25/08/2020 às 21:13, atualizado em 26/08/2020 às 11:06

Acolhimento da população em situação de rua no SCS

Esforço conjunto de 15 órgãos ocupou a região central de Brasília para oferecer exames de saúde e assistência social a cerca de 150 pessoas

Por Rafael Secunho, da Agência Brasília | Edição: Fábio Góis

Trabalho dos servidores do GDF serve como resgate de autoestima, diz Mayara Noronha Rocha | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

Já o baiano Márcio Alencar, 42, deixou Salvador para buscar uma oportunidade em Brasília. Passou pelo Instituto Inclusão, um abrigo em São Sebastião e, agora, montou uma “cabana” no SCS. Ao falar com a Agência Brasília, ele fazia inscrição no programa Morar Bem, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab), e também providenciou hoje sua carteira de trabalho com os servidores da Secretaria do Trabalho (Setrab).

“Já tenho o benefício do GDF, de cerca de R$ 100, mas quero trabalhar. Sair da situação de pobreza extrema e recuperar minha dignidade. Isso significa trabalhar. Existe um preconceito contra a gente que está na rua, mas vou buscar minha vaga”, garantiu.

Forças somadas

A ação conta com as secretarias de Desenvolvimento Social, da Saúde, da Mulher, de Justiça e Cidadania (Sejus), de Segurança Pública (SSP) e de Trabalho, além da Codhab, da Companhia Energética de Brasília (CEB), da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), da Defensoria Pública, das polícias Militar e Civil, da Defesa Civil, do Departamento de Trânsito (Detran-DF) e do Corpo de Bombeiros (CBMDF).

Segundo a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, o esforço de todos os órgãos visa diminuir os riscos por que passam essas pessoas. “Vamos fazer um trabalho para resgatar a autoestima deles e para que possam ter oportunidades de escolha, de saberem que têm, sim, direitos e que o Estado está ali para fazer com que ele supere essa situação de risco social”, destaca.

Coordenador do serviço de abordagem social da Sedes, André Santoro explica que a ação integrada permanecerá no SCS por duas semanas. Mas, o acompanhamento diário permanece nos próximos meses. Em dois dias, servidores da Sedes já inscreveram 25 pessoas no Cadastro Único do GDF.

“Instalamos a Cidade da Segurança Pública, com uma série de serviços. Nosso objetivo é atuar preventivamente, mostrando que o SCS é um local seguro. Em 2020 não foi registrado homicídio no local”Anderson Torres, secretário de Segurança Públicacentro

A Sejus, por meio da Subsecretaria de Enfrentamento às Drogas, orienta os usuários de droga que desejam fazer tratamento. Atualmente, há 12 comunidades terapêuticas que acolhem aos que se submetem à intervenção voluntária. A Secretaria de Saúde contribui com o atendimento diário dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), além de equipes do projeto Consultórios de Rua três vezes por semana.

“Estamos aqui para garantir dignidade e direitos humanos para essa população do Setor Comercial. Oferecer uma oportunidade nas comunidades terapêuticas para aqueles que precisam e querem se livrar do uso de drogas. Nos importamos com eles e oferecemos a oportunidade para mudarem de vida”, explica a chefe da Sejus, Marcela Passamani.

Mais segurança

Para o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, a atuação integrada mostra que o governo está presente na revitalização de um espaço histórico da capital. “Instalamos a Cidade da Segurança Pública, com uma série de serviços. Nosso objetivo é atuar preventivamente, mostrando para empresários e frequentadores que o SCS é um local seguro. Em 2020, por exemplo, não foi registrado homicídio no local”, enfatiza Torres.

Já a secretária da Mulher, Ericka Filipelli, destaca que a situação de rua deixa as mulheres mais vulneráveis e essa é a oportunidade de identificar as dificuldades enfrentadas por elas. “Temos uma quantidade significativa de mulheres em situação de rua no Setor Comercial. Vamos acolhê-las e fazer o atendimento psicossocial. A ideia é fazer o encaminhamento ao Ceam [Centro Especializado de Atendimento à Mulher] da 102 Sul, onde elas podem receber apoio e conhecer melhor seus direitos”, destaca.

Atualmente, o DF tem cerca de 1,8 mil pessoas em situação de rua, 321 das quais na área central de Brasília: 267 homens, 44 mulheres e 10 idosos estão espalhados por 202 Sul e Norte, setores Comercial Sul (SCS) e de Diversões Sul (SDS), Rodoviária do Plano Piloto, Torre de TV, Esplanada dos Ministérios e arredores do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).