21/04/2020 às 13:10, atualizado em 21/04/2020 às 13:26

Orquestra do Teatro Nacional grava arranjo especial para o 60º aniversário de Brasília

Dois hinos à capital, música alusiva a JK e composição de Tom e Vinícius se juntam ao tradicional

Por Agência Brasília*

Um vigoroso coral de metais, composto por trompetes, trompas, trombones e tuba, abre a composição que a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) preparou em homenagem aos 60 anos de Brasília. A apresentação também é parte do Festival Cantando Para Brasília, evento on-line da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) para celebrar o aniversário da capital durante a pandemia da Covid-19.

“Encomendamos um arranjo específico com citações de músicas que fazem parte da história da capital”, explica o regente da Sinfônica, Cláudio Cohen. O Hino de Brasília (Neusa França/Geir Nuffer Campos, 1960), Brasília, capital da esperança (Ariovaldo Pires/Simão Neto/Enrico Simonetti, 1960), Peixe vivo (folclore, domínio público) e Água de beber (Jobim/Vinícius, 1961) somam-se ao tradicional Parabéns pra você num rico arranjo incidental.

O repertório

Além dos dois primeiros hinos – o oficial, por decreto do então presidente João Goulart, e o extraoficial  –, Peixe vivo reconhece o papel do chefe de Estado que construiu a cidade. Juscelino Kubitschek sempre teve nessa peça do folclore uma espécie de vinheta de sua trajetória política a partir da Diamantina (MG) natal.

Água de beber, por sua vez, faz parte dos relatos da construção de Brasília, quando os músicos cariocas da bossa nova passaram dias ensolarados no Catetinho e tiraram de suas fontes naturais a inspiração para um dos sucessos da dupla.

“Podemos chamar a composição final de ‘medley’ ou ‘fantasia’ sobre os cinco temas musicais”, ensina o arranjador e solista de clarineta da OSTNCS Marcos Cohen, doutor em música pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e desde 2005 no posto da Sinfônica em Brasília. Ele ficou encarregado de orquestrar a homenagem.

Produção e edição

A gravação repetiu uma operação complexa, em que cada músico recebeu por WhatsApp ou e-mail sua partitura individual, além de um áudio como guia de gravação. “Se preciso, disponibilizamos também a partitura do maestro”, explica Marcos. “Cada músico grava em casa, ouvindo a guia e acompanhando a partitura”.

Dificuldades? “Sim, de afinação e de precisão rítmica, uma vez que cada um executa sozinho a sua parte, sem ouvir o restante da orquestra como nos ensaios, mas são todos profissionais muito capazes de contornar os obstáculos”, responde, destacando o papel dos colegas. “Os solos foram compartilhados, em momentos diferentes, por quase todos os naipes da Sinfônica”, esclarece.

Os arquivos de imagem e áudio voltaram a passar pelas mãos do trompista Ellyas Lucas Souza e Veiga, que perdeu a conta do tempo diante do computador, editando o material. “Está sendo um desafio bem grande, mas o resultado está bonito”, diz ele.

O vídeo inclui imagens de cartões-postais de Brasília, como Teatro Nacional, Museu da República, Memorial JK e outros, com cessão gratuita de vídeos aéreos pelo jornalista brasiliense Daniel Zukko, criador do programa #Minhabrasilia, que apresenta entrevistas com personalidades na capital.

Zukko diz que aceitou participar da homenagem em razão do amor pelo “melhor lugar do planeta”, que é como classifica a capital federal. “Trago Brasília tatuada no corpo e a levo para onde vou”, destaca.

* Com informações da Secec