09/03/2021 às 21:08

Desigualdades de gênero são tema de estudos

Três pesquisas foram divulgadas nesta terça (9), pela Codeplan, para embasar políticas públicas no DF

Por Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou, nesta terça-feira (9), três estudos relacionados às desigualdades de gênero no DF. Para compreender a alocação do tempo da população local em trabalhos não remunerados, foi apurado o uso do tempo entre outubro e dezembro de 2020, por meio da aplicação de um questionário suplementar da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF), feita pela Codeplan em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Nesta primeira fase, os estudos observaram que as mulheres desempenham a maior parte do trabalho de cuidado de pessoas e afazeres domésticos não remunerados. Embora a participação feminina no mercado tenha aumentado significativamente nas últimas décadas, houve pouca mudança na distribuição do trabalho não remunerado. As mulheres ainda são responsáveis por mais de três quartos do trabalho de cuidados e afazeres domésticos não remunerados.

Os resultados preliminares da pesquisa permitem observar, entre outros indicativos, a quantidade de horas despendida por mulheres e homens do DF nas atividades de cuidado de crianças, nos afazeres domésticos, com o trabalho voluntário e com a produção para autoconsumo.

“A desigualdade de gênero existe em nosso país como um problema estrutural, uma realidade muito dura” Ericka Filippelli, secretária da Mulherdireita

Também são avaliados os tipos de atividades de cuidado e de afazeres domésticos a que as mulheres e homens se dedicam no DF. A pesquisa completa permitirá entender como se dá a distribuição do trabalho não remunerado entre os sexos na capital federal e como essa desigualdade é interseccional e se relaciona com as desigualdades de renda e escolaridade, entre outras.

Em relação ao mercado de trabalho, a PED-DF apontou que nos últimos cinco anos a condição das mulheres se agravou. A geração de oportunidades ocupacionais (3,2%) foi insuficiente para a incorporação de trabalhadoras na População Economicamente Ativa (9,7%), o que elevou bastante o número de desempregadas (44,1%). Para os homens, os resultados foram similares, porém menos acentuados, o que ampliou desigualdades preexistentes entre os sexos.

As mulheres ainda são responsáveis por mais de três quartos do trabalho de cuidados e afazeres domésticos não remuneradosesquerda

O último estudo apresentado investigou a diferença salarial segundo o sexo na área urbana do DF em 2018, levando em conta a probabilidade de a mulher estar empregada segundo características pessoais, como escolaridade, estado civil, idade e presença de filhos no domicílio. Em relação aos salários – embora as situações de ocupação, as características pessoais e de trabalho tenham sido consideradas –, a remuneração feminina era 16,4% menor que a masculina, ou seja, mesmo considerando todas as informações disponíveis, o salário das mulheres permanecia inferior ao dos homens na capital federal.

“O debate sobre a desigualdade de gênero de modo geral, sobre violência contra as mulheres, sobre a imersão destas no mercado de trabalho e ainda sobre seu acesso à saúde e educação, é de suma importância para que tenhamos uma melhor percepção e possamos, assim, otimizar políticas públicas voltadas para equidade de gênero”, resume o presidente da Codeplan, Jean Lima.

A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, reforça que os estudos divulgados são fundamentais para que se possa trabalhar pela redução da desigualdade de gênero no DF. “As mulheres gastam mais tempo com as atividades do lar, o que impacta o seu crescimento no mercado de trabalho, principalmente no momento atual, que estamos vivenciando uma pandemia”, pontua. “A desigualdade de gênero existe em nosso país como um problema estrutural, uma realidade muito dura”.

Confira e consulte, abaixo, os estudos da Codeplan.

*Com informações da Codeplan