20/11/2020 às 18:21, atualizado em 20/11/2020 às 18:26

Vínculo com prematuros é reforçado em evento

Método Canguru e uso do sling foram destaques no Chá da Prematuridade, promovido pelo HMIB

Por Agência Brasília* | Edição: Renata Lu

Catarina e Cecília: aconchegadas nos slings | Foto: Breno Esaki/Agência Saúde/DF

Durante todo o evento, Catarina ficou no canguru, no pele a pele junto ao peito do pai. Ambos estavam ansiosos para experimentar o carregador que ganharam. “Já tinha pensado por causa da facilidade de manter no corpo, acaba que é quase a mesma ideia do canguru. Você não sente quase nem o peso”, relatou Ana enquanto Cecília parecia dormir aconchegada dentro do sling.

Histórias de lutas e vitórias não faltaram durante o evento. Com o seu bebê saudável e em casa, Adriana Silva contou sua história para todos os presentes, enquanto o seu esposo, Davi, era quem cuidava do filho Daniel. O bebê está com seis meses de idade cronológica e três de idade corrigida. Nascido de 28 semanas, permaneceu internado por 40 dias na UTI e outros 17 na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal. Mas a luta pela vida de Daniel começou antes de seu nascimento.

“Ele é o terceiro bebê prematuro. O primeiro teria hoje 24 anos de idade e outra bebê foi pedida em 2017. E no parto dela que eu descobri que tinha incompatibilidade istmo cervical, o meu colo abre, no sexto mês. Do Daniel, como eu já sabia, tive todos os cuidados, mesmo assim com 26 semanas a bolsa se rompeu e eu consegui segurar até 28 internada no alto risco”, relatou a mãe com sorriso largo por finalmente realizar seu sonho. Já o pai, Davi, que segurava Daniel, foi o primeiro a se voluntariar para amarrar o carregador. “Achei oportuno eles estarem presenteando e aí eu quis logo utilizar. Eu vinha sonhando com esse momento há um tempo”, comemorou.

A facilitadora da oficina foi a Carina Alves, que é doula e também trabalha ensinando as famílias a utilizar o sling. Ela também promoveu uma campanha para arrecadar os panos dos carregadores que foram doados às mães dos prematuros que se encontram internados no HMIB. A atividade foi registrada por dois fotógrafos voluntários, Ana Paula Martins Batista e Luis Müller.

Benefícios do Método Canguru e do Sling

O Chá da Prematuridade foi organizado pelos tutores do método canguru no HMIB e pela psicóloga Carolina Leão, que é uma entusiasta do método. De acordo com a profissional, a intenção do evento foi disseminar o método pelos benefícios que ele traz para os bebês, mães e toda a família.

De acordo com Carolina, o canguru é uma tecnologia humana que traz benefícios como a diminuição no tempo de internação, melhoras na produção de leite materno, no vínculo da mãe com o bebê e auxilia no ganho de peso do prematuro. “O sling também simula a bolsa do canguru e a oficina serve para as mães saírem da UTI já sabendo amarrar. E também para prolongar essa estratégia de vinculação”, afirmou a psicóloga, que é mãe de uma criança de três anos e elenca os benefícios que ela experimentou: “reduz cólica do bebê, melhora o sono, diminui o risco de infecção”.

O sling também simula a bolsa do canguru e a oficina serve para as mães saírem da UTI já sabendo amarrar. E também para prolongar essa estratégia de vinculaçãoCarolina Leão, psicólogacentro

Para a fisioterapeuta Letícia Narciso, uma das tutoras do método, foi de grande importância a doação dos carregadores para as mães e ensiná-las o uso. “Nesse momento de pandemia essas mães vão sair daqui sem poder receber visita, sem poder sair com seus bebês, então quanto mais fortalecerem esse vínculo, melhor”. Ela ainda destacou que o sling possibilita realizar as atividades domésticas, por exemplo, tendo o bebê no colo de maneira segura e confortável e que a maioria das famílias não teriam condições financeiras de comprar um.

O Método Canguru é uma política pública e uma das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para a melhoria da qualidade da atenção à saúde da gestante, ao recém-nascido e sua família, como um modelo de assistência perinatal. Ele foi incorporado às ações do Pacto de Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.

*Com informações da Secretaria de Saúde do DF