15/08/2019 às 16:44

Presos do regime fechado vão ser capacitados e receber por serviços

Acordo de Cooperação Técnica entre as secretarias de Justiça e Cidadania e de Segurança Pública prevê treinamento e pagamento aos custodiados em parceria com a iniciativa privada

Por Ian Ferraz, da Agência Brasília

Um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) inédito no Distrito Federal vai permitir que presos em cumprimento de pena privativa de liberdade sejam treinados e remunerados profissionalmente. O trabalho conjunto das secretarias de Justiça e Cidadania (Sejus) e de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), em convênio com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap-DF), deve atender, a princípio, 290 custodiados.

Vinculada à Sejus, a Funap será responsável por selecionar os apenados, enquanto a Secretaria de Segurança Pública vai ceder os espaços para treinamentos e serviços, além de servidores para monitorar as atividades. O setor privado entra em parceria com a administração pública ofertando a matéria-prima necessária para os serviços e contratando os custodiados.

Há empresas das áreas de costura, têxtil, fabricação de móveis e lavanderia interessadas no programa, em vigor desde a quarta-feira (14) quando da publicação no Diário Oficial do DF.

Ressocialização
A bolsa ressocialização corresponde a 3/4 do salário mínimo. O valor pode aumentar de acordo com o interesse e demanda das empresas participantes. O ACT estabelece que 1/3 do valor da bolsa vai para o custeio de despesas pessoais do preso e outros 2/3 para poupança. Em casos de custodiados que possuam filhos, esse valor é diluído e 1/3 é direcionado ao(s) dependente(s). Além da remuneração, a cada três dias de trabalho os encarcerados recebem um dia de perdão da pena.

“Percebo que boa parte da massa carcerária sequer tem o hábito do trabalho. O principal objetivo do programa é motivá-los e despertar esse interesse”, explica a diretora-executiva da Funap, Deuselita Martins. “O acordo abre campo para as empresas aproveitarem essa mão de obra no futuro, além de qualificá-los”, acrescenta Deuselita.

Para as secretarias de Justiça e Cidadania e de Segurança Pública o Acordo de Cooperação Técnica proporciona ao custodiado uma formação profissional que o possibilita ser reinserido na sociedade quando em liberdade, tendo meios para exercer uma atividade laborativa e, consequentemente, afastar-se da criminalidade. E, também, retira os apenados da ociosidade durante o cumprimento da pena, possibilitando mudanças positivas de comportamento.