16/10/2020 às 20:12, atualizado em 19/10/2020 às 14:48

Daniel Rossiter: Caesb se destaca em modernização

Em entrevista, presidente da empresa apresenta contas superavitárias e lembra que GDF já busca investimentos na iniciativa privada

Por Hédio Ferreira Júnior, da Agência Brasília | Edição: Fábio Góis

Sala de controle da Caesb, onde a reportagem esteve para a entrevista desta semana | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

Como foi para a Caesb o consumo de água durante a quarentena? Mudou muito com a redução da atividade econômica?

Não teve nenhuma oscilação grande de consumo. Embora algumas atividades tenham parado, as pessoas em casa continuaram consumindo água. Algumas atividades como academia, cinema e hotéis, que tiveram algumas restrições, nestes setores específicos, sim, houve uma redução no consumo de água. Mas, no balanço geral, conseguimos detectar a manutenção dos volumes que eram verificados antes. Alguns residenciais aumentaram e alguns comerciais reduziram, mas no geral ficou equilibrado.

A Caesb teve um papel social muito atuante no início da pandemia, seja com doação de cestas básicas e sabonetes ou com produção e doação de máscaras. Como foi liderar este processo?

Foi muito bom, porque a [campanha de] higienização estava muito focada no uso de álcool gel. E com o lançamento da campanha solidária de doação de sabonetes e barras de sabão às famílias das crianças atendidas pelo Projeto Golfinho – e outras pessoas em situação de vulnerabilidade –, tivemos um olhar diferente voltado para a solidariedade. Foi um movimento geral da empresa e uma coisa muito importante nesse período que a gente passou, de entender o cuidado com o outro. Com a determinação do isolamento social, o contato presencial com as crianças do projeto foi evitado, mas o programa se manteve ativo, não foi suspenso. Todos continuaram sendo atendidos, então a gente não perdeu o contato com as crianças.

Como estão as contas da empresa? São superavitárias?

A Caesb tem conseguido manter todas as suas contas em dia, tanto com fornecedores quanto com funcionários. Temos financiamentos que já foram quitados e os que estão em andamento, cumprimos todas as parcelas em dia, e a empresa conseguiu fechar o ano superavitária. Em um ano, entre agosto de 2019 e julho de 2020, fechamos com números positivos. No exercício do ano passado, por exemplo, o lucro foi de R$ 145 milhões. E estamos ainda conseguindo reduzir as dívidas da empresa, na ordem de 22%, enquanto aumentamos o saldo em caixa – que chegou ao maior valor desde que a reserva financeira da empresa foi criada, em 2015, de R$ 129 milhões. A Caesb quitou o edifício-sede, no valor de R$ 28,7 milhões, e liquidou antecipadamente financiamentos feitos no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal, no valor aproximado de R$ 100 milhões. Para 2020, os investimentos chegam a R$ 230 milhões.

Há no governo a intenção de abrir o capital da empresa para arrecadar mais para investimentos futuros?

O governador Ibaneis Rocha tem a ideia de abrir o capital da empresa para a iniciativa privada mantendo o controle. E isso seria uma coisa muito importante para a sociedade. Porque é uma forma de atrair recursos a custo zero, transformando-os em investimentos. Assim, o privado passa a participar da empresa. Qualquer pessoa poderá comprar ações e esses recursos vêm para investimento para capitalização, e não gera ônus. Vamos abrir o capital, mas o comando continua do Estado.

“A empresa sempre investe na eficiência energética” | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

E os cortes e interrupções de água que são noticiados pela empresa com frequência? Por que eles ocorrem? São todos programados?

Como você mesmo disse, eles são programados. E são necessários para que nós possamos fazer as correções preventivas, as manutenções necessárias na rede local. Esses ajustes são imprescindíveis. Porque, dependendo da tubulação da pressão com que a água vai, não tem como trabalhar na região sem suspender o abastecimento de água, porque a pressão que vai ser feita é para evitar que no futuro ocorra um problema de falta de água. Então, 24 horas que se interrompa não significa que vai faltar água. Quem tem caixa d’água não fica sem água na caixa d’água. Está cheia. Se não chegou água naquele dia, o volume na caixa vai baixando, mas no dia seguinte volta. Por isso que a gente recomenda que as pessoas tenham caixa d’água em suas casas.

A Caesb tem um novo aplicativo de autoatendimento. O que tem de novo nele e o que vocês esperam colher com as mudanças?

Nós desenvolvemos um novo aplicativo com o pessoal do TI [Tecnologia da Informação]. E esse novo aplicativo veio com novas ferramentas rápidas para que as pessoas pudessem se comunicar de forma simples e ágil com a companhia. Até para que, como a água é essencial, o problema relativo a água e esgoto chegue rápido para gente. Com esse novo aplicativo a gente espera que o usuário tenha entendimento mais ágil, que resolva seus problemas, que antes só se conseguia resolver presencialmente. E o melhor: o acesso é feito pelo próprio CPF do consumidor, não precisa mais do número que aparece na conta. Com isso, o consumidor pode encontrar 16 serviços, os mesmos que constam no atendimento presencial. Só o parcelamento é que não, mas pode ser feito no site. Se você vir um esgoto transbordando, por exemplo, você pode fotografar e mandar a localidade pelo sistema. Tem até um mapa de balneabilidade do Lago Paranoá, indicando os pontos seguros onde se pode nadar.