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21/11/2018 às 09:07, atualizado em 21/11/2018 às 09:12
Voltadas para pessoas com qualquer tipo de deficiência, aulas de movimentação cênica despertam nova percepção corporal
A paixão pela dança é o que une os alunos do projeto Pés no Centro de Dança do Distrito Federal. Ministradas pelo professor Rafael Tursi, as aulas de movimentação cênica — voltadas para pessoas com algum tipo de deficiência — têm feito diferença na vida dos dançarinos.
Em sala, as deficiências físicas, motoras e cognitivas são só um detalhe. As atividades propostas pelo professor ganham uniformidade e, em pouco tempo, a limitação de cada um se torna gancho para um novo olhar em cena.
Participante do projeto Pés há 6 anos, Roges Moraes Mendes, de 23 anos, já não se vê sem a dança. “Este é meu espaço, amo estar aqui”, ressalta Mendes, monitor da turma no Centro de Dança. Para ele, as aulas são um incentivo à superação de limites.
Com deficiência física e pouca mobilidade das pernas, ele utiliza da força dos músculos superiores para fazer paradas de mão (movimento de equilíbrio com a sustentação do corpo com os braços, muito usado na dança de rua). Mendes foi um dos artistas que se apresentaram na reabertura do centro, em fevereiro.
Outro aspecto positivo apontado pelos próprios alunos sobre o projeto é o contato com a dança igualitário — sem distinção e sem preconceito.
Com paralisia cerebral, Júlia Souza Maia, de 33 anos, já fez balé, jazz e dança de salão. Porém, para ela, faz toda a diferença quando há uma turma com formato inclusivo.
“Nas aulas de dança eu sempre fui a única deficiente. Quando era em dupla ou em grupo, muita gente sentia medo de dançar comigo por receio de me machucar. Este grupo [projeto Pés] foi o único em que senti que tem pessoas ‘iguais’ a mim”, relata Júlia.
[Olho texto='”Quando (a aula) era em dupla ou em grupo, muita gente sentia medo de dançar comigo por receio de me machucar”‘ assinatura=”Júlia Souza Maia, aluna do Centro de Dança do DFdireita
Apesar de a turma ser formada majoritariamente por pessoas com deficiência, as aulas são abertas ao público em geral de qualquer idade.
“Não há uma distinção do trabalho feito com quem tem alguma deficiência e quem não tem. É a mesma aula, o mesmo conteúdo; o que muda é a abordagem direcionada para cada aluno e no que ele consegue fazer”, explica o professor Tursi.
Para Fernanda Curado, mãe da aluna Barbara Lemos, de 44 anos, as aulas de dança têm ajudado na autoestima da filha. “Este é o sonho da vida dela. Ela está extremamente feliz e empolgada e, como tem deficiência motora, muitos movimentos são difíceis, mas ela gosta de fazer e não gosta de faltar a nenhuma aula”, conta Fernanda.
Essa é a terceira turma do projeto Pés. As duas primeiras começaram na Universidade de Brasília (UnB).
Projeto Pés: aulas inclusivas no Centro de Dança do DF
Às segundas e quartas-feiras
Das 10 às 12 horas
Setor de Autarquias Norte (SAN), Quadra 1, Via N2
Mais informações pelo site do Centro de Dança
Edição: Raquel Flores