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10/07/2021 às 15:43, atualizado em 29/03/2023 às 16:42
Em média, de 100 a 200 peças de propaganda são colocadas de forma imprudente nas ruas de Águas Claras
Reciclar significa uma nova oportunidade de trabalho. Em Águas Claras, o grande volume de peças publicitárias (faixas) irregulares recolhidas diariamente pelas ruas da cidade ganha novo sentido em um viveiro do parque ecológico local. É que as estacas usadas para hastear os anúncios são reaproveitadas como tutores de plantas – funcionam como “guardiões” das mudas que um dia vão crescer e virar árvores.
“Quando essas madeiras chegam aqui, são preparadas para serem usadas como tutores das plantas, direcionando o crescimento das mudas para que elas não fiquem tortas”, explica o administrador do Parque Ecológico de Águas Claras, José Reis. “As estacas amarradas nas plantas, além de dar suporte, servem como sinalizadores, evitando que as pessoas pisem nas mudas quando elas ainda estão pequenas no período da roçagem.”
Uma média de 100 a 200 faixas é colocada de forma ilegal pelas ruas da cidade, sendo recolhidas todos os dias pelos servidores da Administração Regional de Águas Claras, em parceria com agentes da secretaria DF Legal. O material fica acumulado no pátio da administração e encaminhado não apenas para o Parque de Águas Claras, mas, de acordo com a demanda, também para os bosques do Areal, Samambaia e Recanto das Emas.
Até bem pouco tempo atrás, os tecidos utilizados na confecção dos anúncios eram retirados das estacas e doados para organizações não governamentais, que os reaproveitavam na fabricação de artesanato como bolsas e mochilas. “Mas isso era quando o lixão da Estrutural recebia material reciclável e orgânico”, conta o gerente de Obras da administração de Águas Claras, Norberto Duarte de Souza. “Agora, fazemos o descarte do pano junto com o material pesado, como restos de construção e poda de árvores. Toda a madeira vai para os parques”.
A parceria entre os parques e a Administração de Águas Claras existe desde 2019. Segundo José Reis, além do fator econômico, a iniciativa tem um viés sustentável. “Não temos verbas para aquisição dos suportes das mudas; foi uma forma encontrada de aproveitar o que ia ser jogado fora e ficar apodrecendo anos no lixão. Aqui a madeira tem utilidade simples, mas eficiente”, emenda.
Coordenadora de mais de 100 voluntários do viveiro do Parque Ecológico de Águas Claras, a maioria moradores da cidade, Rosa Coalho, 57 anos, dedica-se à causa com paixão – algo estampado no peito de uma camiseta que usa com frequência: “Eu amo, eu cuido”. É o que ela faz com cada uma das estacas recolhidas nas ruas cedidas pela administração, carinhosamente enlaçadas com milhares de espécies de buriti, araçá, pitaya, babosa, roseira, graviola, pequi-do-cerrado, copaíba, uvaia, jatobá, bacupari e tantas outras mudas do local.
“Aqui se aproveita tudo, nada é jogado fora. Das garrafas de vidro fazemos calçadas; as garrafas pet, usamos como pote para as mudas e as madeiras funcionam como esteio das plantas que estão em fase de crescimento”, conta ela. “Nossa missão é manter a cidade limpa, e essa parceria com os parques é uma ação eficiente para melhorar a situação da poluição visual na cidade”, reforça o administrador da cidade, André Queiroz.