30/05/2021 às 14:45

Projetando o futuro: iniciativa promove novas oportunidades de vida

Com apoio da Sedes, Instituto Mãos Solidárias promove oficinas terapêuticas e de formação profissional para 180 cidadãos em busca de reinserção social

Por Agência Brasília* | Edição: Saulo Moreno

É dia de yakissoba do Projetando o Futuro. Mas a carne, o macarrão, os legumes e as verduras não estão ali somente para satisfazer a fome de comida. Cada aluno alimenta o sonho de aprender um ofício e conseguir uma vaga no mercado de trabalho. São moradores do abrigo criado em 2020 pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), em parceria com o Instituto Mãos Solidárias no estádio Abadião, em Ceilândia. A iniciativa atualmente atende 180 homens que estavam em situação de rua e, agora, contam com moradia temporária, alimentação e suporte psicossocial.

No Alojamento Provisório de Ceilândia, toda sexta-feira há um concurso de poesia, sob orientação do rapper Marcus Vinícius Sales

“A nossa missão é tentar mudar a vida deles”, diz a educadora social Luana Dantas Pereira. Assistente social e chef de cozinha, é ela quem está à frente da oficina de culinária que já deu dicas de refeições francesas e agora explora a cultura asiática. Segundo Luana, é preciso saber identificar as potencialidades de cada um deles e entender as diferenças. Há quem nunca ouviu falar de yakissoba, há quem já teve amplas oportunidades. “Por aqui já passaram pessoas que tiveram empresas. Todos têm sua própria história de vida e precisamos tratá-los com muito respeito”, afirma.

Cada um ajuda como pode. Se alguns não têm jeito para cozinha, dão apoio nas tarefas mais básicas. O brasiliense Thiago Sousa Pereira, de 31 anos, é paciente psiquiátrico em acompanhamento pelo CAPS de Samambaia, e garante se destacar nos cuidados diários. “Eu gosto de ajudar em tudo. Encho todos os galões de água daqui, só eu!”, conta. Não saber cozinhar não o impede de acompanhar cada etapa da oficina de culinária. “É que a comida é muita gostosa!”.

Diversidade

O respeito à diversidade também faz parte do dia a dia. Há um mês no abrigo, Paulo Henrique Barreto, de 28 anos, diz ter encontrado um acolhimento muito diferente do que viu nas ruas. “É importante para mim por saber que não estou sozinho. Têm pessoas aqui com quem eu posso contar”, explica.

A orientação sexual é respeitada e expressada, por exemplo, nas oficinas artísticas. Toda sexta-feira há um concurso de poesia. Sob orientação do rapper Marcus Vinícius Sales, o Projetando o Futuro desenvolve a criação artística dos abrigados. “Quando eles veem que a ideia é boa, eles dão atenção. Hoje eles já estão pedindo por isso”, explica. Seja em um caderno, em um pedaço de papel ou mesmo de cabeça, cada um apresenta sua visão de mundo e aguarda as palmas dos colegas.

Há temas de amor, saudades da mãe e muitas reflexões sobre novas chances de vida. “O mar se torna quente se tem alguém que te entende”, rima o Thiago Vinícios Rodrigues. Os colegas se entusiasmam nas palmas e depois organizam a fila. É hora de mais uma refeição e a conversa agora é sobre conquistar uma oportunidade lá fora.

*Com informações da Secretaria Desenvolvimento Social