17/01/2020 às 15:05, atualizado em 17/01/2020 às 15:57

Resíduos da Ceasa vão virar adubo para agricultura familiar

Maquinário, adquirido pela Seagri, tratará da compostagem de material orgânico despejado em aterro; meio ambiente, desta forma, é resguardado

Por Hédio Ferreira Júnior, da Agência Brasília

Pelo menos 300 toneladas de hortifrútis descartados mensalmente pelas Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa) serão transformadas em adubo destinado gratuitamente à agricultura familiar. O GDF, por meio da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), adquiriu um maquinário para tratar da compostagem de resíduos orgânicos na Granja do Ipê, unidade da pasta no Park Way.

O impacto econômico, social e ambiental da ação é relevante. Isso porque o adubo da compostagem, fértil e rico em macro e micronutrientes (como carbono e nitrogênio), reforçará a produção de pequenos agricultores do DF, o que contribuirá para aumentar suas rendas. A proposta, futuramente, é engajar a participação de cooperativas no tratamento desse material.

“Para nós que não usamos agrotóxicos será excelente”, avalia a agricultora Cláudia Pires, do assentamento Canaã, em Brazlândia. “O adubo orgânico é riquíssimo e tem tudo que a planta precisa para crescer saudável, sem precisar de remédios químicos e tóxicos”. Beneficiária de outros programas de governo, como o Kit Agrofloresta, ela produz frutas e café orgânicos, que comercializa em feiras e cooperativas.  No assentamento, 65 famílias sobrevivem da agricultura.

Chorume

Atualmente, todas as sobras de frutas e legumes, além de materiais secos, como palhas utilizadas na embalagem dos produtos, são descartadas no aterro sanitário. O composto se mistura a outros resíduos e materiais químicos, produzindo chorume (liquido escuro e poluente, originado de um processo biológico) que, por não ser tratado e conter misturas como metais, é nocivo ao meio ambiente.

Ao ser tratado e transformado em adubo, todo esse material volta ao meio ambiente de forma positiva e saudável, fechando um ciclo de produção. Até o chorume, puro e sem contaminação, poderá ser utilizado como um poderoso fertilizante líquido. Todo o material também será aplicado na produção de mudas do Cerrado, cultivadas na Granja do Ipê e usadas na recuperação de áreas ambientais degradadas da agricultura de pequeno porte.

“Qualquer auxílio é uma grande oportunidade para essas famílias e vai ao encontro da proposta do governo do DF de geração de renda e suporte aos produtores menos favorecidos”, afirma o secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Dilson Resende. Além da secretaria, estão envolvidas nesse trabalho a Ceasa, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do DF.

“Qualquer auxílio é uma grande oportunidade para essas famílias e vai ao encontro da proposta do governo do DF de geração de renda e suporte aos produtores menos favorecidos”Dilson Resende, secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Ruraldireita

 Custo

O equipamento adquirido pelo GDF faz parte de um processo de compra iniciado em 2012, mas que não tinha avançado e corria o risco de ser perdido. O maquinário, que inclui um trator agrícola de 120 cavalos de potência, um revolvedor (equipamento utilizado na mistura da compostagem) e um caminhão, foi adquirido ao custo de R$ 610.700.

“O que será feito é reciclar toneladas de material orgânico que vieram da natureza e trazer de volta ao meio ambiente, dessa vez de forma positiva”, explica Renato da Silva Lino, chefe de Meio Ambiente da Ceasa-DF.

Após processado, o primeiro ciclo do resíduo orgânico levará cerca de 90 dias para ser transformado em adubo. A partir daí o processo final será semanal. O início da produção depende de uma licença do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).