15/09/2020 às 21:11, atualizado em 16/09/2020 às 16:29

Grafite conquista as ruas do Distrito Federal

Arte se tornou uma aliada do GDF para embelezar a cidade e evitar pichações. Edital para promover as pinturas, na Galeria dos Estados, sairá em breve

Por Ana Luiza Vinhote, da Agência Brasília * | Edição: Fábio Góis

Galeria dos Estados nova em folha terá olhar especial para arte urbana | Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

Do total investido, R$ 195 mil serão destinados à arte urbana da nova Galeria dos Estados, recentemente reinaugurada (foto acima) após obra de reconstrução decorrente da queda de um viaduto. Nas próximas semanas, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) também vai lançar um edital para que mais de 100 artistas façam intervenções urbanas em um local histórico de Brasília.

“Há grandes grafiteiros no DF, inclusive internacionais. É uma forma valorizá-los, de ocupar espaços públicos na capital e democratizar o acesso à arte e a cultura”Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativacentro

Em novembro do ano passado, 60 artistas da capital e Entorno foram selecionados para pintar o Beco do Rato, localizado no Setor Comercial Sul (SCS). A secretaria desembolsou R$ 90 mil para pagar o cachê dos grafiteiros. Durante dois dias, cada participante fez uma intervenção artística de tema livre com até 10 metros quadrados. A programação ainda contou com debates, painéis e apresentações de música e de dança.

A pasta também vai financiar um projeto de grafite em Planaltina. O resultado preliminar da etapa de admissibilidade foi divulgado nesta semana.

Quinze artistas vão grafitar, entre 1º e 4 de outubro, na parede externa do complexo cultural da cidade, localizado em frente à Avenida Uberdan Cardoso. Ao custo de R$ 22,5 mil, cada selecionado fará sua manifestação artística em uma área de até 18,4 metros quadrados e 8 metros de altura por 2,3 metros de largura.

Valorização, democratização, conscientização

O secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, explica que o objetivo dos chamamentos públicos também é expor o trabalho dos grafiteiros, prestigiar a cultura urbana, proporcionar intercâmbio artístico-cultural e incentivar o empreendedorismo na cidade. “Há grandes grafiteiros no DF, inclusive internacionais. É uma forma de valorizá-los, de ocupar espaços públicos na capital e democratizar o acesso à arte e à cultura”, ressalta.

Segundo o titular da pasta, os interessados deverão apresentar temas de acordo com as regras do certame. A previsão é de que a grafitagem pelos oito vãos e 16 paredes da Galeria dos Estados comece no próximo mês. Serão cinco dias no total – às sextas, sábados e domingos, das 10h às 18h. Em respeito ao protocolo de segurança no combate ao coronavírus, um revezamento de distanciamento será feito entre os artistas, para evitar aglomerações.

A Administração Regional do Plano Piloto descentralizou recursos para contribuir com a ação do GDF. O órgão cederá as tintas que serão usadas pelos artistas. A administradora do Plano, llka Teodoro, reforça a importância de conscientizar a população no combate ao vandalismo.

“Como gestores públicos temos que estar abertos ao diálogo e ouvi-los, pois a pichação tem um viés de reivindicação. Os artistas clamavam por um espaço para que pudessem manifestar sua arte e há um respeito entre eles. Ou seja, onde há grafite dificilmente haverá pichações”, salienta.


O que a população pensa das pichações

Josino Evangelista, 65 anos, barbeiro

“Sou revoltado com pichações. Não tem sentido, pois é o nosso dinheiro é investido na pintura dos espaços públicos. O governo acaba de reformar e eles [pichadores] vandalizam.”


Edmilton Miranda, 56 anos, chaveiro
“Se os grafiteiros não fizerem sua arte aqui, os pichadores vão tomar conta. Acredito que é preciso ter uma penalidade maior para eles, pois é um desrespeito total com as pessoas e a cidade.”


Márcia Alves, 50 anos, comerciante

“Para evitar pichações, eu acho a ideia do grafite excelente. É uma arte muito bonita. Além de ter lojas aqui, também é uma passagem para os pedestres, então o ambiente fica mais colorido.”


Abner de Almeida, 28 anos, estudante

“Diferentemente da pichação, o grafite é uma arte que valoriza e torna o ambiente mais agradável. O governo acabou de pintar as estruturas e já há pichações.”


Antônio de Carvalho, 52 anos, vigilante
“Aqui melhorou muito. Mas, se não for grafitado, os pichadores continuarão vandalizando os espaços. É um absurdo o que eles fazem com os espaços públicos.”

 

 

* Confira na reportagem desta quarta-feira (16) o que as administrações regionais têm feito para estimular o grafite nas cidades.