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02/09/2021 às 09:33, atualizado em 02/09/2021 às 17:32
A apresentação dos painéis foi mediada pela secretária executiva de acompanhamento econômico, Patrícia Café
Os efeitos da crise econômica nos pequenos negócios e os caminhos a serem seguidos nos próximos anos, a partir dos atuais dados macroeconômicos, foram temas dos painéis do Programa Tempo de Economia desta quarta-feira (1º). A professora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Juliana Inhasz, o analista do Sebrae Nacional, Giovanni Beviláqua, e o gerente da assessoria de gestão estratégica e políticas pública do Sebrae local, Jorge Adriano Soares, refletiram sobre os impactos da pandemia na economia e nos pequenos negócios.
Juliana Inhasz apresentou os dados do Produto Interno Bruto (PIB) no período pré-pandemia até este ano, mostrando como o ano de 2020 foi impactado e como as crises econômicas são capazes de gerar turbulências. Ela ponderou que a situação brasileira piorou em 2020, mas que isso já vinha de uma situação prévia de baixo crescimento.
“O que a gente enxerga na evolução do Brasil é que nos últimos anos a gente já não estava bem. Não é a pandemia só que vira o nosso cenário, mas a gente já trazia alguns problemas, já tinha uma situação econômica que era um tanto delicada”, afirmou ao demonstrar o crescimento de -0,1% no segundo trimestre de 2021, frente ao primeiro trimestre deste ano.
A economista fez uma análise do PIB sobre a ótica da oferta, refletindo sobre os impactos econômicos no setor de serviços, a possibilidade de uma crise hídrica e a atual taxa de desemprego de 14,1%, correspondente a quase 15 milhões de desempregados. Segundo ela, o elevado desemprego é um pouco de herança dos últimos anos.
Juliana Inhasz lembrou que a pandemia ainda persiste e tem contribuído com a manutenção do cenário de crise, refletindo no avanço da inflação, na desvalorização do real frente ao dólar e no aumento da desigualdade, sobretudo no setor da educação.
Nas perspectivas do futuro, a partir do próximo ano, ela reforçou a necessidade de realização de reformas estruturais e a condução econômica priorizada num ano de eleições. “A gente precisa cada vez mais do empenho das esferas e da sociedade pra que a gente consiga passar, pensar e realizar reformas estruturais que vão fazer com que a gente retome os índices de confiança”, disse.
O analista do Sebrae Nacional, Giovanni Beviláqua, ressaltou a importância do debate para melhoria das políticas públicas. “Parabenizo a Secretaria de Economia do DF pela iniciativa desses painéis do Tempo de Economia. Acho que é muito importante a gente ter um pouco de noção, não se trata de alimentar pessimismo, mas sim de alimentar cada vez mais os conhecimentos que nós temos para podermos então alocarmos os nossos recursos, sejam materiais, sejam de conhecimento, em prol do desenvolvimento da nossa economia, da nossa sociedade”, comentou.
O analista mostrou dados dos pequenos negócios no Brasil, afirmando que de 90% a 99% das empresas brasileiras são classificadas como pequenos negócios e possuem faturamento de até R$ 4,8 milhões por ano. Elas são responsáveis por praticamente um terço do Produto Interno Brasileiro, 29,5%, representam 38% das exportações e empregam 55% do total de empregos com carteira assinada.
Beviláqua mostrou como esses negócios foram impactados pela pandemia e como foram forçados a mudar sua forma de funcionamento, uma vez que sofreram muito durante o período de fechamento, entre abril e maio de 2020. “Os segmentos com consumo presencial foram os mais afetados”.
Segundo ele, a pandemia revelou os problemas do acesso ao crédito por parte dos pequenos negócios. “O crédito é fundamental para o desenvolvimento dos pequenos negócios, na verdade o crédito é fundamental para o desenvolvimento das economias”, destacou. Contudo, ele enfatizou a importância do auxílio aos pequenos empreendedores. ” O crédito alinhado com mais capacitação, orientação e assistência, ele é melhor, ele tem uma chance de auxiliar o desenvolvimento dos negócios de forma muito mais efetiva.”
No último painel do programa, Jorge Adriano Soares, gerente da assessoria de gestão estratégica e políticas públicas do Sebrae DF, apresentou dados dos pequenos negócios na economia local, ressaltando a vocação de empreendedorismo da Capital. “Quando a gente fala de empreendedorismo, Brasília é a cara disso. Empreendedorismo está no nosso DNA desde a concepção da cidade”.
De acordo com os dados apresentados, no DF, 49% do total de empregados estão nos pequenos negócios. Já com relação às pessoas ocupadas, 74% estão ligadas a alguma atividade empreendedora. “Todos os ocupados estão diretamente ligados a uma atividade empreendedora, seja como empregado de um pequeno negócio ou como um pequeno empreendedor”, afirmou.
Com relação ao PIB local, 45% são compostos pela administração pública e 50,3% vêm da atividade de comércio e de serviços, sob a ótica da renda (dados da Codeplan de 2018, publicados em novembro de 2020). A apresentação dos painéis foi mediada pela secretária executiva de acompanhamento econômico, Patrícia Café .
* Com informações da Secretaria de Economia