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18/04/2019 às 15:05, atualizado em 12/07/2019 às 16:11
Prefeitos do entorno têm procurado empresa para criar ou manter parcerias produtivas para ambos
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) atendeu, nos últimos oito anos, 3,3 mil famílias e garantiu mais de R$ 19 milhões em crédito rural para que pequenos produtores da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride) pudessem produzir, gerando renda e ocupação.
O atendimento prestado pela Emater aos produtores dos municípios vizinhos interessa ao Distrito Federal e às cidades do entorno. A produção agropecuária da Ride pode complementar a demanda da capital não atendida pelos produtores do DF e ainda garantir ocupação e renda aos agricultores do Entorno.
“É uma via de mão dupla, com parcerias no formato ganha-ganha”, explica a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca. “Nossa atuação garante segurança alimentar do DF, melhora de vida para os agricultores da Ride e crescimento para os municípios do nosso entorno. É por essa razão que vários prefeitos da região, como os de Formosa, Buritis e Cabeceira Grande, têm nos procurado, para manter ou criar parcerias. Todos só temos a ganhar”.
Reunião
A importância do DF no desenvolvimento das cidades do entorno por meio de iniciativas como as realizadas pela Emater foi tema de discussão entre representantes do GDF e do governo de Goiás em reunião realizada na última segunda-feira (15), em Goiânia. O objetivo foi debater propostas para o desenvolvimento integrado da região.
Da reunião, realizada na Casa Civil de Goiás, participaram o secretário de Relações Institucionais do DF, Vitor Paulo; o secretário de Entorno, Paulo Roriz; o secretário-adjunto da Casa Civil, Marcelo da Cunha e a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca, que foi defender as parcerias como forma de integrar social e economicamente a Ride.
Assentamentos
Nos últimos oito anos, 43 projetos de assentamentos foram atendidos pelos técnicos da Emater por meio de convênios e contratos nos municípios de Formosa, Vila Boa, Cabeceiras de Goiás, Cristalina, Padre Bernardo, Cocalzinho, Água Fria e Planaltina de Goiás.
Com projetos elaborados pela Emater-DF, foram disponibilizados crédito para que os assentamentos se tornassem produtivos e passassem a ampliar o alcance do cinturão verde do Distrito Federal, espaço idealizado por Juscelino Kubitschek. Nesse período, as famílias atendidas por equipes multidisciplinares da empresa contribuíram para a inovação tecnológica, o fortalecimento do associativismo e a geração de renda e segurança alimentar dos assistidos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o entorno já tem quase 1,5 milhão de habitantes, e, de acordo com registros da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), cerca de 80% dos municípios têm como principal atividade econômica a agropecuária.
Segundo o extensionista da Emater-DF Carlos César Vieira, a maioria dos municípios do entorno tem forte potencial agropecuário e uma quantidade de agricultores familiares bastante expressiva. “Essa população precisa estar inserida nas políticas públicas do Estado, inclusive de assistência técnica e extensão rural [Ater].”
Ao proporcionar a geração de renda no campo por meio da extensão rural, outros setores da economia local também se desenvolvem, destaca o extensionista. “A cada R$ 1 investido no campo, R$ 3 voltam para a sociedade. Com o desenvolvimento do campo, o produtor vai usar seus recursos no próprio município, com aquisição de serviços e equipamentos, movimentando a economia local e aumentando a demanda por serviços, consequentemente, estimulando a criação de empregos e renda local.” Com o desenvolvimento dos municípios, complementa ele, reduz-se a pressão sobre os serviços e empregos no DF.
Extensão rural
As prefeituras dos municípios locais se mostram sensibilizadas quanto à contribuição da extensão rural para o desenvolvimento local. Com o fim dos convênios e contratos da Emater-DF com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com Furnas, há uma movimentação entre os poderes executivos dos municípios para viabilizar a continuidade do atendimento aos assentamentos de reforma agrária e a ampliação para demais produtores da região, em parceria com as instituições de Ater estaduais.
Dentro da proposta do trabalho de assistência técnica e extensão rural está a implementação de políticas públicas de acesso a mercados institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que já têm recursos federais disponíveis e vêm chamando a atenção das prefeituras como uma oportunidade para contribuir com a segurança alimentar e nutricional de entidades socioassistenciais, estudantes, além de promoverem geração de renda aos produtores.
“É preciso atender aos requisitos formais dos programas e saber orientar as organizações de produtores sobre os requisitos para participação, para que se regularizem”, orienta Carlos Vieira. Além disso, o serviço de Ater deve auxiliar os produtores em relação ao planejamento da produção para atenderem as entregas dos programas. Segundo o extensionista, esse é um ponto crítico que precisa da assistência técnica continuada, de forma que os produtores adotem inovações tecnológicas e atendam aos requisitos de qualidade e segurança dos alimentos, produzindo de forma ambiental, social e economicamente sustentável.
Ride
A construção de Brasília atraiu imigrantes em busca de trabalho, em virtude da necessidade de mão de obra para sua realização. Após sua inauguração, em 1960, ocorreu um rápido processo de ocupação da região do entorno do Distrito Federal e dos municípios próximos à capital federal.
Uma das consequências desse aumento populacional foi a disparidade socioeconômica entre o Distrito Federal e seus municípios vizinhos, fato que motivou os estados de Goiás e Minas Gerais, juntamente com o Distrito Federal, a criarem a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride).
A Ride é atualmente composta pelo próprio DF e pelos municípios goianos de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Alto Paraíso de Goiás, Alvorada do Norte, Barro Alto, Cabeceiras, Cavalcante, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Flores de Goiás, Formosa, Goianésia, Luziânia, Mimoso de Goiás, Niquelândia, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, São João d’Aliança, Simolândia, Valparaíso de Goiás, Vila Boa e Vila Propício. De Minas, fazem parte Arinos, Buritis, Cabeceira Grande e Unaí.
A Ride ocupa uma área de 94.570,39 quilômetros quadrados, sendo pouco maior que a Hungria, no Leste Europeu, e sua população é de aproximadamente 4,5 milhões de habitantes, um pouco menos que a Nova Zelândia.
* Com informações da Emater