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22/10/2020 às 12:44, atualizado em 22/10/2020 às 15:40
Com exposição de 220 peças do Acervo Berta Gleizer Ribeiro, MPI retoma visitas, mantendo segurança em função da pandemia
O público poderá apreciar adornos, plumagens, cordões e tecidos, instrumentos musicais, armas e artefatos de caça, objetos rituais e lúdicos, cerâmicas e utensílios. A mostra reúne arte de cerca de 20 etnias, das pouco mais de duas centenas de povos originários existentes hoje.
O conjunto da exposição é marcado pelo negro das tinturas de jenipapo e babaçu, o vermelho do urucum e o branco da tabatinga, criando a ambiência cromática dos povos originários. O MPI abriga ainda uma instalação, O Bosque das Línguas, que poderá ser apreciada a distância, por trás de um vidro.
“A exposição está dividida por tipos de objetos, com recorte em criatividade”, explica a gerente de acervo da Subsecretaria do Patrimônio Cultural (Supac), Aline Ferrari. “Baseia-se no argumento de Darcy Ribeiro de que essa era uma das principais características do indígena brasileiro, ao lado do culto da diversidade, das capacidades de criar e transformar.”
Consultoria especial
O trabalho de identificação das peças exibidas contou com o auxílio de estudiosos indígenas, como Elaíde Bento da Silva Guajajara, que ajudou a descrever o saiote utilizado por seu povo. “É um adorno usado cotidianamente e em eventos especiais, como a Festa da Menina Moça e a Festa dos Rapazes, dois dos rituais mais importantes para nós”, relata.
Ela explica que o saiote é trançado com fio de algodão cru e ornamentado com sementes e taboquinhas finas – material também conhecido como canajuba. A taboquinha é colhida pelos homens, e a confecção da vestimenta fica a cargo das mulheres.
“Ter podido ajudar a descrever a peça artesanal foi muito gratificante, porque sou neta e filha de artesãos e tecelãs”, conta Elaíde, que é artesã e formada em terapia ocupacional pela Universidade Federal do Pará (UFP). “Nós trabalhamos a vida toda com matérias-primas fornecidas pela natureza. Saber que uma peça que pode ter sido confeccionada pelas mãos de meus avós está exposta no MPI é muito importante para mim.”
História valorizada
Outro represente dos povos originários que ajudou a aprimorar as descrições de peças da exposição é o engenheiro ambiental Oyexiener Paiter Suruí, nativo da etnia Paiter Suruí, de Rondônia. “No meu ponto de vista, a exposição valoriza a nossa história. Relembrar esses acontecimentos ajuda a entender o que é um povo, uma cultura, seus costumes e tantas histórias perdidas”, avalia ele, cujo nome completo significa “homem de poder” em seu idioma, pertencente ao tronco linguístico tupi mondé.
“Fico feliz em saber que existe um museu dos povos indígenas [em Brasília]; ao mesmo tempo, fico triste, porque gostaria que todas as cidades tivessem um local para homenagear os povos indígenas que viveram naquela região”, diz o engenheiro ambiental. “Espero que o MPI traga boas reflexões para quem visitar a exposição. Yeteh iter! [“obrigado”’, na língua original].”
O subsecretário do Patrimônio Cultural, Demétrio Carneiro, destaca: “Trazer à luz o acervo doado por Berta Ribeiro cumpre o papel de recuperar a função do MPI como repositório de trabalhos importantes dos povos originários”.
Higienização e funcionamento
A equipe da Gerência de Conservação e Restauro da Supac trabalhou na higienização dos objetos que compõem a mostra. “Por ser um acervo etnográfico, as peças foram higienizadas com metodologias específicas, mantendo a autenticidade, conservando e buscando melhorias para a fruição pelo público durante a exposição”, explica o gerente e analista em conservação e restauro da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Mariah Boelsums.
A Portaria nº 179 regulamenta o funcionamento dos museus de sexta a domingo, por um período de seis horas. O dispositivo legal também especifica que quem faz parte de grupo de risco de infecção pela Covid-19 (pessoas com 60 anos ou mais, cardiopatas, pneumopatas, imunodeprimidos e gestantes de alto risco entre outras condições particulares) pode solicitar por e-mail agendamentos de visita em horários especiais.
Exposição: Yúrakapu
* Local: Memorial dos Povos Indígenas (MPI) – Eixo Monumental Oeste, em frente ao Memorial JK.
* Abertura: sexta-feira (23).
* Visitação: de sexta a domingo, das 9h às 15h. Lotação do salão: 20 pessoas. Completada essa marca, será formada uma fila de espera. Uso obrigatório uso de máscara, com medição de temperatura, higienização de álcool gel e utilização de propé em salão acarpetado.
* Agendamento especial: mpi@cultura.df.gov.br
* Com informações da Secec