Bem-vindo(a) ao nosso site! Encontre informações essenciais e serviços para melhorar sua experiência cidadã. Explore e aproveite ao máximo!
Abaixo listamos as Secretarias, Órgãos e Entidades vinculados ao Governo do Distrito Federal, para acessá-los clique na lista ou pesquise.
Na lista abaixo são listadas todas as Administrações Regionais que compõe o Distrito Federal, para acessá-los clique na lista ou pesquise.
20/02/2020 às 09:27, atualizado em 27/02/2020 às 16:24
A capital federal tem samba no pé e já foi referência em desfiles de escolas de samba
Durante muitos anos, a apresentação das agremiações foi o ponto alto do Carnaval brasiliense e também serviu de base para o fomento do samba na cidade e a disseminação do ritmo também em blocos de rua, como o Pacotão.
Vencedora absoluta
Das quatro escolas que se apresentaram em 1962, apenas a Unidos do Cruzeiro ainda existe e completa 59 anos em 21 de outubro deste ano. Depois dos três carnavais vencidos pela Alvorada em Ritmo – 1962, 1963 e 1964 -, a escola do Cruzeiro começou a vencer em 1965 e conquistou, logo de cara, o pentacampeonato.
Nos primeiros anos, a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro desfilava com o nome de Unidos do Cruzeiro. Foi assim até que um jornalista do Correio Braziliense, à época autor de muitas reportagens sobre a associação, reclamou que o nome era muito grande, difícil de ser usado em títulos. Ele sugeriu que a escola adotasse a sigla Aruc, que pegou.
Depois da W3 Sul, o palco da diversão foi transferido para a plataforma superior da Rodoviária de Brasília, onde ficou até 1966.
A partir daí, até o começo da década de 1980, as escolas de samba se apresentavam na região central do Plano Piloto. Em 1982, o desfile foi levado para a Avenida Comercial de Taguatinga, mas logo voltou ao Plano Piloto, nos anos seguintes.
As farras carnavalescas memoráveis da cidade lotavam mesmo era o Eixão Sul, entre as décadas de 1980 e 1990, chegando a reunir 50 mil pessoas na noite de desfiles do Grupo Especial, formado por seis escolas.
“Foram grandes carnavais, mas aí começou a ter reclamação de moradores, começaram as obras do metrô e tivemos que sair de lá”, conta Moacyr de Oliveira Filho, o Moa, 67 anos, e presidente da Aruc pelo quinto mandato (não consecutivo).
Para ele, o melhor lugar de Brasília para desfilar era a Passarela da Alegria, atrás da Torre de TV e que, também conhecido como Caldeirão da Folia, foi o cenário onde as agremiações se apresentaram entre 1997 e 2004. “Era o lugar perfeito, a pista já estava pronta, não tem moradores perto, é um local centralizado, perto da Rodoviária, com estacionamento fácil, não causava grandes transtornos para ser fechado quando as arquibancadas eram montadas”, enumera. “Era um local que incomodava muito pouco a vida da cidade”.
Ceilambódromo
Ele também lembra que havia dois eventos junto ao desfile das escolas que atraíam grande público: um baile infantil na tarde de domingo no “sambódromo” e todas noites tinha um baile popular quando acabavam as apresentações das agremiações.
Em 2005, um novo capítulo marcou a história do Carnaval de Brasília. Por sete anos seguidos, o desfile foi realizado em Ceilândia, onde uma estrutura era montada exclusivamente para a folia, o Ceilambódromo – local em que hoje funciona uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
A noite do desfile do grupo especial chegava a reunir 40 mil pessoas, mas, apesar do público, os dirigentes das escolas reclamavam da falta de estrutura e da distância. De Ceilândia, a festa voltou para o estacionamento do ginásio Nilson Nelson, onde permaneceu por mais dois anos até ser suspensa de vez. Há cinco anos as escolas de samba não desfilam em Brasília.
Carnaval de rua
O bando de “malucos” totalizou cerca de 100 pessoas em 1978. Um ano depois, o bloco explodiu e atraiu milhares. Naquele ano, foi escrita a marchinha conhecida até hoje como hino do Pacotão, a Marcha do Aiatolá.
Em 1979, o general João Figueiredo sucedia a Ernesto Geisel no controle ditatorial do país. Enquanto isso, no Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini liderava a revolução que, em 11 de fevereiro, derrubou o monarca Mohammad Reza Pahlavi e instaurou a república islâmica.
A marchinha caiu no gosto da cidade e milhares de pessoas desfilaram naquele ano. “Quando criamos o bloco, nunca imaginamos que o Pacotão iria se transformar no que se transformou”, conta Moa.
Diretas já
Mas o auge do Pacotão foi em 1984, ano das Diretas Já, quando uma multidão estimada entre 30 e 40 mil pessoas se entregou ao samba. A marchinha era Cai na real, general, e a maioria dos carnavalescos fez o percurso vestido de amarelo e verde carregando mensagens que pediam a retomada das eleições diretas para presidente.
Esse desfile deixou o Pacotão nacionalmente famoso. O Fantástico, da Rede Globo, passou a mostrar o desfile todos os domingos durante alguns anos, simbolizando o Carnaval de Brasília. Ele existe até hoje, mas seus fundadores ficaram mais velhos, se afastaram das funções e não desfilam mais.
Não adianta mais enrolar, é agora, tá na hora, vamos lá. Ninguém me segura, sai da minha frente. Eu, este ano, vou votar pra presidente. Chega de conversa mole, ninguém engole o tal Colégio Eleitoral. Cai na real, general.
Clubes
Nos anos 1980, as noites eram embaladas por marchinhas e bandas de sopro. Os bailes dessa época já eram sucesso e reuniam cerca de 5 mil pessoas.
Mas o auge mesmo foi nos anos 1990, quando, em festas embaladas por bandas de axé, os brasilienses começaram a ouvir músicas baianas, como as de Luiz Caldas, tocadas, entre outras, pela banda Squema Seis. Também passaram a fazer sucesso as inúmeras festas do estilo micareta espalhadas pela cidade.
Havia um revezamento dos dias dos bailes. Os do Iate Clube eram realizados domingo e terça-feira, enquanto no sábado e na segunda a folia tinha como palco o Clube do Congresso. “Os bailes dos anos 1990 reuniam de sete a oito mil pessoas nos dois dias de Carnaval”, lembra Nelson Gonçalves, diretor social do Iate Clube de Brasília. “Nada se compara aos carnavais daquela época”.
Em 1996, o Carnaval do Iate foi inesquecível. Cinco bailes aconteceram durante os quatro dias divertimento: dois com a banda Squema Seis, dois com o Batom na Cueca e, no quinto, a folia embalada por um esquema mais tradicional: as marchinhas. “Eles eram no ginásio de esportes onde cabia mais gente”, conta Nelson.
Moradora da Asa Norte, Marilda Nepomuceno, 57 anos, é apaixonada por Carnaval desde criança. Nos anos 1970, segundo ela, a diversão acontecia nas matinês do Brasília Palace e, posteriormente, a folia era nos clubes.
“A gente percorria todos os bailes, o Minas, a AABB, o Iate”, lembra. “Todo mundo ia”. Hoje, a diversão de Marilda e seus amigos é nos blocos de rua, que se tornaram a cara do Carnaval de Brasília.