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06/08/2021 às 17:42, atualizado em 07/08/2021 às 14:07
Considerada complexa, intervenção é indicada somente em casos extremos
O transplante de córnea é o procedimento cirúrgico que permite a substituição total ou parcial da parede anterior do olho diante de doenças que atingem o tecido ocular e levam à cegueira. Possui alta demanda no Distrito Federal porque, aqui, há uma estrutura pública organizada e alinhada com as normas do Ministério da Saúde, a Central Estadual de Transplantes. Ao contrário do que muita gente imagina, esta cirurgia é altamente complexa e indicada somente nos casos em que nenhum outro tratamento da córnea pode ajudar na recuperação da visão do paciente.
Para entrar na fila de espera por um transplante, os pacientes precisam se consultar com os médicos especialistas em córnea e na modalidade cirúrgica, que são inscritos como transplantadores e pertencem a um centro inscrito na Central Estadual de Transplantes (CET). O paciente aguarda numa fila, que é única por estado, com média de tempo de espera de 11 meses a 1 ano no DF, isso por conta da pandemia.
Para que os transplantes ocorram e os pacientes fiquem menos tempo aguardando numa fila, o Banco de Olhos do DF trabalha 24 horas. É necessário convencer famílias que perdem entes queridos a fazer doações num prazo de 6 a 12 horas após o óbito. Esse é o tempo estipulado em lei para o procedimento, que pode fazer até duas pessoas voltarem a enxergar.
Riscos
“A visão costuma ficar muito melhor do que antes, mas o grau que o olho vai ter é imprevisível. Então, o resultado final mesmo só teremos depois de um ano”Micheline Cresta, oftalmologista responsável pelo Banco de Olhos do DFdireita
Há riscos em relação ao transplante no transoperatório, no pós-operatório imediato e no pós-operatório tardio. Geralmente, no transplante de córnea penetrante o paciente leva 16 pontos na cirurgia. O acompanhamento no primeiro ano é essencial para que o médico avalie como o olho reagiu ao transplante.
“Leva pelo menos um ano até a gente ter o resultado do transplante penetrante. A visão costuma ficar muito melhor do que antes, mas o grau que o olho vai ter é imprevisível. Então, o resultado final mesmo só teremos depois desse período”, afirma.
Micheline destaca que os pacientes podem desenvolver uma rejeição à cirurgia até o final da vida, além da falência do transplante. Essa alteração, que pode ser primária, ocorre quando a qualidade do tecido, por algum motivo, não foi adequada para a necessidade do paciente.
“Neste caso, a gente precisa refazer o transplante nos primeiros três meses. E tem a falência do transplante secundária, o que acontece com todos os transplantados um dia, porque o transplante de córnea não é eterno. O tecido transplantado tem uma duração média de 20 anos”, explica.
Um transplante pode ser feito com anestesia geral ou com bloqueio anestésico, mais sedação. Existem os casos eletivos e os de urgência, necessários quando ocorrem alterações, como perfuração ocular, e lesões infecciosas graves, como a úlcera de córnea.
O acompanhamento é feito no dia seguinte; depois, mensalmente, até completar um ano. Essa é a forma de detectar as alterações ou possíveis perdas de tecido, além de contornar e prevenir complicações. Só ao fim de um ano será possível identificar a visão final e a necessidade de utilizar óculos.
Hoje, no DF são realizados transplantes de córnea pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital de Base (HBDF), Hospital Universitário de Brasília (HUB) e Instituto de Cardiologia (ICDF).
*Com informações da Secretaria de Saúde-DF