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26/09/2019 às 14:34, atualizado em 26/09/2019 às 16:10
Virtuosismo de três solistas sinaliza para uma noite especial na terça (1), no Cine Brasília
Acordeon, violoncelo, clarinete e originalidade dos compositores escolhidos – Piazzolla, Moncayo, De Falla, Mehmari e Haydn – marcam o concerto da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) da próxima terça (1º/10), às 20h, no Cine Brasília.
A apresentação, promovida pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) do DF em homenagem aos 70 anos da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, Ciência e Cultura (OIE), contempla, em razão disso, sonoridades que remetem a identidades de países de língua espanhola e portuguesa dos dois lados do Atlântico.
Cuatro Estaciones Porteñas – Verano, Invierno, Primavera y Otoño, de Astor Piazzolla (1921-1992), promete ser um grande destaque da noite. “Estamos falando do mais importante compositor de tango da segunda metade do século XX”, frisa o regente da OSTNCS, Cláudio Cohen.
Ele destaca a influência do jazz na obra do mestre do bandoneon, responsável por desenvolver uma nova linguagem para a música nacional de seu país.
As Quatro estações portenhas foram escritas entre 1965 e 1970. O maestro ressalta que, embora originalmente concebidos como tangos distintos, Piazzolla frequentemente os apresentava como uma suíte (peças são tocadas sem interrupções).
O solista será um consagrado acordeonista lituano pela primeira vez no Brasil, Laimonas Salijus. Sua chegada a Brasília é precedida por apresentações em Recife e João Pessoa. Falando por meio de intérprete, disse que achou o público do Nordeste “muito receptivo, encantador”.
Sobre a música brasileira, Laimonas afirmou que gosta de “chorinho, forró e música instrumental. Sivuca e Oswaldinho do Acordeon são excelentes compositores e grande referência para mim”.
Ele falou ainda de suas expectativas quanto à apresentação no Cine Brasília: “Estou certo de que será um concerto memorável, com um repertório que, além de Piazzola, terá a composição de um grande músico brasileiro (André Mehmari). Espero poder proporcionar ao público uma experiência inesquecível com o acordeon erudito!”.
Laimonas terá a companhia da clarinetista Paula Pires na peça de Mehmari Concerto duplo Clarineta e Acordeon. “O Laimonas é um grande músico, será um prazer dividir o palco com ele. E fazer música brasileira é sempre uma alegria. Como estamos falando da obra de um importante representante da linguagem musical brasileira mundo afora, será uma troca muito positiva”, diz Paula, integrante da OSTNCS, mestre em clarinete solo com nota máxima em prestigiosa instituição alemã, além de doutoranda em sua arte.
Harmonia e composição
José Pablo Moncayo (1912-1958), outro autor que soma na noite ibero-americana, estudou piano e entrou no conservatório da Cidade do México, onde se aprofundou em pesquisas com harmonia e composição. Cohen conta que o mexicano foi membro de um grupo de artistas que se dedicou a escrever música refletindo o espírito nacional mexicano, tomando como base melodias, ritmos e harmonias típicas da música popular do seu país natal. Huapango (1941), no repertório do concerto, é a peça mais conhecida de Moncayo.
Ainda dentro da musicalidade ibero-americana, comparece o espanhol Manuel De Falla (1876-1946), com a Suíte nº 2 de El sombrero de tres picos. Esse compositor e pianista de Cádis, na ensolarada Andaluzia, sul do país, foi amigo de Frederico García Lorca, vítima do fascismo de Franco. De Falla se exilou na Argentina para escapar ao mesmo fim e lá veio a falecer.
“A suíte é formada por três movimentos, em que danças populares e ritmos abundam numa completa recriação e cuja escrita instrumental, suntuosa e refinada, de uma constante elegância, é evocadora dos compositores russos”, explica o regente da Sinfônica.
Também faz parte do repertório de terça-feira, saindo do contexto dos países de língua portuguesa e espanhola, o austríaco Joseph Haydn (1732-1809), epígono do classicismo.
Haydn passou a maior parte de sua carreira como músico de corte, em Viena. Por se encontrar isolado de outros compositores, lhe restou ser original e teve sua genialidade reconhecida em vida, ensina Cohen.
O Concerto para violoncelo nº 1 em dó maior foi composto entre 1761 e 1765. Estruturado em três movimentos – moderato, adagio e allegro molto – é, segundo o maestro, uma peça vistuosística, que demanda bastante do solista.
O solo ficará a cargo do brasileiro radicado em Berlim há 40 anos, violoncelista Matias de Oliveira Pinto, catedrático da Universidade de Münster, que pela primeira vez toca com a OSTNCS.
“Será um enorme prazer. Trata-se de um concerto jovial, festivo, lírico, de movimento final muito virtuoso. Um caso raro para o violoncelo, instrumento normalmente mais melancólico. É uma pérola do repertório universal”, sintetiza Matias, num português imantado com sotaque alemão.
Programa
José Pablo Moncayo – “Huapango” (9 min)
J.Haydn – “Concerto para violoncelo nº 1 em dó maior” (25 min)
Solista Matias de Oliveira Pinto, violoncelo
Manuel De Falla – “El sombrero de tres picos” (15 min)
Astor Piazzolla – “Quatro estações portenhas” (30 min)
Solista Laimonas Salijus no acordeon
André Mehmari – “Strambotti, concerto duplo para clarineta e acordeon” (22 min)
Solistas Paula Pires no clarinete e Laimonas Salijus, acordeon
Maestro Cláudio Cohen
Serviço
Concerto ibero-americano
Data: 1º de outubro
Local: Cine Brasília, Entrequadra Sul 106/107
Acesso e hora: Entrada franca por ordem de chegada até a lotação do espaço. Os portões são abertos às 19:15 para idosos e pessoas com deficiência e às 19:30 para o público em geral. Concerto começa às 20h.
Dúvidas e informações: 2017-4030
* Com informações da Secretaria de Cultura