13/09/2019 às 13:45, atualizado em 21/10/2019 às 12:23

Fernanda Benquerer: “Prevenção ao suicídio tem que ser o ano inteiro”

Em entrevista à Agência Brasília, a psiquiatra da Diretoria de Serviços de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do DF fala sobre sinais de alerta, caminhos para tratamento e onde buscar ajuda

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília

A psiquiatra Fernanda Benquerer detalha o Plano Distrital de Prevenção ao Suicídio, publicado recentemente pelo Diário Oficial do DF    Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Quais são os prazos previstos nesse Plano Distrital de Prevenção ao Suicídio que acabou de sair no Diário Oficial do DF?

Ele é válido por quatro anos, de 2020 a 2023, com momento de reavaliação para ajustes. O grupo inicial era de servidores da saúde, É um plano amplo. Um avanço é a instituição de um Comitê Permanente de Prevenção ao Suicídio. Com isso, teremos várias pessoas de referência para executar as ações.

De que forma o tabu, silêncio, medo de falar e preconceito atrapalham a prevenção do suicídio? 

Aumenta a resistência das pessoas em buscar ajuda em momento de crise. Como psiquiatra, recebo pessoas que estão em crise há um longo tempo, em estágio grave, às vezes depois de uma tentativa, quando poderíamos fazer muitas outras coisas antes de chegar nesse ponto. A pessoa resiste muito por receio de ser julgada, de ser rotulada, de ser tratada diferente no trabalho. As pessoas tem receio de apresentar no trabalho um atestado com CID F [Classificação Internacional de Doenças, relacionada a transtornos mentais e comportamentais]. O estigma é grande. Muitas vezes, quando apresenta, acha que vai deixar de ganhar promoção, vai ser deixado de lado, ser rotulado de doido. E a gente sabe que isso acontece mesmo.