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01/04/2020 às 15:49, atualizado em 01/04/2020 às 17:06
Referência Técnica Distrital de Ginecologia e Obstetrícia, a médica Marta de Betânia esclarece que gestantes não serão desassistidas e o pré-natal está assegurado
O novo coronavírus ainda é estudado, aos poucos, por cientistas no mundo todo. As informações são atualizadas diariamente e os cuidados, redobrados. Não há relatos de morte em mulheres grávidas pela Covid-19 e o número de casos registrados nesse público é pequeno, sem evidências científicas robustas. No Distrito Federal, as estratégias de atendimento para as futuras mamães estão definidas.
Referência Técnica Distrital de Ginecologia e Obstetrícia, a médica Marta de Betânia esclarece que gestantes não serão desassistidas e o pré-natal está assegurado. À Agência Brasília, ela conta o que há de conhecido sobre a relação entre a doença e a gravidez, e indica cuidados necessários nesse período.
“As recomendações poderão sofrer modificações à medida em que avança o conhecimento sobre a doença. Nada é verdade absoluta no mundo ainda. De qualquer maneira, os cuidados de prevenção devem ser realizados de forma rigorosa para evitar eventos adversos e danosos à gestante”, garante.
Quais são os riscos?
“O que temos definido até agora é que a gestante não tem um risco maior de contrair a doença. O risco dela é o mesmo da população geral. Também sabemos que a doença não vai ser mais grave na gestante pelo fato de estar grávida”, informa a médica. É diferente, por exemplo, da H1N1, que se manifesta mais gravemente na gestação. “Na Covid-19, não é porque a mulher está grávida que ela vai desenvolver a forma grave da doença”, afirma.
Até o momento, não foi registrado nenhum caso no mundo de transmissão vertical, quando a mãe passa a doença ao bebê antes do nascimento ou durante o parto. “Não foram encontrados vírus no líquido amniótico, no sangue do cordão umbilical ou na placenta, baseado em trabalhos com pequeno número de pacientes com diagnóstico da doença na forma leve ou grave”, observa Marta de Betânia.
Diante desse cenário, por que a gestante é colocada no grupo de maior risco relativo?
A doutora esclarece que, caso a paciente contraia a doença e evolua para a forma grave, pode comprometer a saúde fetal, assim como qualquer outra infecção grave nesse período. “Não é porque a pessoa está grávida que vai contrair a doença mais facilmente, assim como o diagnóstico não implica, necessariamente, na forma grave da Covid-19”.
Às mulheres grávidas, as recomendações de prevenção são as mesmas da população em geral. Ficar em isolamento social, mantendo-se em casa na medida do possível; fazer a chamada etiqueta de tosse; usando lenço ou colocando a boca o mais próximo possível do cotovelo e limpá-lo em seguida; fazer a limpeza criteriosa das mãos, superfícies e objetos tocados com frequência água e sabão e álcool em gel. O uso de máscara só é recomendado para quem tem sintomas de gripe.
Em caso de diagnóstico, a médica avisa: é preciso seguir rigorosamente a indicação médica. “O isolamento segue os mesmos critérios da população em geral. Se não tiver gravidade, ela vai ficar em isolamento mínimo de 14 dias. Se tiver sinal de agravamento do quadro ou desconforto respiratório, vai entrar em contato com SAMU”, diz.
Como fica o pré-natal?
O acompanhamento pré-natal é feito na atenção primária, em unidades básicas de saúde, ou na atenção secundária, em ambulatórios de alto risco. Nesses lugares, a equipe é orientada a não deixar aglomeração, zelar pela prevenção, usar melhores práticas de higiene, oferecer condições para que a gestante sem síndrome gripal seja o mais seguro possível.
Segundo a médica, o atendimento pré-natal para gestantes que estão assintomáticas deve ser preservado. Em caso de sintomas gripe, as consultas de rotina podem ser adiadas em até 14 dias, e remarcadas imediatamente.
Se os sintomas se manifestarem e a gestante não se sinta bem, principalmente com desconforto respiratório, tosse seca persistente e febre por dois ou três dias, a recomendação é procurar a unidade de saúde ou emergência de referência para fazer triagem para síndrome gripal.
“A gestante que não tiver queixa obstetrícia deve procurar a triagem clínica, onde terá avaliação de um obstetra. Lá, ela terá prioridade para ficar o menor tempo possível no hospital”, avisa a médica. “Temos 11 portas de obstetrícia que fazem avaliação e internação. Todas as portas estão orientadas quanto a abordagem da gestante com ou sem síndrome”, garante.
A única mudança de fluxo é àquelas que tinham o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) como referência de emergência para intercorrências obstétricas. Com a unidade voltada aos casos de coronavírus, as pacientes são divididas em outros dois pontos. “É uma medida para evitar gestantes assintomáticas neste hospital”, esclarece a doutora Marta de Betânia.
Devem procurar o Hospital Universitário de Brasília (HUB) aquelas que fazem pré-natal nas Asas Sul e Norte, Lago Sul e Norte, Cruzeiro, Varjão, Sudoeste/Octogonal e Noroeste. O Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) receberá as gestantes que têm acompanhamento pré-natal no Guará I e II, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Estrutural e Park Way.
Na hora do parto, cuidado redobrado
Chegou a hora e o bebê está a caminho ou é uma emergência obstétrica. De acordo com a médica, a gestante deve buscar o serviço que ela está vinculada para ser avaliada. Se tiver critério de internação,por qualquer motivo, ela será removida para o Hran de ambulância.
Se a paciente chegar em período expulsivo ou com sofrimento fetal, o parto de emergência será realizado no hospital para onde ela foi, em sala isolada. “Assim que o bebê nascer, ele e a mãe vão ser transferidos para o Hran para receberem os cuidados adequados. O importante é que nenhuma gestante vai ficar sem assistência”, explica a doutora Marta de Betânia.
Acompanhante é permitido, mas é preciso precaução e bom senso. É importante que a pessoa esteja fora do grupo de risco e não esteja gripada. Visitas na maternidade estão restritas ou proibidas.