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27/08/2020 às 14:30
Aprenda sobre as causas, formas de transmissão e sintomas. A infecção, de origem animal, afeta milhares de pessoas em todo o mundo
O simples ato de ingerir leite não pasteurizado ou mesmo comer uma carne mal passada pode dar início a uma série de problemas de saúde provocados pela doença brucelose humana, uma zoonose causada por bactérias do gênero Brucella ssp. Essa infecção bacteriana pode matar ou mesmo levar a doenças crônicas, mas com sintomas tardios, ao longo da vida.
Na maioria das vezes, a brucelose é transmitida ao homem por contato direto ou indireto com animais e seus produtos derivados contaminados. Os seres humanos são apenas alguns dos possíveis hospedeiros. Considerada uma das zoonoses mais comuns do planeta, apresenta alta prevalência em algumas regiões, como a América do Sul. No Distrito Federal, um caso já foi registrado no ano passado, devido ao consumo de um alimento contaminado com a bactéria.
A doença, que é responsável por incapacidade para o trabalho ou diminuição do rendimento profissional, atinge principalmente trabalhadores rurais: vaqueiros, boiadeiros, vacinadores, tratadores de animais, produtores de carne, leite e queijo. Além de veterinários, funcionários de frigorífico e de laboratórios e quem estiver em contato com o animal doente.
Mas como a bactéria possui múltiplas rotas de infecção, sendo que os mamíferos são os principais hospedeiros naturais, gera um cenário de difícil controle e de real ameaça para a saúde pública, qualidade de vida e sobrevivência de pessoas e animais.
Transmissão
A brucelose pode ser transmitida aos seres humanos de diversas formas, sendo uma das principais pela via alimentar. “A exemplo da carne mal passada ou crua, leite cru e derivados lácteos como queijo e manteiga que não passaram pelas medidas de higiene adequadas dos órgãos de saúde. Por isso, é importante verificar rótulos e se está tudo correto nas embalagens”, orienta Rosa Maria Mossri, enfermeira da área técnica das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar.
De acordo com a especialista, outra forma de transmissão é por via respiratória, com a inalação de bactérias em ambientes contaminados. Pode ocorrer, ainda, a inoculação vacinal acidental da bactéria pela vacina animal. “Ocorre em acidentes de trabalho de pessoas que vacinam a vaca e ficam doentes, por exemplo”, ressalta.
Sintomas
Com a capacidade para afetar diversos órgãos e sistemas, a brucelose humana pode simular ou se assemelhar a outras infecções e doenças não infecciosas.
Confira alguns dos sinais e sintomas mais comuns
Por serem sinais e sintomas comuns a outras doenças, isso pode dificultar o diagnóstico. No entanto, a doença pode causar sintomas inespecíficos ou gerar uma infecção sem sintomas nos pacientes.
“Por isso é importante investigar a história epidemiológica e sanitária, como ingestão de alimentos provenientes de animais infectados, contato com produto de origem animal contaminado, exposição à cepa vacinal B19 ou R B51 e contato de escoriações ou feridas na pele com tecidos animais, sangue, urina, secreções vaginais, fetos abortados e, especialmente, placentas”, detalha Rosa Maria Mossri.
O período de incubação da brucelose humana varia entre cinco e 60 dias, podendo durar por até dois anos.
Tratamento
O tratamento da brucelose humana é feito com antibióticos e de acordo com a avaliação clínica e do tipo de exposição do paciente. Se a doença não for tratada adequadamente, pode se tornar crônica. Por isso, assim que surgirem os primeiros sintomas é essencial procurar um médico profissional para avaliação detalhada do quadro.
“Pacientes com sintomatologia compatível com brucelose, com história epidemiológica sugestiva, devem procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para ter diagnóstico correto”, informa a especialista.
Não existe vacina efetiva. Entre outras medidas, a prevenção da brucelose humana pode ocorrer evitando o contato direto ou indireto com animais doentes ou potencialmente contaminados e seus produtos derivados.
Medidas importantes para evitar a doença
Estas medidas devem estar em consonância com o que é preconizado pela legislação específica: o Regulamento de Inspeção Industrial de Produtos de Origem Animal (Riispoa) e o Manual de Legislação de Saúde Animal, ambos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
* Com informações da Secretaria de Saúde/DF