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10/07/2021 às 11:32, atualizado em 10/07/2021 às 11:35
O excesso causa problemas que vão desde miopia até vários tipos de câncer. Especialista em nutrição da SES dá dicas sobre o assunto
“O ideal é que o consumo seja sem exagero e não diariamente, porque é um ingrediente que faz mal para a maioria das pessoas” Carolina Gama, gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúdedireita
Sucesso no início dos anos 1980, o especial Plunct, Plact, Zum, da Rede Globo, trazia, entre tantas outras atrações, o humorista Jô Soares. Flutuando nas galáxias de avental e chapéu de mestre-cuca brancos, peruca e óculos vermelhos e um sorvetão na mão, ele surgia cantando a música Doce Planeta, de Leo Jaime, uma ode ao rei das guloseimas, o açúcar: “O Sol é um quindim e brilha doce até o fim/Nuvens de algodão doce, pirulitos no jardim (…)/Oh não, não tenha medo, não há perigo aqui (…)”.
Acontece que essa tentação deliciosa diluída em infinitas iguarias, quitutes e preparos, diferentemente do que diz a divertida canção, pode ser uma vilã para a saúde. É o que atesta a gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúde (SES), Carolina Gama. “Se consumido em excesso e frequência grande, o açúcar causa sérios problemas para a saúde”, alerta. “O ideal é que o consumo seja sem exagero e não diariamente, porque é um ingrediente que faz mal para a maioria das pessoas”.
Mãe do pequeno Rafael, 6 anos, a advogada Ana Carolina Torelly, 43, passou por uma revolução alimentar quando o filho foi diagnosticado, aos 12 meses, com diabetes tipo 1. Embora seja uma doença crônica, sem nenhuma relação com o consumo de açúcar, ela teve que rever os hábitos da família.
“Uma vez que a pessoa recebe o diagnóstico, tem que ter uma alimentação mais restrita, sem açúcar e carboidratos em geral”, observa. “Por conta da doença do meu filho, me interessei pelo assunto e descobri que a alimentação da minha família não era tão livre de açúcar, nem tão saudável.”
A adaptação não foi fácil, claro. Ela e a família tiveram que optar por uma dieta com menos carboidrato e produtos industrializados, apostando em alimentos ricos em proteínas e com mais vegetais, frutas e legumes. Abraçaram a comida caseira feita com temperos naturais e mais saudáveis.
Ana Carolina ficou tão entusiasmada que, além de estar cursando nutrição, criou uma página no Instagram para abordar, entre outros temas, tópicos sobre alimentação saudável e diabetes. Com o diploma na mão, pretende investir mais na conscientização sobre o assunto. “A gente descobriu que o diagnóstico do Rafa trouxe mais saúde, mostrando que o consumo de produtos ricos em açúcar é prejudicial, e passamos por uma reeducação alimentar”, admite.
Atendimento à população
Para a gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúde, o consumo do açúcar esbarra na questão da adaptação do paladar. O recomendável, diz, é trabalhar essa relação desde a infância, aprendendo a moldar o gosto das crianças quanto ao produto, evitando o vício precoce.
“É um produto que não deve ser oferecido para menores de dois anos; e, mesmo depois, o uso deve ser moderado, senão pode interferir nos hábitos alimentares dela para sempre”, aconselha a nutricionista do GDF. “Isso é muito importante porque ajuda a minimizar o desenvolvimento de várias doenças na fase adulta.”
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Para as pessoas que ingerem açúcar com frequência, há duas opções: o caminho mais difícil, que é a ruptura brusca, ou a redução aos poucos do consumo do açúcar, optando por receitas alternativas. A dica são receitas feitas com frutas desidratadas ou maduras. O uso de adoçante não é recomendado.
“O adoçante não é essencial para o controle glicêmico”, adverte Carolina Gama. “Pode ser um recurso adotado por pessoas com problemas de diabetes, mas o ideal é que a gente realmente adapte o nosso paladar a sabores menos doces, privilegiando a realidade dos alimentos.”
O consumo excessivo e constante de alimentos açucarados está relacionado ao desenvolvimento de sobrepeso e obesidade a longo prazo, além de prejudicar o tratamento do diabetes. Segundo dados da Secretaria de Saúde, cerca de 3 mil pessoas diabéticas são atendidas por mês nas unidades de saúde do DF, o que corresponde a uma média de 200 pacientes mensais assistidos em cada um dos oito ambulatórios voltados ao tratamento dessa patologia.
A orientação é que o usuário busque primeiro atendimento sempre na Unidade Básica de Saúde da região onde vive. Lá, será atendido pela equipe de Saúde da Família, que vai traçar um plano terapêutico em cima do diagnóstico. “Tendo a necessidade de um atendimento na atenção secundária, que é o atendimento ambulatorial, a indicação será feita pela equipe de Saúde da Família ”, detalha Carolina Gama.
Uma novidade será a aprovação de uma política distrital de nutrição e alimentação, a ser lançada em agosto. “Já passou por consulta pública e já foi aprovada no colegiado gestor da Secretaria de Saúde; agora estamos aguardando a agenda do Conselho de Saúde para fazer nossa última aprovação”, informa Carolina Gama. “Não é uma política exatamente sobre o controle de açúcar, é algo muito mais amplo que fala sobre vários aspectos relacionados à alimentação e nutrição”.