20/11/2018 às 15:06, atualizado em 10/12/2018 às 18:18

Águas Emendadas recebe reconhecimento internacional por relevância na preservação hídrica e cultural

A Estação Ecológica é o sexto lugar do mundo e o primeiro da América Latina a receber o Escudo de Água e Patrimônio, concedido pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios

Por Gabriella Julie, da Agência Brasília

A Estação Ecológica Águas Emendadas (Esecae) se tornou o sexto lugar do mundo e o primeiro da América Latina a receber o Escudo de Água e Patrimônio do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos-Holanda).

A cerimônia, na manhã desta terça-feira (20), no Centro de Informações da Esecae, em Planaltina, contou com a presença do governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg.

O escudo é o reconhecimento à preservação hídrica e cultural no local. “Este prêmio valoriza uma das áreas mais importantes não só para o Distrito Federal, mas para o planeta. Ele demonstra a ação conjunta de toda a comunidade em prol da água”, comentou o governador.

Para ele, é uma conquista de toda população de Brasília, que passou a usar a água de forma mais consciente. “Vitória dos agricultores que passaram a usar métodos mais eficientes e do governo que fez investimentos para ampliar e captação e o tratamento de água”, comemorou Rollemberg.

[Olho texto='”O escudo é  o reconhecimento internacional de uma das áreas mais importantes não só para o Distrito Federal, mas para o planeta”‘ assinatura=”Rodrigo Rollemberg, governador de Brasíliaesquerda

O diretor-geral do Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat), Sérgio Augusto Ribeiro, ressaltou a conexão entre água, cultura e patrimônio no lugar. “Foi feito um relatório técnico sobre a Esecae e destacada a importância histórica para a escolha do sítio na área da capital federal. O título de Patrimônio da Humanidade já foi antes concedido à região pela Unesco”.

O Cirat faz projetos, avaliações, estudos e pesquisas de alto nível, junto a pesquisadores nacionais e internacionais para o avanço do conhecimento e boas práticas relacionadas à água.

Estação Ecológica Águas Emendadas

A Esecae foi criada em agosto de 1968 como a Reserva Biológica de Águas Emendadas, abrangendo pouco mais de 5 mil hectares. Com o rápido crescimento de Brasília, aliada à necessidade de preservar locais históricos e à vegetação do Planalto Central, a área dobrou de tamanho e passou a incorporar a Lagoa Mestre D’Armas ou Bonita e a ser categorizada como estação ecológica. Está na região administrativa de Planaltina.

O local é fonte de captação de água para abastecimento, mas também é estratégico e único pelo fenômeno natural em que, de uma mesma vereda, vertem águas para duas grandes bacias hidrográficas (Rio Maranhão, que deságua no Rio Tocantins; e São Bartolomeu, que flui para a Bacia do Rio Paraná). A estação também possui um papel estratégico de preservação de diferentes espécies do Cerrado.

O Escudo de Água e Patrimônio no Brasil

A Estação Ecológica Águas Emendadas é o sexto local no mundo e receber o Escudo de Água e Patrimônio. Em 2015, o Icomos-Holanda iniciou o reconhecimento de sítios com o Escudo Água e Patrimônio (Water and Heritage Shield) para locais, em todo o mundo, que sejam significativos na conexão entre o tema das paisagens hídricas, a cultura e o patrimônio.

Até o momento, apenas cinco localidades haviam recebido o reconhecimento:

  • Magere Brug (Amsterdam, Holanda – 2016)
  • Stille Sluis (Gouda, Holanda – 2016)
  • BPTH (Holanda – 2016)
  • Porto de Antuérpia (Bélgica – 2017)
  • Barragem de Shimen (Taiwan – 2017)

A proposta que deu origem à qualificação da Estação Ecológica de Águas Emendadas com o Escudo de Água e Patrimônio teve início em maio de 2018, na Barragem Shimen, em Taiwan. O conselheiro do Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat) e embaixador de Água e Patrimônio do Icomos-Holanda, Henk Van Schaik, e outros participantes de uma visita técnica debateram a possibilidade de trazer o reconhecimento ao Brasil.

No avanço da conversa, a Estação Ecológica Águas Emendadas foi logo identificada como uma área emblemática e com conexões culturais, históricas e naturais de primeira grandeza. As articulações no âmbito do governo do Distrito Federal foram feitas com a Secretaria do Meio Ambiente e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que receberam com entusiasmo a possibilidade de trazer o primeiro Escudo de Água e Patrimônio para a América Latina e para o Brasil.

Edição: Marcela Rocha