18/03/2018 às 09:32, atualizado em 19/03/2018 às 10:21

Doações ao Fórum Mundial da Água serão usadas para recuperar mananciais no DF

A cada 5 euros recebidos, representantes do encontro internacional vão restaurar 5 metros quadrados de vegetação do Cerrado na estação das chuvas, no fim de 2018

Por Vinícius Brandão, da Agência Brasília

Para proteger mananciais do Distrito Federal, os organizadores do 8º Fórum Mundial da Água se comprometem a recuperar, a cada 5 euros doados, 5 metros quadrados de matas de galeria e vegetação típica do Cerrado. O encontro internacional ocorre em Brasília deste domingo (18) até sexta-feira (23).

Doações de mudas para o Fórum Mundial da Água

Intitulada Cerrado do Fórum, a ação faz parte do projeto Produtor de Água no Pipiripau, desenvolvido em parceria com agricultores da região. A restauração será por meio de plantio de mudas e semeadura do solo nas margens e nas nascentes do córrego de mesmo nome.

Grãos cedidos pela Associação de Coletores de Sementes da Chapada dos Veadeiros (Cerrado de Pé) serão plantados em tubetes durante o fórum e levados para o Rede Planta. Nesse projeto, alunos de escolas particulares de Brasília cuidam de espécies vegetais em viveiros.

Lá, as espécies serão preparadas até que virem mudas e estejam prontas para o plantio na época do início das chuvas, em setembro e outubro de 2018.

Sementes do Cerrado serão plantadas em tubetes durante o fórum. Cuidadas por alunos do projeto Rede Planta, as espécies serão introduzidas, na época das chuvas, nas margens e nascentes do Pipiripauesquerda

Depois disso, elas serão levadas para propriedades rurais que participam do projeto Produtor de Água do Pipiripau. As áreas ainda não foram definidas.

Além do plantio das mudas, o dinheiro arrecadado servirá para que as áreas passem pelo processo de semeadura direta. A técnica consiste em tratar o solo para remover gramíneas que não integram a vegetação nativa.

Assim, não é necessário fazer manutenção das espécies depois do plantio. Para receber a restauração ambiental, os produtores devem se comprometer a zelar pelas mudas, permitir vistorias na área e fornecer informações sobre os mananciais que passam pelas propriedades.

Os dados serão inseridos em uma plataforma on-line chamada Sistema de Informação de Restauração. Por ela, os doadores poderão acompanhar o sucesso da recuperação ecológica.

Segundo a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa), até quarta-feira (14), foram doados R$ 8,5 mil por 226 inscritos de todo o mundo.

Como doar para o plantio das mudas

Interessados em doar mudas têm duas opções: a primeira é on-line, no momento da inscrição, pelo site oficial do fórum, nos valores de 5, 10, 15, 20 ou 25 euros. A segunda, no evento, com R$ 20, R$ 40, R$ 60, R$ 80 ou R$ 100.

Dois espaços designados com o nome Brasília serão montados: um na área de exposição do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, e outro na Vila Cidadã, dentro do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.

Neles, haverá estandes da Adasa para atender interessados, que poderão fazer a doação e plantar as sementes nos tubetes.

Ações do projeto serão destaque no fórum

As ações do Projeto Produtor de Água no Pipiripau receberão destaque no fórum, com o lançamento de livro que narra a história da iniciativa, além da campanha de doações.

[Numeralha titulo_grande=”1,3 mil hectares” texto=”Tamanho da área beneficiada pelas ações do projeto Produtor de Água no Pipiripaudireita

Financiado pelo governo federal, o programa é de responsabilidade da Agência Nacional de Águas (ANA), com versão adaptada às características regionais. No caso do Pipiripau, atuam 16 parceiros sob coordenação da Adasa.

Desde o começo da iniciativa, foram firmados 172 contratos. Ao todo, as ações na bacia beneficiaram aproximadamente 300 produtores.

Os investimentos somaram em torno de R$ 6 milhões, que custearam a plantação de mais de 360 mil mudas, além de atividades de conservação de solo em mais de 1,3 mil hectares.

Voluntários, os produtores rurais são responsáveis pela manutenção de benfeitorias, como plantio de mudas de árvores nativas, recuperação de estradas e terraceamento (técnica de conservação destinada ao controle de erosão hídrica, utilizada em terrenos muito inclinados).

Ao firmar o contrato, eles recebem até cinco anos de pagamentos por essas manutenções, que são três tipos:

  • Conservação do solo: R$ 43,10 por hectare ao ano em caso de abatimento de 25% a 50% das erosões; R$ 71,82 por hectare ao ano, se esse porcentual for de 51% a 75%; e R$ 114,92 por hectare ao ano, se acima de 75%
  • Restauração de área de preservação permanente (APP) e/ou vegetação nativa em até 20% da área total, desconsiderando APP: R$ 129,28 por hectare ao ano, se a manutenção for parcial e R$ 229,84, se integral
  • Conservação de remanescentes de vegetação nativa: R$ 344,76 por hectare ao ano. São elas as áreas fora de APP e dos 20% da área total. São consideradas preservadas as que não demandarem nenhum investimento além do cercamento

Os valores serão corrigidos de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O que é o Fórum Mundial da Água

Criado em 1996 pelo Conselho Mundial da Água, o fórum foi idealizado para estabelecer compromissos políticos acerca dos recursos hídricos.

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Em Brasília, o evento é organizado pelo Conselho Mundial da Água, pelo governo local — representado pela Adasa — e pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da Agência Nacional de Águas (ANA).

O fórum ocorre a cada três anos e já passou por: Daegu, Coreia do Sul (2015); Marselha, França (2012); Istambul, Turquia (2009); Cidade do México, México (2006); Quioto, Japão (2003); Haia, Holanda (2000); e Marraquexe, Marrocos (1997).

A escolha de Brasília como sede da 8ª edição se deu em 26 de fevereiro de 2014, durante reunião de governadores do Conselho Mundial da Água, na Coreia do Sul. Será o primeiro fórum no Hemisfério Sul.

Edição: Vannildo Mendes