Referência no tratamento de pacientes com Covid-19, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) inicia, a partir da próxima segunda-feira (15), um estudo científico inédito no Distrito Federal: a aplicação de plasma de pacientes curados do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em pacientes que estão tratando a doença.
“Este é um estudo científico realizado em conjunto pela Universidade de Brasília (UnB), o Hemocentro e o Hran. A expectativa é de que a aplicação desse plasma funcione bem no organismo dos pacientes infectados pela Covid-19, trazendo a cura mais rapidamente”, explica o chefe da Unidade de Pneumologia do Hran e colaborador da pesquisa na unidade, Paulo Feitosa.
O procedimento se inicia no Hemocentro, onde é coletada uma bolsa de sangue dos pacientes curados da Covid-19 (Igg positivo) que se enquadram no perfil. Na preparação, é informado o tipo sanguíneo de cada doador, pois a doação do plasma é semelhante à de sangue, em que os tipos sanguíneos precisam ser compatíveis. Após a coleta, é retirado do sangue apenas o soro, em que ficam armazenados o plasma e os anticorpos, que serão aplicados nos pacientes doentes.
De acordo com Paulo, a aplicação do plasma com anticorpos é semelhante a uma transfusão de sangue. Tanto que o material é armazenado em uma bolsa coletora. Por isso, o procedimento será realizado pelas equipes do banco de sangue do Hran.
“Cada bolsa de sangue coletado consegue atender mais de um paciente. É um procedimento simples, de baixo risco e com vários estudos embasados neste campo. Uma perspectiva real do tratamento. Mesmo assim, cada paciente que se propuser a receber a transfusão de plasma assinará um termo de consentimento que será entregue na hora do procedimento”, informa o chefe da Unidade de Pneumologia do Hran.
A ideia é conseguir realizar a aplicação do plasma em pelo menos 200 pacientes, exceto nos que estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os profissionais do Hran envolvidos no estudo científico realizaram capacitações específicas sobre o tema.
Estudo
No Brasil já estão em curso estudos científicos com o plasma em alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. No entanto, o que difere do estudo realizado no Distrito Federal é o fato de o plasma ser aplicado em pacientes moderados, diferentemente do que acontece nos outros estados, que têm realizado a aplicação em pacientes graves, internados na UTI.
“Estamos focando em pacientes com a Covid-19 moderada. A hipótese do nosso estudo é que dando certo, haverá diminuição do número de casos que se agravam, diminuindo uma evolução para estado grave e reduzindo a necessidade de internação na UTI”, explica André Moraes Nicola, médico e professor da Faculdade de Medicina da UnB. Ele é o responsável pelo estudo científico no Distrito Federal.
De acordo com André, se o plasma se mostrar eficaz para o tratamento de pacientes com a Covid-19 haverá menor demanda por UTIs, pois haverá menos casos de pacientes graves.
“Será importante tanto para os pacientes que estão em tratamento da doença como para as pessoas sem Covid-19, pois terá mais leitos disponíveis para outras patologias, evitando que a rede fique sobrecarregada”, conclui.
* Com informações da Secretaria de Saude