09/12/2020 às 16:38, atualizado em 09/12/2020 às 16:46

Sempre é tempo para recomeçar

Com incentivo do GDF, atleta profissional retoma a carreira após viver uma temporada em situação de rua

Por Agência Brasília * | Edição: Chico Neto

Problemas familiares, falta de apoio e depressão quase fizeram o atleta paraense Pablo Hudson Manhuari desistir de tudo. O indígena de 30 anos tinha uma promissora carreira esportiva. Maratonista e ultramaratonista, ele viu os sonhos começarem a se desfazer quando precisou morar nas ruas. “Em dado momento, eu não tinha dinheiro, estava com fome, desorientado e sem ter para onde ir”, conta.

“Entre todas as coisas que eu encontrei aqui, a principal delas foi a atenção”Pablo Manhuari, atleta paraenseesquerda

Após dois anos vagando por várias cidades, ele chegou ao Distrito Federal em meio à pandemia do novo coronavírus. Há um mês e meio, encontrou abrigo, alimentação e apoio no Alojamento Provisório do Autódromo Nelson Piquet. “Entre todas as coisas que eu encontrei aqui, a principal delas foi a atenção”, destaca. “As pessoas pararam para me ouvir, entender e orientar em relação aos meus problemas”.

Para a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, incentivar a busca do protagonismo pessoal é uma das funções mais importantes da assistência social.

“Temos relatos constantes de cidadãos que mudaram para melhor sua realidade”Mayara Noronha Rocha, secretária de Desenvolvimento Socialdireita

“Nos alojamentos, nas unidades de acolhimento, nos centros Pop [Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua] , bem como nos Cras [Centro de Referência de Assistência Social], Creas [Centro de Referência Especializado de Assistência Social] e centros de convivência, temos relatos constantes de cidadãos que mudaram para melhor sua realidade”, destaca a gestora.

Vida que segue

Com um histórico de participação em corridas no Brasil e em outros países, Pablo se inscreveu, há alguns anos, em uma tradicional prova no DF. Foram cinco dias de carona para chegar a Brasília, onde ele descobriu que não haveria premiação em dinheiro. Assim, apesar de subir ao pódio, saiu com uma medalha no peito, um troféu nas mãos e nada na carteira.

Desde que chegou ao alojamento, ele arrumou um trabalho, voltou a se alimentar bem e, com apoio do Instituto Tocar, parceiro da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) na unidade, conseguiu material adequado, pagamento das inscrições para outras competições e voltou a atuar.

A primeira prova nesta nova fase foi a corrida BSB Run 2020, evento que marcou a liberação proposta pelo GDF para a retomada dessas atividades esportivas, desde que com todos os protocolos de segurança. “Não tive o desempenho de antes ainda, mas estou voltando aos poucos a ser competitivo”, comemora Pablo.

* Com informações da Sedes