sociedade faz. É muito comum cobrar, mas raramente se pensa nas responsabilidades de cada um”‘ assinatura=”Lucio Rennó, presidente da Codeplan
Apesar das diferenças entre as respostas das atitudes e do que se acredita que os outros fazem, a diretora-presidente do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Kátia Campos, vê os dados com otimismo.
“Com base no nosso trabalho, percebo que o discurso vem antes da prática. Muita gente compreende que é errado jogar lixo no chão, mas faz assim mesmo. No entanto, a pessoa tem a intenção de melhorar e alcançar o comportamento correto.”
Para Kátia, a apresentação da Codeplan foi além do comportamento do brasiliense com os recursos hídricos e tratou de cidadania. “Se alguém economiza água, tende a não jogar lixo na rua. Essa pesquisa levanta essa noção de responsabilidade e coletividade.”
As respostas dadas à Codeplan estão alinhadas a informações levantadas pela Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb).
“Precisamos que a sociedade se conscientize e melhore ainda mais esses índices. Cada gota é importante”Jorge Werneck, diretor da Adasaesquerda
De acordo com a estatal, o consumo de água caiu em Brasília, em 2017, para 129 litros per capita por dia — o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 110 litros. Levantamento em 2016 apontou um uso por pessoa de 147 litros por dia. Em anos anteriores, o gasto também foi maior: 189 litros em 2014 e 153 em 2015.
A região residencial de maior consumo per capita ainda é o Lago Sul, que apresentou redução de 16,2%, de 437, em 2016, para 366 litros, em 2017. As localidades de menores consumos foram a Fercal (55 litros/habitantes/dia), o Itapoã (57) e a Estrutural/Scia (58).
Os dados levam em conta a população divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o volume de consumo apurado pela Caesb.
As únicas áreas onde houve aumento per capita foram o Paranoá e o Riacho Fundo II, regiões em que a Caesb passou a abastecer programas residenciais, como o Paranoá Parque e novas etapas do Morar Bem.
O aumento da conscientização pode ser associado a um conjunto de fatores, como explica o diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa), Jorge Werneck.
“Percebemos uma maior mobilização e conscientização, mas também houve um período de readequação da tarifa de água, a diminuição da pressão e o racionamento em si, medidas importantes durante a fase mais crítica da crise”, atribui.
De acordo com o Werneck, a população teve de se adaptar em um tempo curto, devido à grande variação do clima, do nível das chuvas e, consequentemente, da vazão dos rios que abastecem o DF.
“Precisamos que a sociedade melhore ainda mais esses índices para que possamos associar esse empenho a uma gestão adequada. Cada gota é importante”, reforça.
Colaborou Vinícius Brandão.
Edição: Marina Mercante