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14/10/2019 às 09:58, atualizado em 15/10/2019 às 15:19
Em média, são realizados 200 atendimentos por mês. Para participar, é necessário passar por uma triagem
Quem vê a aposentada Luiza Sucupira, 63 anos, exercitando-se na piscina do Hospital de Apoio de Brasília (HAB) não imagina que, há poucos meses, a paciente chegou à unidade em uma cadeira de rodas devido a uma cirurgia na coluna. Hoje, apoia-se apenas em uma bengala para caminhar, mas tem planos de deixá-la em breve. Para ela, o avanço na recuperação deu-se graças à fisioterapia aquática oferecida pelo hospital. “Eu fui curada aqui”, afirma, enfática.
Luiza, assim como outros pacientes, é uma das beneficiadas pela prática, popularmente chamada de hidroterapia. No HAB, são feitos em torno de 200 atendimentos por mês na piscina, para cerca de 30 pessoas em recuperação. A atividade é voltada tanto aos internados na unidade, que estão em reabilitação por lesões cerebrais e medulares, quanto aos vindos de outros hospitais da rede pública, com lesões ortopédicas e reumáticas.
Desde o momento em que entram no local, eles treinam caminhadas, equilíbrio e como melhorar a força muscular. Há andadores para os que têm mais dificuldade de locomoção. A piscina tem quatro níveis de profundidade para facilitar o acesso. Conta, ainda, com dois aquecedores novos, um elétrico e outro movido a energia solar, para manter a água em temperatura adequada.
Tudo foi preparado para restaurar as funções motoras dos pacientes. No caso de Vinícius Torres, 22 anos, ele estava sem mobilidade em uma das pernas e nas mãos por causa de um acidente de moto. Depois de um mês de hidroterapia, já apresenta mudanças. “Já consigo andar de bengala, mexer minhas mãos e fazer praticamente tudo sozinho. Esse trabalho na água foi fundamental para a minha recuperação”, elogia.
Benefícios
Na avaliação da fisioterapeuta do HAB, Mariana Sayago, a prática oferece um pacote completo de benefícios. Além de facilitar os movimentos daqueles que sentem dor, pois os exercícios são feitos na água, a hidroterapia ainda contribui para a socialização dos pacientes. “Trabalhamos em um ambiente fora das quatro paredes, promovendo a readequação deles às atividades de vida”, esclarece.
Para participar da hidroterapia, é necessário passar por uma triagem no HAB. Na consulta com a equipe de saúde, os candidatos são avaliados com a finalidade de se detectar algum problema ou contraindicação que impossibilite a participação nas atividades. “Podem ser questões como incontinência urinária, problemas de pele. Às vezes, as pessoas precisam apenas de uma orientação, como no caso de morar longe demais do hospital e não ter como vir”, frisa.
Parceria
Os exercícios aquáticos contam com o suporte de estudantes de Fisioterapia da Universidade de Brasília (UnB). Eles auxiliam nos exercícios realizados na água, fruto de uma parceria firmada entre a instituição e a Secretaria de Saúde, por meio da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs).
Responsável pelos estudantes, o professor de Fisioterapia da UnB, Josevan Leal, também destaca a importância do contato deles com os resultados trazidos pela prática. “A hidroterapia tem um papel importante na aceleração do processo de reabilitação”, garante. De acordo com o professor, os pacientes que não conseguem andar fora da água, dentro da piscina fazem isso no primeiro dia, porque ficam mais leves. “É uma forma de complementar a fisioterapia convencional”, explica Josevan.
A hidroterapia do Hospital de Apoio ocorre de segunda a sexta-feira, das 9h ao meio-dia. Somente os pacientes estabilizados podem participar das atividades.